“O BCE tem de estar aberto para um corte de taxas em março”, diz Centeno
O governador do Banco de Portugal volta a pressionar o BCE a cortar as taxas de juro mais cedo do que o esperado, porque "os riscos de deterioração da inflação e do crescimento já se materializaram".
Mário Centeno volta a pressionar o Banco Central Europeu (BCE) para mudar o sentido da política monetária nos próximos meses. De acordo com o governador do Banco de Portugal, “o BCE tem de estar aberto para um corte de taxas em março, mesmo que isso não seja provável”, referiu esta tarde Mário Centeno no encontro dos ministros das Finanças do Eurogrupo, que decorre em Ghent, na Bélgica.
O governador do Banco de Portugal sustenta o seu argumento lembrando que “os riscos de deterioração da inflação e do crescimento materializaram-se”, sublinhando ainda que “a inflação pode ficar temporariamente abaixo dos 2% este ano.”
As declarações de Mário Centeno não surpreendem. Desde há várias semanas que o governador tem defendido a necessidade do BCE cortar as taxas de juro mais cedo do que a maioria dos seus colegas do Conselho do BCE pretende.
Ainda no final do mês de janeiro, Centeno referiu que a inflação estava a desacelerar de forma sustentada e que quase todos os fatores que pressionaram os preços em alta já se tinham dissipado, e que por isso o BCE deveria “começar a cortar os juros mais cedo do que tarde, mas deve evitar movimentos bruscos”.
E já em fevereiro, num evento que contou com a participação dos principais banqueiros do país, o governador mostrava-se assertivo de que a próxima decisão do BCE, que será realizada a 7 de março em Frankfurt, seria marcada por “uma decisão de corte” das taxas diretoras.
Com uma visão bem diferente de Centeno tem estado Christine Lagarde, presidente do BCE, que esta sexta-feira, à margem da reunião do Eurogrupo, declarou aos jornalistas que o BCE tem de estar “mais confiante” no abrandamento da inflação para poder baixar as taxas de juro, apesar dos “números encorajadores” sobre os salários.
No seguimento da reunião do Eurogrupo, Fernando Medina referiu que, no centro da discussão dos ministros das Finanças da União Europeia, esteve o debate sobre “os desafios que se colocam ao crescimento da economia europeia, incluindo a dinamização do mercado de capitais.”
O ministro das Finanças destacou ainda a importância de a Europa se manter “alinhada com as suas políticas de coesão, de desenvolvimento regional e industrial, de forma a potenciar a sua competitividade e segurança económica.”
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