Portugal escapa a despedimentos na divisão de eletrodomésticos da Bosch
Grupo alemão assegura ao ECO que “Portugal não irá ser afetado porque conseguiu gerir o forte crescimento dos últimos anos sem aumentar a estrutura” da BSH, sediada em Lisboa com 126 trabalhadores.
A gigante alemã Bosch avançou com um plano de corte de custos na divisão de eletrodomésticos BSH que implica o despedimento de cerca de 3.500 pessoas até ao final de 2027, incluindo 1.000 já durante este ano. No entanto, o responsável desta unidade em Lisboa garante ao ECO que “Portugal não irá ser afetado por estas medidas”.
João Santos explica que a operação portuguesa “conseguiu gerir o forte crescimento dos últimos anos sem aumentar a sua estrutura”. “A operação local é extremamente eficiente e essencial para manter os elevados padrões de serviço que disponibilizamos aos nossos consumidores e clientes”, acrescenta o CEO da BSH Portugal.
A subsidiária portuguesa da BSH Eletrodomésticos, criada em 2022 quando foi transferida a comercialização dos eletrodomésticos da marca Bosch para a filial, está situada em Lisboa. Conta atualmente com 126 trabalhadores, distribuídos pelas áreas administrativa, de vendas e de serviços técnicos.
Portugal não irá ser afetado por estas medidas porque conseguiu gerir o forte crescimento dos últimos anos sem aumentar a sua estrutura.
Fundada em 1967, a fabricante de eletrodomésticos Bosch und Siemens Hausgeräte (BSH) resultou de uma joint-venture entre as duas gigantes de origem alemã. No final de fevereiro, um porta-voz da empresa em Munique justificou a redução no número de empregos como um movimento para cortar custos, a fim de manter a competitividade e financiar investimentos.
“Os ajustes à estrutura da BSH que irão ocorrer nos próximos anos resultam das novas condições do mercado. Depois de fortes crescimentos dos mercados, tornou-se necessário reavaliar a estrutura organizacional por forma a reduzir custos e complexidade para fazer face a uma concorrência cada vez mais dinâmica e consumidores mais exigentes”, expõe João Santos, CEO da BSH Portugal.
Negócio afeta 1.200 na fábrica de Ovar
Com fábricas em Aveiro, Braga e Ovar, a Bosch fechou o ano de 2022 com vendas superiores a 2.000 milhões de euros em Portugal, 17% acima do período homólogo. No final desse ano, o último para o qual já divulgou resultados desagregados por país, empregava 6.500 pessoas, das quais 1.000 em Investigação & Desenvolvimento (I&D). A exportação para mais de 50 países assegurou 97% das vendas da filial, que é liderada por Carlos Ribas e planeava investir 200 milhões em 2023.
Em outubro, a multinacional colocou à venda a maior parte do negócio de produtos da divisão Building Technologies, prevendo afetar 4.300 colaboradores em mais de 90 localizações, incluindo cerca de 1.200 na fábrica de Ovar, especializada em sistemas de segurança. Nessa altura, Ribas frisou que a decisão tomada pela Bosch “nada tem a ver com o desempenho do negócio ou dos colaboradores, mas antes com a estratégia da empresa para o futuro”.
O representante da Bosch em Portugal prometeu que o grupo iria continuar a investir no país e a “trazer desenvolvimento e produção de tecnologias-chave para a empresa”. E logo na semana seguinte avançou com o anúncio de um investimento de 100 milhões de euros até 2026 para aumentar a produção de bombas de calor na fábrica de Aveiro e construir mais dois edifícios e novos laboratórios nesse complexo industrial.
A gigante alemã justificou este investimento com o facto de a fábrica de Aveiro, em conjunto com a de Eibelshausen (Alemanha) e a de Tranås (Suécia), ser “um elemento importante da rede europeia de desenvolvimento e produção de bombas de calor”. É na unidade portuguesa que está baseado o centro de desenvolvimento destes produtos para o sul da Europa.
No entanto, o “porta-aviões” do grupo em Portugal continua a ser a bracarense Bosch Car Multimedia, focada no desenvolvimento e produção de soluções de multimédia e sensores automóvel, e que acolhe também equipas de outras divisões da área da mobilidade. Pertence à divisão Automotive Electronics e em 2022 ocupou o quinto lugar na lista das maiores exportadoras nacionais, apenas atrás da Petrogal, da Autoeuropa, da Navigator e da vizinha minhota Continental Mabor.
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