Consumo privado e turismo ajudaram a impulsionar o PIB no final de 2023
Economia acelerou mais do que o esperado no quarto trimestre de 2023, com a dinâmica do consumo privado. Resultados do turismo também ajudaram a amparar abrandamento das exportações.
A economia portuguesa acelerou no último trimestre de 2023, com o impulso do consumo privado, que acabou por amparar a redução nas exportações, penalizadas pelo abrandamento nos principais parceiros de Portugal. O bom desempenho do turismo também ajudou a compensar a desaceleração do comércio internacional. Este comportamento no final do ano permitiu alavancar o crescimento para o total de 2023, que ficou ligeiramente acima do estimado pelo Governo demissionário.
No quarto trimestre de 2023, o PIB cresceu, em cadeia, 0,8%, depois de uma contração de 0,2% no trimestre anterior. Para o desempenho trimestral, a maioria dos economistas já previa que Portugal ia evitar uma recessão técnica, mas os números acabaram por ser ainda mais positivos que o esperado na variação em cadeia. Segundo explica o INE, “o contributo da procura interna para a variação em cadeia do PIB aumentou no quarto trimestre, refletindo o comportamento do consumo privado, enquanto o contributo da procura externa líquida foi menos negativo”.
Desta forma, os portugueses consumiram mais e contribuíram para a atividade económica. Como indica Pedro Braz Teixeira ao ECO, como se começou a falar nas “descidas das taxas de juro, das Euribor e ainda que não se tenham repercutido nas prestações, as famílias ficaram mais otimistas e consumiram mais“. “O sentimento económico das famílias melhorou, com a expectativa de que as prestações vão baixar”, sinaliza o diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade.
Dados do INE confirmam que “o indicador de confiança dos consumidores aumentou em dezembro e janeiro, após ter diminuído nos quatro meses anteriores“, adiantou o gabinete de estatísticas esta semana.
Ricardo Ferraz também aponta ao ECO que o desempenho mais positivo no quarto trimestre do ano “se deveu a uma aceleração do consumo das famílias e a um melhor comportamento das exportações de bens e serviços (é isso que justifica o desempenho melhor do que o esperado)”. Apesar de ainda não existirem dados muito detalhados, já que é uma estimativa rápida, “podemos suspeitar que o turismo terá dado um contributo importante”, antecipa o investigador no ISEG e professor na Universidade Lusófona.
As exportações, que têm vindo a pesar no desempenho português, acabaram então por penalizar menos o PIB. “As exportações também caíram menos o que ajudou o PIB”, nota Pedro Braz Teixeira, ressalvando que “o crescimento económico ainda teria sido melhor se a Autoeuropa não tivesse parado, porque em outubro a empresa ainda estava sem laborar”. O lado das importações também deu um impulso “por causa da descida dos preços do petróleo no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior”, acrescenta.
Como se lê na nota de análise do BPI, “a procura externa manteve um contributo negativo para o crescimento trimestral, mas de menor amplitude do que no trimestre anterior”. “A pesar na procura externa poderá estar o incremento das importações de material de transporte, insuficientemente compensada, por um bom comportamento das exportações de serviços, sobretudo serviços turísticos, cujos indicadores se revelaram robustos nos últimos meses do ano”.
O turismo pode então estar a amparar ligeiramente a queda nas exportações, como já tinha também referido Ricardo Ferraz, sendo de notar que “os dados do turismo nas denominadas épocas baixas têm vindo a revelar alterações que se manifestam em surpresas positivas no desempenho trimestral do PIB”, indica o BPI.
O ministro da Economia também admitiu, em declarações ao ECO, que “é evidente que houve um declínio das exportações, se compararmos com 2022, um ano histórico”. “Temos claramente uma desaceleração que está relacionada com tudo aquilo que se está a passar no mundo, em particular a União Europeia”, disse. Ainda assim, as perspetivas para 2024 são mais animadoras.
Com este desempenho mais positivo no final do ano, o crescimento em 2023 acabou por ser de 2,3%, acima dos 2,2% estimados pelo Governo no Orçamento do Estado para 2024. “A procura interna apresentou um contributo positivo para a variação anual do PIB, embora inferior ao observado no ano anterior, verificando-se uma desaceleração do consumo privado e do investimento”, indica o INE. Por outro lado, “o contributo da procura externa líquida também foi positivo em 2023, mas menos intenso que em 2022, tendo as exportações e as importações de bens e serviços em volume desacelerado significativamente”.
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