Ministros de Costa são pontas de lança de Pedro Nuno Santos para o desafio de 10 de março. Veja a equipa

Seis governantes do último mandato do costismo encabeçam listas de deputados para as legislativas como Vieira da Silva, Mendes Godinho ou Marina Gonçalves. Medina vai em terceiro lugar por Lisboa.

O PS já tem a equipa de jogadores fechada para as eleições legislativas de 10 de março. Para pontas de lança, o novo líder socialista, Pedro Nuno Santos, que se mantém como número um por Aveiro, escolheu seis ministros de António Costa, segundo as listas aprovadas esta terça-feira à noite pela comissão política nacional do PS. Há ainda cabeças de lista da ala de José Luís Carneiro, mais moderada. Mas esta desejada união entre diferentes fações não convenceu todas as distritais.

Meia dúzia de governantes saem diretamente do último mandato do costismo, interrompido intempestivamente com a demissão do chefe do Executivo por causa da Operação Influencer, para cabeças de lista de deputados à Assembleia da República. É o caso da ainda ministra da Presidência e número dois de António Costa, Mariana Vieira da Silva, que lidera os candidatos por Lisboa.

Secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos COELHO/LUSA JOSÉ COELHO/LUSA

 

Pelo círculo da capital, vão ainda, em posições elegíveis, o ainda ministro das Finanças, Fernando Medina, em terceiro lugar e, em quarto, a ex-ministra da Saúde, Marta Temido, putativa candidata do PS a presidente da Câmara de Lisboa, nas autárquicas de 2025.

A ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, lidera a lista pela Guarda, repetindo assim a primeira posição que já tinha ocupado nas eleições legislativas de 2022.

Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, que tinha concorrido por Castelo Branco, segue agora como número um por Coimbra. Antes de ser governante nos dois últimos executivos liderados por António Costa, Abrunhosa foi presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro entre 2014 e 2019 e é professora na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

Em lugares elegíveis pelo distrito do Académica, estão o ex-presidente da federação, Pedro Coimbra, em segundo, os deputados Ricardo Lino e Raquel Ferreira, em terceiro e quarto lugares, respetivamente.

A ministra da Habitação, Marina Gonçalves, muito próxima de Pedro Nuno, encabeça a lista de Viana do Castelo, cujo número um, em 2022, foi o ex-ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues.

A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, é número um pelo distrito de Setúbal, repetindo assim a posição das últimas legislativas. O seu irmão e atual secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, que é líder da federação distrital, vai em terceiro lugar.

Por fim, José Luís Carneiro, ainda ministro da Administração Interna e adversário de Pedro Nuno nas eleições diretas, vai mesmo ser o cabeça de lista por Braga, depois da contestação interna, na distrital. O facto de apoiantes do então candidato a líder do PS, como Luís Soares e Palmira Maciel, terem sido afastados das listas de deputados levou os carneiristas a pedir a José Luís para desistir de ser o número um.

Mas, depois de uma negociação intensa, Carneiro decidiu entrar na equipa de avançados de Pedro Nuno Santos. “José Luís Carneiro foi convidado para cabeça de lista por Braga. Não decidiu antes de saber como estavam a ser incluídos vários nomes com qualidade política em várias regiões do país. Quis também garantir que o esforço conjunto para a elaboração do programa se mantém intacto. Depois de vários esforços desenvolvidos de parte a parte, há condições para aceitar o convite para encabeçar a lista por Braga“, revelou ao ECO fonte próxima do ainda governante.

Lídia Leão

 

Contra a tradição, Pedro Nuno mantém-se como cabeça de lista por Aveiro

Contra a tradição de que o candidato a primeiro-ministro vai por Lisboa, Pedro Nuno Santos decidiu manter-se como número um por Aveiro, o distrito de onde é natural, uma vez que as suas raízes estão em S. João da Madeira. Desta forma, tentou rebater a jogada de Luís Montenegro, natural de Espinho, do mesmo distrito de Aveiro, e que decidiu preterir aquele círculo, pelo qual sempre se candidatou, pelo da capital.

“Eu nunca abandonaria o meu distrito”, afirmou Pedro Nuno Santos, na semana passada, criticando o líder do PSD por ter trocado Aveiro por Lisboa.

Alexandra Leitão, ministra da Administração Pública no segundo Governo de António Costa (2019-2022), ainda suportado pela geringonça, e coordenadora do programa eleitoral do PS, será novamente cabeça de lista por Santarém.

No Porto, o primeiro lugar vai para Francisco Assis, presidente do Conselho Económico e Social e apoiante de Pedro Nuno Santos nas eleições internas, ainda que represente a ala mais à direita do PS. O atual diretor de campanha de Pedro Nuno e ex-secretário-geral adjunto, João Torres, segue em número dois. E Tiago Barbosa Ribeiro, deputado próximo do atual líder, e que estava em oitavo lugar, em 2022, vai subir algumas posições. Recorde-se que, no último embate eleitoral, Alexandre Quintanilha encabeçou a lista pelo distrito do Porto.

Tentativa de união entre pedro nunistas e carneiristas

O líder parlamentar socialista, Eurico Brilhante Dias, que apoiou José Luís Carneiro nas diretas do partido, vai ser cabeça de lista do PS em Leiria. O ex-secretário de Estado para a Internacionalização já tinha sido candidato pelo mesmo círculo eleitoral nas legislativas de 2022, mas em número dois. Em primeiro, foi, na altura, o ex-secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.

Augusto Santos Silva, também carneirista, já tinha sinalizado que queria continuar como Presidente da Assembleia da República – e para isso tem de, primeiro, ser eleito, deputado. Por isso, vai voltar a encabeçar a lista no círculo Fora da Europa. Paulo Pisco, presidente da subcomissão das Diásporas da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, mantém-se como número um pelo círculo da Europa.

Jamila Madeira, antiga secretária de Estado da Saúde e próxima da candidatura de Carneiro nas eleições internas do partido, voltará a encabeçar a lista por Faro.

Mudanças no Alentejo e nas ilhas

Por Portalegre, mantém-se na primeira posição o atual deputado Ricardo Pinheiro. Mas há duas renovações no Alentejo. Em Évora, Luís Dias, presidente da Câmara de Vendas Novas, passa a número um, substituindo o antigo ministro da Agricultura e eurodeputado, Luís Capoulas Santos, que liderou aquele círculo eleitoral nas legislativas de 2019 e de 2022. No final do ano passado, o deputado já tinha anunciado, no Parlamento, que se iria afastar da vida política: “Decidi não voltar a candidatar-me a deputado”.

Por Beja, também há uma troca. Pedro do Carmo, que presidiu à comissão organizadora do congresso do PS, desce de primeiro para segundo lugar da lista. E sobe, da segunda para a primeira posição, o líder da federação do PS do Baixo Alentejo, Nelson Brito, que foi presidente da Câmara de Aljustrel.

Nos Açores, mantém-se Francisco César como cabeça de lista, tal como nas legislativas anteriores. O deputado é filho do presidente do partido, Carlos César. Já na Madeira, há uma mudança. Paulo Cafôfo, eleito líder do PS Madeira, em dezembro do ano passado, com a maior votação de sempre, e ainda secretário de Estado das Comunidades, passa a número um, substituindo Carlos Pereira, vice-presidente do grupo parlamentar, que tem liderado este círculo eleitoral nas últimas três legislaturas.

Castelo Branco, que perdeu Ana Abrunhosa para Coimbra, vai ter o atual secretário de Estado do Turismo, Nuno Fazenda, como cabeça de lista. Nas legislativas de 2022, o ex-diretor dos programas comunitários do Turismo de Portugal foi em terceiro lugar.

Mal-estar em Vila Real, Braga, Bragança e Viseu

Mas, em algumas distritais, a escolha do ponta de lança não foi consensual entre as estruturas do partido e o líder do PS, que, de acordo com os estatutos, tem a prerrogativa de indicar os cabeças de lista e uma quota de até 30% para selecionar os lugares elegíveis.

Para liderar o círculo de Vila Real, Pedro Nuno Santos foi buscar o médico lisboeta Álvaro Beleza, que é presidente da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES). A decisão caiu mal junto do presidente da concelhia de Vila Real, José Silva, que considerou, “inaceitável” a imposição de um candidato de fora do distrito para encabeçar a lista.

Álvaro Beleza, que apoiou Pedro Nuno nas diretas, cedeu à pressão e acabou por desistir de ser cabeça de lista por Vila Real. “Se há pessoa que compreende isso sou eu, que, há 30 anos, luto pelos círculos uninominais e pela regionalização”, afirmando que estaria disponível “em Coimbra”, onde é “militante, em Leiria, em Lisboa”, onde vive, “em qualquer ponto do país.”

Ainda assim, sublinhou que tinha ligações ao distrito de Vila Real através do seu avô e bisavô, que era de Chaves.

Assim, passou a número um a deputada socialista Fátima Pinto, que é natural de Chaves. Na terceira posição, pelo mesmo círculo, lugar que os socialistas consideram elegível, entra o atual deputado Agostinho Santa.

Também houve uma contenda em Braga, como referido. Por terem sido afastados das listas pelas concelhias Luís Santos e Palmira Maciel, os apoiantes de Carneiro não queriam que o ex-adversário de Pedro Nuno e ainda ministro da Administração Interna liderasse a lista por aquele círculo. Mas José Luís Carneiro concluiu ter condições para aceitar o convite do líder do PS, depois de “vários esforços de parte a parte”.

Por Bragança, o deputado e ex-secretário de Estado da Ciência, João Sobrinho Teixeira, foi indicado pela federação distrital por unanimidade para cabeça de lista, mas o secretário-geral do PS optou por Isabel Ferreira, secretária de Estado do Desenvolvimento Regional.

A presidente da federação, Berta Nunes, afirmou ao ECO que reconhece “o grande trabalho de Isabel Ferreira”. Porém, ressalva que “houve uma grande unanimidade na comissão política distrital sobre Sobrinho Simões”, sublinhando que a quota de 30% reservada ao líder do partido em distritos com tão poucos eleitos – três, no total – “acaba por tirar representativa das gentes locais”.

Certa é a saída de Berta Nunes, que, nas legislativas anteriores, foi em segundo lugar. A deputada e ex-secretária das Comunidades Portuguesas revelou que, “por motivos pessoais prefere afastar-se”. “É preciso dar lugar a outros”, defendeu.

Em Viseu, Elza Pais, presidente das Mulheres Socialistas, vai liderar a lista de deputados à Assembleia da República, uma escolha de Pedro Nuno Santos que não agradou às estruturas locais, sabe o ECO.

(Notícia corrigida com a retirada de Daniel Adrião da lista por Coimbra, nome que acabou por ser vetado pelo secretariado nacional)

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