“Famílias portuguesas são as que mais sofrem com rendimento disponível”, lamenta presidente da PwC

António Correia realça que Portugal foi dos países que mais poder de compra perdeu a nível dos países da OCDE. Custo de vida, saúde e habitação foram apresentadas como as principais preocupações.

As famílias portuguesas são as que mais sofrem com o rendimento disponível”, lamenta António Correia, presidente da PwC. O gestor sublinha que o “custo de vida é a primeira preocupação dos portugueses, seguido da saúde e habitação“, temas que têm feito correr muita tinta, especialmente a um mês das eleições agendadas para 10 de março.

“Entre a pré-pandemia e a pós-pandemia (terceiro trimestre de 2022), Portugal foi dos países que mais poder de compra perdeu a nível dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE)”, constata António Correia, presidente da PwC, numa intervenção durante a 6.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, no Porto.

Na apresentação que fez, António Correia, destacou que o endividamento das famílias portuguesas está entre os mais elevados da Europa. Em 2022, mais de metade dos agregados familiares portugueses apresentaram alguma dificuldade em fazer face às suas despesas – acima da UE27. Contas feitas, 11% apresentam dificuldades em cumprir com as suas obrigações.

Do outro lado da moeda, a inflação tem vindo a reduzir, o que na ótica de António Correia “são boas notícias para a economia portuguesa”. “A inflação está a reduzir de forma significativa e a caminhar para níveis que permitem estabelecer em abril a descida das taxas de juro, mas mesmo que o BCE não as desça, a Euribor já está a descer”. Com a Euribor a descer, António Correia espera “um alívio das famílias e das empresas”.

Carga fiscal trava investimento

O presidente da PwC afirma que a carga fiscal em Portugal tem vindo a evoluir nos últimos 25 anos em valor e em percentagem do PIB. “Somos o terceiro país menos competitivo no que respeita à competitividade fiscal na OCDE (36.º em 38)”, lamenta António Correia.

“Tem sido feita numa diminuição da dívida através, não do aumento de rendimentos, mas pela perda de rendimentos. Desde 2012 que a carga fiscal em Portugal aumentou de forma significativa e nunca mais diminuiu, pelo contrário. Não crescemos desde o início do século, mas a despesa pública aumentou em 80% e aquilo que cada um de nós paga ao Estado aumentou em 70%“, afirma o gestor.

Produtividade continua a ser uma ameaça para as empresas

A produtividade continua a ser a “pedra no sapato” para o tecido empresarial português. Desde 1995, Portugal foi ultrapassado por oito países da UE, na questão da produtividade e salário. António Correia afirma que “países como a República Checa, a Roménia, a Eslováquia e a Croácia ultrapassam Portugal no campo da produtividade”. Na ótica do gestor a falta de investimento e consequentemente de tecnologia trava a produtividade.

Em 30 anos baixámos a produtividade do trabalho por hora trabalhada e isso fez com uma série de países ultrapassassem Portugal na questão da produtividade, o que tem reflexo na remuneração dos trabalhadores na indústria”, constata o presidente da PwC. O gestor antevê que Portugal continue a ser ultrapassado por outros países devido a “más escolas e má implementação”.

António Correia, presidente da PwC

Em suma, os países que investem mais criam maior capacidade de crescimento e prosperidade futura. António Correia realça que “Portugal investe menos hoje que investia há 15 anos. Estamos na Liga dos últimos, decrescemos a capacidade de investimento em percentagem do PIB”. O gestor defende a ideia que “mais investimento representa mais crescimento, isso induz que a ecomimia possa crescer mais, que as pessoas têm mais dinheiro, que as empresas possam investir mais, os consumidores comprem mais produtos e serviços. É um ciclo virtuoso”, conclui.

O gestor alerta que o cenário demográfico poderá ter um impacto negativo na capacidade de inovação do país. “Portugal é dos países que, se nada fizer, mais população perde e mais dependência de idosos cria”.

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