Peso das exportações no PIB mais do que duplicou em 20 anos
Em 1996, a economia portuguesa ia a reboque da procura interna. 20 anos depois, é a procura externa, de seu nome exportações, com destaque para o turismo, a fazer crescer Portugal.
A economia portuguesa em 2016 cresceu apoiada pelas exportações ao contrário do que acontecia em 1996. Há 20 anos, o crescimento de Portugal tinha como base a procura interno. Segundo o estudo “Economia Portuguesa: duas décadas de transformação” da Iberinform, revelado esta quarta-feira, os bens e serviços exportados ganharam tanta importância que o seu peso no Produto Interno Bruto mais do que duplicou (18,6% em 1996 passou a 40,2% em 2016), prevendo-se que chegue a 50% do PIB em 2021.
Em 2016, o PIB cresceu 1,5%. “Desta variação, 1,2% ficou a dever-se às exportações (79,6%)”, diz o estudo, referindo quer “o contributo da Procura Interna foi de apenas 0,3%”. Estes dados contrastam bastante com o que acontecia em 1996. “O contributo relativo era quase inverso: 76,1% por parte da Procura Interna e 23,9% por parte da Procura Externa satisfeita pelas exportações”, explica o estudo.
Esta inversão fez, por um lado, com que a quota das importações de Portugal nas importações mundiais caísse, também fruto da diminuição da procura interna. Por outro lado, as exportações, “apoiadas também pelo forte crescimento do turismo, superam as importações”. Se é certo que neste mesmo período a economia desacelerou — registando períodos de contração –, também é certo que sem as exportações essa queda seria pior.
Além de terem ganho um maior peso na economia, as exportações diversificaram-se com a subida da taxa de exportação dos produtos agroalimentares, dos plásticos e borracha, metais e mobiliário – “tendo a cadeia de valor da IKEA uma influência importante nos últimos anos”, justifica o estudo. Acresce que os bens passaram a ter um menor peso (77,2% passou a 71,6%) com a importância ganha pelos serviços (22,8% passou a 28,4%), nomeadamente pelo turismo.
Se o Plano de Estabilidade e Crescimento do Governo para 2017/2021 acertar nas suas previsões, o peso das exportações no PIB passará a representar metade da economia portuguesa em 2021.
Atualmente, são maioritariamente as pequenas e as microempresas que alimentam este “novo modelo de crescimento da economia“. Além de terem uma maior produtividade face a 1996, as microempresas têm uma maior taxa de exportação, tendo diminuído a sua dependência do mercado interno. Contudo, a sua rendibilidade económica também baixou, apesar de simultaneamente terem um menor risco económico e maior autonomia financeira.
Quem perdeu peso nas exportações nacionais foram as pequenas e médias empresas. O seu contributo passou de 62% em 1996 para 12,9%. As microempresas passaram a ter esse papel de dinamizar os bens e serviços exportados por Portugal, representando atualmente 87% do total das empresas exportadoras nacionais, em comparação com os 37% registados há duas décadas, revela também este estudo.
Tal como indicava uma análise comparativa do Instituto Nacional de Estatística entre Portugal e Espanha, é o mercado espanhol a grande ajuda das empresas portuguesas. O peso de Espanha passa de “4,1% em 1985 para 15,7% em 1995 e para 26,2% em 2016“, seguido pelo peso da Alemanha e da França. Em sentido contrário, as quebras registam-se no Reino Unido “que passa de 22,8% em 1974, para 11% em 1995 e 7,1% e 2016” e nos Estados Unidos, apesar de este último ter vindo a recuperar em 2016 e 2017.
Portugal integrou a Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986.
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