Formação presencial recupera terreno. “Nas soft skills, é visto como formato mais rico”

Diretora-geral da empresa de formação Galileu afirma que nas competências tecnológicas a formação à distância veio para ficar, mas garante que noutras áreas o formato presencial não vai morrer.

Os últimos anos têm sido de transformação (também) na forma como os trabalhadores fazem formação, mas desengane-se quem ache que o formato presencial irá desaparecer. A Galileu, empresa portuguesa de formação do grupo Rumos, viu as horas ministradas em formato presencial dispararem mais de 18% em 2023, tendo a área dos soft skills sido a principal impulsionadora deste crescimento, segundo avançou ao ECO a diretora-geral.

“Na área das tecnologias, sentimos que não há muito interesse em ir fisicamente aos centros de formação. Mas na área dos soft skills e comportamental, as pessoas sentem que lhes é mais rico ter uma ação de formação em formato presencial“, sublinha Cláudia Vicente.

De acordo com os resultados da Galileu de 2023, a que o ECO teve acesso em primeira mão, o número de formandos cresceu 10,7% e o número de horas ministradas aumentou 8% face ao ano anterior.

E ainda que o formato híbrido tenha sido o mais popular, o presencial registou “o maior crescimento”. Em causa está um salto de 18,4%, o que sugere, defende a Galileu, que “as organizações reconhecem o valor de interações presenciais para determinados objetivos de desenvolvimento de competências”.

A propósito, a diretora-geral sublinha que, “por mais dinâmicas que se inventem no formato à distância”, no que diz respeito às soft skills, o formato presencial “tem um património grande“, que explica a referida evolução.

Aliás, de olhos no futuro, Cláudia Vicente antecipa que esse é um formato que não irá desaparecer, mas adaptar-se. “Claramente, vamos viver da combinação de vários formatos“, afirma, prevendo também que as ações serão tendencialmente mais curtas, personalizadas e em áreas inovadoras. Por exemplo, a Galileu está a preparar uma oferta formativa na área da inteligência artificial. “Sai em breve”, aponta.

Quanto aos resultados do último ano da Galileu, importa ainda notar que as áreas mais procuradas foram as de “office e produtividade” e “power BI“. Por outras palavras, a área das ferramentas de colaboração e a área da interpretação de dados.

“Este crescimento pode ser explicado pela procura das organizações em melhorar a eficiência das suas equipas, especialmente num mundo onde a produtividade é um diferencial competitivo crucial, bem como a importância da análise de dados em tempo real para suportar a tomada de decisão em tempos de constante mudança”, detalha a diretora-geral.

Cheque do IEFP já tem impacto

Em setembro do ano passado, o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) abriu as candidaturas para o cheque de formação digital, medida que permite aos trabalhadores (independentemente do seu vínculo) receberem um apoio até 750 euros para fazerem formação em áreas como cibersegurança ou marketing digital.

Ao ECO, a diretora-geral da Galileu explica que os primeiros momentos da aplicação dessa medida foram desafiantes, mas assegura que o cheque de formação digital já está, entretanto, a ter um impacto positivo na atividade, trazendo aos centros pessoas que, de outro modo, não viriam, bem como ex-formandos que regressam para somarem competências às já adquiridas.

“Grande parte da oferta formativa da Galileu é elegível para o cheque de formação. É uma medida que tem tido impacto na nossa atividade. Temos já candidaturas a serem aprovadas, muitas ligadas a novas tecnologias“, assinala Cláudia Vicente.

Segundo a responsável, “as candidaturas iniciais foram de pessoas que não eram clientes”. “Mas hoje já temos um número significativo de ex-formandos que recorrem a essa medida para dar o passo seguinte na sua formação“, observa.

Por outro lado, convém realçar que, ainda que obrigatória, a formação disponibilizada pelos empregadores aos trabalhadores é ainda relativamente baixa em Portugal. “Nem sempre a formação é prioritária nas organizações“, reconhece a diretora-geral, frisando que esse cenário é agravado em períodos de maior dificuldade.

Para mudar esse paradigma, Cláudia Vicente confessa que estava à espera que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) trouxesse “incentivos mais robustos ao investimento em formação por parte das empresas“. Por isso, deixa claro que é agora preciso uma medida semelhante ao referido cheque de formação digital (que se dirige diretamente aos indivíduos) que apoie as empresas que queiram fazer essa aposta nas qualificações.

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