Fed mantém juros e afasta corte das taxas em março
Pela quarta reunião consecutiva, o banco central dos EUA manteve as taxas no nível mais elevado em 23 anos. Fed indica que ainda não está em pronta para aliviar política monetária. Powell sem pressas.
A Reserva Federal americana (Fed) decidiu manter as taxas de juro no nível mais elevado desde a crise financeira de 2008, numa decisão amplamente esperada pelos analistas, e indicou que ainda não está pronto para começar a aliviar a sua política monetária.
O banco central dos EUA deixou as taxas das Fed Funds no intervalo 5,25%-5,5% pela quarta reunião consecutiva, depois de uma longa sequência de subidas para travar a escalada da inflação.
Sem deixar qualquer pista sobre um iminente corte de juros, o Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC) disse, em comunicado, que “não espera que seja apropriado reduzir o intervalo das taxas de juro até que tenha conquistado maior confiança de que a inflação está a caminhar de forma sustentável em direção aos 2%“, a meta da Fed.
“A inflação diminuiu ao longo do ano passado, mas permanece elevada”, referiu a Fed após a reunião de dois dias, sublinhando que as autoridades “continuam altamente atentas aos riscos de inflação”.
Por outro lado, os responsáveis eliminaram da sua declaração a tendência para o aumento das taxas, algo que vinha sendo afirmado e reafirmado nos comunicados dos últimos dois anos. Agora, “o comité considera que os riscos para alcançar os seus objetivos de emprego e inflação estão a evoluir para um melhor equilíbrio”.
A mudança no discurso confirma que a Fed acredita que a próxima mexida das taxas será provavelmente no sentido de descida, mas dificilmente acontecerá em março como previam alguns analistas.
Esta quarta-feira, o banco UBS apontou que o primeiro de três a quatro cortes a ocorrerem em 2024 será decidido na reunião de maio.
A média das estimativas desta sondagem da Reuters dá conta que as Fed Funds estarão em 4,25%-4,50% no final do ano, o que implica quatro cortes de 25 pontos base ao longo de 2024.
Fed sem “pressas”
Em conferência de imprensa, o presidente da Fed considerou que “as taxas estão provavelmente no seu máximo neste ciclo de aperto e que, se a economia evoluir amplamente como esperado, será provavelmente apropriado começar a reduzir a contenção política em algum momento deste ano“.
Quando? “Precisamos ver mais evidências que nos digam que estamos no caminho certo, que nos dê confiança de que estamos num caminho sustentável para uma inflação de 2%”, sublinhou Powell.
Por enquanto, a Fed quer deixar “as opções em aberto”. “Se o trabalho ou se a inflação surpreender, voltando a subir, nós teríamos que responder a isso, mas seria uma surpresa neste momento”, afirmou Powell, indicando que o banco central não está “com pressa” para mudar a sua política monetária.
De fora das opções está mesmo um corte já em março. “Não creio que seja provável que o comité atinja um nível de confiança até a reunião de março para identificar que março é o momento de fazer isso”, disse aos jornalistas.
O bom momento da economia dos EUA poderá atrasar o calendário previsto pelo mercado no que toca ao alívio da política monetária da Fed.
O PIB dos EUA cresceu a um ritmo anual de 3,3% no quarto trimestre, bem acima das expectativas dos economistas (2%), embora a abrandar face ao terceiro trimestre (4,9%). No conjunto de 2023, a economia cresceu 2,5%, acima dos 1,9% do ano anterior, um desempenho surpreendente tendo em conta que a esmagadora maioria dos economistas apontava para uma recessão na maior economia do mundo devido à subida agressiva de juros.
A taxa de inflação homóloga permaneceu estável em 2,6% em dezembro, mas a inflação subjacente – referência para a Fed – caiu para o nível mais baixo desde março de 2021, desacelerando para 2,9%, o menor aumento em quase três anos.
(Notícia atualizada às 20h20 com declarações do presidente da Fed, Jerome Powell)
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