É preciso 12 vezes mais projetos solares e baterias para cumprir com o Acordo de Paris

  • Capital Verde
  • 23 Dezembro 2023

As contas são do CTO da Huawei que, durante uma conferência promovida em parceria com o ECO, apontou que as redes terão que ser reforçadas até 2030 também com a ajuda do armazenamento.

Para cumprir com os objetivos do Acordo de Paris até 2050, o consumo global de energia terá que ser eletrificado. Segundo as contas apresentadas por Bouke van der Weerdt, CTO e Head of Digital Energy da Huawei, essa eletrificação terá que representar 51% do consumo total da energia até meados do século, sendo que, desse total, mais de 90% terá que ter origem em fontes renováveis.

“Atualmente, 21% do nosso consumo energético é proveniente da eletricidade, com o petróleo e o gás a representarem as maiores parcelas. Para cumprir com o Acordo de Paris teremos que mudar isso e eletrificar a nossa indústria e mobilidade”, alertou o responsável naquela que foi a sua intervenção enquanto keynote speaker na conferência Catch the Sun promovida pela Huawei em parceria com o ECO.

Segundo o responsável holandês, a eletrificação terá que ser potenciada pela aposta nas renováveis, designadamente “em projetos solares e eólicos, e em parte pela biomassa — embora essa já não seja tão socialmente aceitável”, admite em declarações ao Capital Verde.

De acordo com as contas de van der Weerdt, terão que ser instalados 10 vezes mais parques eólicos face aos valores de 2018, a nível global, e cerca de 12 vezes mais parques fotovoltaicos para poder cumprir com as exigências do Acordo de Paris. O compromisso assinado em 2015 exige a mais de 190 países que limitem o aquecimento médio global a 1,5 graus Celsius, comparativamente à era pré-industrial. Em 2050, a descarbonização das economias terá que ser também uma realidade.

A neutralidade carbónica é o novo consenso. Estamos todos cientes de que esse é o caminho a seguir, especialmente na União Europeia, onde almejamos garantir independência e soberania energética. É importante que consigamos gerar e controlar a energia no bloco europeu por nós mesmos”, defendeu o keynote speaker.

Conferência Catch the Sun - 15DEZ23
Bouke van der Weerdt, CTO e Head of Digital Energy da Huawei e keynote speaker na conferência Catch the Sun promovida pela Huawai e ECOHugo Amaral/ECO

 

“Estes valores vão colocar uma pressão enorme sobre as redes”, acrescentou van der Weerdt, alertando que, para dar resposta a uma maior capacidade de transporte de energia e carregamento de carros elétricos, cuja procura continua a subir “de forma sustentada”, o apoio proveniente do investimento nas baterias em grande escala será essencial.

“A integração das baterias na rede elétrica vai garantir maior estabilidade e segurança”, prevê o CTO da Huawei, garantindo que a gigante chinesa tem reforçado a sua aposta neste setor ao atuar enquanto fornecedor de componentes na área de conversão, geração, armazenamento e distribuição de energia.

Para já, segundo van der Weerdt, o armazenamento à base de lítio demonstra ser a solução “mais tecnologicamente avançada e segura” e com uma vida útil que varia entre os 12 e os 15 anos, “dependendo da escala e da sua utilização”, explica. “Mas será necessário investir noutras tecnologias” para dar resposta à necessidade de transportar mais eletricidade, até meados do século.

Além das baterias, existe um papel também a desempenhar pelo hidrogénio, sobretudo nas alturas e nos países onde as horas de sol são mais reduzidas, nomeadamente, no inverno e nos países a Norte da Europa. “Nesses períodos, precisamos de muita eletricidade. A energia solar ou a eólica não vão ser suficientes para iluminar e aquecer as casas”, detalhou, argumentando que para dar resposta a essa carência será necessário desenvolver armazenamentos subterrâneos sazonais para o hidrogénio.

À semelhança das baterias, explica van der Weerdt, também este tipo de suporte permite aumentar a flexibilidade e a estabilidade da rede elétrica, sem que sejam desenvolvidos novas infraestruturas de transporte uma vez que já existem para o gás natural.

Assista aqui à conferência Catch the Sun na íntegra:

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

É preciso 12 vezes mais projetos solares e baterias para cumprir com o Acordo de Paris

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião