Novo Banco: João Salgueiro diz que regras da venda “não foram cumpridas”
João Salgueiro defendeu que deveria ter sido aberta uma ronda de negociação "concorrencial" em vez de uma "imposição" na venda do Banco.
As regras do concurso para a venda do Novo Banco não foram cumpridas. A denúncia é feita por João salgueiro, economista e antigo ministro das Finanças, que em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, considerou que deveria ter sido aberta uma ronda de negociação “concorrencial” em vez de uma “imposição” na venda do banco.
O economista que, segundo adiantou, recebeu as regras do concurso na sua caixa do correio, através de duas fontes anónimas, salienta que as regras foram alteradas a meio do percurso não permitindo que outros interessados viessem a concurso. Para João Salgueiro, deveria ter sido aberta “uma nova rodada” do concurso, porque “as regras diziam coisas que não foram cumpridas”, e não percebe porque é que o Governo ainda não explicou o que se passa, nem porque é que a União Europeia aceita o negócio de venda à Lone Star.
O antigo ministro das Finanças, considera que não é possível um concurso ter “um dia marcado com um só concorrente”, sublinhando que as regras do concurso – a que teve acesso – impunham uma negociação “concorrencial”, considerando, por isso, que deixou de haver “negociação” para haver uma “imposição”, o que “reduz o valor das coisas”.
João Salgueiro referiu ainda que este negócio provocou um “mal estar grande na banca” porque estão “a financiar um concorrente que ainda tem um bónus para estar em Portugal”.
A recapitalização da CGD foi outro dos temas alvo de críticas por parte do economista. Este critica a ingerência da União Europeia no futuro da CGD, admitindo no entanto que “tem confiança no governo português e na administração da CGD para resolverem os problemas da CGD”. Para João salgueiro, o maior foco de preocução é a “interferência de fora” para beneficiar outros concorrentes, considerando que a banca portuguesa está a ficar prejudicada no contexto europeu.
A União Europeia “gostava de acabar com todos os bancos portugueses“, disse. “Está a criar bancos grandes intencionalmente quando foi isso que levou à crise de 2008”, criticou.
Desempenho do PIB não resolve o problema
Do ponto de vista do desempenho económico do país, o antigo ministro das Finanças desvaloriza o crescimento de 2,8% do PIB regitado no ultimo trimestre. João Salgueiro não considera que se trate de um bom desempenho. “Não resolve o problema, não se fez nada para isso. Aconteceu”, afirma.
O economista considera que o crescimento registado esteve diretamente ligado às mudanças no Médio Oriente e no Mediterrâneo que fizeram o turismo crescer, e defende que é preciso investimento produtivo e investimento estrangeiro. E neste último aspeto lembra que o governo tem contra si a coligação que o apoia. Admite mesmo que “o governo é heroico” porque está a tomar medidas nessa matéria mesmo sabendo que não tem o apoio incondicional.
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