Borrell acusa Israel de financiar o Hamas
O chefe da diplomacia europeia garantiu que o momento atual é caracterizado pela descoberta na Europa "da dureza de um mundo duro, conflituoso e perigoso".
O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança avisou esta sexta-feira que o mundo vive o maior risco geoestratégico desde a Guerra Fria, evocando a situação política anterior à II Guerra Mundial. Josep Borrell falava na cerimónia solene de investidura como doutor honoris causa da Universidade de Valladolid, instituição que destacou a sua “notável projeção como docente”, bem como a sua investigação de “dimensão geoestratégica em Espanha e na UE”.
Precisamente relativamente a este panorama internacional, Borrell garantiu que o momento atual é caracterizado pela descoberta na Europa “da dureza de um mundo duro, conflituoso e perigoso” para o qual não estava preparada porque, em essência, “a UE está baseada “em rejeitar a violência, a negar”. Esta é uma violência para a qual a Europa “não estava preparada” e que “vai marcar o futuro mais imediato”, como a “guerra de agressão contra a Ucrânia e a guerra entre Israel e a Palestina com a tragédia de Gaza”.
“A Europa é um herbívoro num mundo de carnívoros”, afirmou Borrell, que alertou para o impacto geoestratégico da passagem de conflitos interestatais para conflitos “assimétricos”, entre potências e Estados e organizações terroristas. E relativamente ao futuro da União Europeia, comparou os dois modelos existentes: um formado por Estados-membros que veem a União como um “clube” em que o único interesse é “saber quanto se contribui e quanto se recebe” ” e outra pelos países que acreditam num “destino federal e partilhado”, pelo qual “sempre lutou”.
Durante o seu discurso, o alto representante da União Europeia passou em revista os dois principais conflitos que marcarão, como sublinhou, o futuro mais imediato da Europa, como a guerra entre a Ucrânia e a Rússia e a entre Israel e a Palestina.
Sobre o conflito que afeta o solo europeu, Borrell resumiu-o como uma guerra entre uma “potência soberana contra uma potência imperial”, de um país (Rússia) que é “incapaz de se desligar da sua visão colonial e da sua identidade como império, que também elegeram os czares, os soviéticos e agora Putin.” “Enquanto a Rússia continuar a escolher este caminho imperialista, continuará a ser um regime autoritário, nacionalista, violento e uma ameaça para os seus vizinhos e para a Europa”, alertou.
Por outro lado, no que diz respeito ao conflito entre Israel e a Palestina, Borrell tem defendido “impor do exterior” a criação de um Estado Palestiniano apesar da atual recusa de Israel e pôr assim fim ao conflito porque, caso contrário, a “espiral de ódio irá continuar geração após geração”.
“O Hamas tem sido financiado por Israel há anos para tentar tirar o poder da autoridade palestina da Fatah”, disse Borrell, exigindo “urgentemente” uma pausa humanitária para que situação seja “estabilizada” na Faixa de Gaza, os reféns israelitas sejam “libertados” e Israel “retire-se de Gaza” quando isso acontecer.
A batalha comercial entre os Estados Unidos e a China, os conflitos locais como o entre a China e Taiwan ou quem será o futuro Presidente dos Estados Unidos são outros temas que Borrell abordou durante o seu discurso. Na sua conclusão, alertou que “a supremacia do Ocidente está a chegar ao fim” num mundo onde a história “já não se mede em anos, mas em semanas e meses”, acrescentou.
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