God Save Lucília Gago

Seria expectável que a PGR, pela gravidade das consequências políticas da Operação Influencer, saísse do seu gabinete, se dirigisse ao povo, acenando e e confirmando o que se soube pelos jornais.

No dia em o Partido Socialista (PS) se preparava – com o seu novo líder, Pedro Nuno Santos – para a abertura do seu 24º Congresso, o país acordava com a notícia de que o ainda primeiro-ministro, António Costa, seria suspeito do crime de prevaricação, no âmbito da Operação Influencer. Coincidência ou não, certo é que o jornal Observador, citando fonte em off do Ministério Público, anunciava que a investigação que resultou na demissão do ex-secretário geral do partido e marcação de eleições antecipadas para 10 de março, incidia na alegada prevaricação.

O ex-ministro João Galamba e João Tiago Silveira (coordenador do Simplex do licenciamento, que está na origem da nova lei, e sócio do escritório Morais Leitão) alegadamente negociaram os pormenores da nova lei com Rui Oliveira Neves (administrador da Start Campus e colega de João Tiago Silveira na Morais Leitão) para que a construção do data center da empresa fosse beneficiada pela nova lei, ficando dispensada de um processo de licenciamento urbanístico. Tudo isto escrevia o Observador.

Ora, seria expectável que a senhora Procuradora-Geral da República, atendendo à gravidade das consequências políticas da Operação Influencer, saísse do seu gabinete, se dirigisse ao povo, acenando e confirmando aquilo que os portugueses, como sempre, souberam pela comunicação social. Mas não.

Lucília Gago achou por bem continuar na sua redoma de superioridade e remeteu para um comunicado, divulgado há semanas e que nem uma referência fazia a António Costa, e disse, ipsis verbis que nada mais havia a dizer, para já, sobre esta investigação.

Assim sendo, ficamos a saber, segundo o Ministério Público do Observador, que o ainda primeiro-ministro é suspeito da alegada prática do crime de prevaricação devido à aprovação do novo Regime Jurídico de Urbanização e Edificação no Conselho de Ministros do dia 19 de outubro de 2023. Se sim, se não, se as razões são estas, a titular da investigação nada disse. E os portugueses terão de acreditar – ou não – nas informações que se sabem pela porta do cavalo, escolhidas cirurgicamente em termos de timing. God save Lucília Gago.

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