Pedro Nuno Santos diz que “primeira prioridade é desenvolver a economia”
Pedro Nuno Santos assume o desenvolvimento e modernização da economia portuguesa como "primeira prioridade". Atira que Estado "tem de fazer escolhas", porque não tem recursos ilimitados.
A menos de dois meses das eleições legislativas, Pedro Nuno Santos assume como prioridade número um a modernização e desenvolvimento da economia portuguesa, uma vez que entende que só assim será possível aos portugueses “terem uma vida melhor” com salários mais altos. Esta posição foi expressa pelo secretário-geral do PS num almoço promovido esta quarta-feira pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP).
“Para nós, a primeira prioridade é a economia. É conseguirmos modernizar, desenvolver e sofisticar a nossa economia“, sublinhou Pedro Nuno Santos, numa sala do Hotel Altis, em Lisboa, repleta de empresários. A ambição deste socialista, disse o próprio, é pôr Portugal a crescer acima da média europeia.
Na visão do ex-ministro, “a ambição que o nosso povo tem de viver melhor e com melhores salários” só pode ser concretizada por essa via, isto é, com uma economia “mais forte e diversificada”. Pedro Nuno Santos deixou, por isso, um aviso: “Se não formos capazes de vencer este desafio, nunca conseguiremos pagar bons salários“.
O líder dos socialistas aproveitou para atirar que até “podemos andar atrás de uma reforma fiscal” para aumentar os rendimentos líquidos dos portugueses, mas isso “nunca será suficiente“. Importa notar que durante os anos do Governo de António Costa, o alívio fiscal com vista a libertar mais rendimento para as famílias foi assumido como uma bandeira. Por exemplo, o Orçamento do Estado para 2024 traz uma redução do IRS a aplicar aos salários e pensões. Já nesta pré-campanha eleitoral, também o PSD já prometeu baixar os impostos.
O político fez, no entanto, questão de deixar o alerta de que o Estado tem recursos limitados e, portanto, é preciso fazer escolhas e concentrar recursos, de modo a que tenham poder transformador.
“Tem havido dinheiro para todos. O Estado português tem de ter a capacidade de fazer escolhas. A nossa política de incentivos nunca é suficientemente transformadora, porque quer preencher todas as gavetas para que não haja ninguém a queixar-se“, assinalou o socialista.
Ainda sobre as decisões que o país precisa, o secretário-geral sublinhou que tem tido “várias vezes que mais vale feito do que perfeito” e defendeu que pior do que decidir e ter oposição é mesmo não fazer qualquer escolha “e ficar na cepa torta”.
Na sua intervenção no almoço promovido pela CCP, Pedro Nuno Santos teve ainda tempo para apelar à maior participação das confederações no desenho da oferta formativa para os trabalhadores, de reconhecer que o abandono do interior do país tem sido um desperdício e de salientar que uma indústria forte depende de um setor de comércio e serviços robusto e vice-versa.
Patrões do comércio apelam a estabilidade na lei do trabalho
No encontro desta quarta-feira, Pedro Nuno Santos teve também oportunidade de ouvir as preocupações e prioridades dos empresários. João Vieira Lopes, presidente da CCP, identificou os pontos-chaves, entre os quais estão a necessidade de o próximo Governo respeitar a estabilidade da lei do trabalho.
“Não podemos ter um quadro de rigidez como o que temos atualmente, mas temos de ter muito estabilidade para decidir investimentos. Os empresários precisam de ter previsibilidade“, apelou.
Em maio, dezenas de alterações à lei do trabalho entraram em vigor. Isto pouco mais de um ano de ter chegado ao terreno uma lei relativa ao teletrabalho, que colocaram uma série de novas regras na relação das empresas com os trabalhadores. Além disso, ainda em 2019 o Código do Trabalho tinha sido revisto.
Por outro lado, o responsável da CCP realçou que é preciso fomentar o investimento público e privado – e Portugal “não tem incentivos suficientes”, afirmou –, capitalizar as empresas, qualificar a mão de obra e as lideranças, apoiar os ganhos de escala do tecido empresarial português e fazer reformas concretas, nomeadamente na justiça económica.
“Portugal é um país que tem tido falhas grandes em termos de produtividade e competitividade, que nos levaram a um crescimento anémico no século XXI e a termos um padrão salarial baixo comparado com os países europeus“, diagnosticou o líder da CCP, que rematou dizendo que é preciso uma “abordagem de toda a economia diferente”.
A CCP vai dinamizar em breve um almoço com o líder do PSD, Luís Montenegro.
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