Costa faz mea culpa por eventual derrota do PS: “Aqui estou eu para assumir as responsabilidades”
Com os socialistas taco a taco com a AD, o primeiro-ministro admite que "é provável que hoje não se saiba o resultado". Contudo, assume já a responsabilidade pela possível perda do partido.
Com os votos no PS e na AD taco a taco, o primeiro-ministro, António Costa, assumiu, este domingo, que “muito provavelmente hoje não serão conhecidos os resultados destas eleições” legislativas. Mas, aproveitou, para fazer já mea culpa pelas perdas do PS, que ficou muito aquém das últimas legislativas. “Quando o PS perde, perdemos todos, mas se é preciso algum responsável, aqui estou eu para assumir as responsabilidades“, afirmou à entrada do hotel Altis, em Lisboa, a sede de campanha do PS.
Costa tinha dito que só iria ao quartel-general dos socialistas em caso de derrota para dar uma palavra de apoio a Pedro Nuno Santos. Diante de um cenário incerto que pode dar a vitória a PS ou AD, o ex-líder do PS decidiu ir pelo sim e pelo não. “Neste momento, os resultados quase finais são menos claros, mas, em termos de mandatos, há praticamente um empate entre PS e AD, uma proximidade muito grande”, indicou aos jornalistas, no lobby do hotel.
“A única certeza”, continuou, “é que, tendo em conta o volume de votos que chegarão nos próximos dias dos círculos da emigração, provavelmente não será hoje que vamos ter o resultado destas eleições, a não ser que nas votações, que ainda não conhecemos, das grandes freguesias de Lisboa e do Porto, a margem se torne tal que seja possível” determinar quem venceu.
Independentemente do resultado final, Costa reconheceu que “o PS teve uma descida muito significativa da sua votação”. Por isso, e porque “o PS ficou aquém do que desejaríamos”, o ex-líder do PS dá o corpo às balas: “Quando o PS perde, perdemos todos, mas se é preciso algum responsável, aqui estou eu para assumir as responsabilidades”.
“É manifesto que um grande número de eleitores que votou no PS, em mim, no nosso programa há dois anos, agora não votou”, assumiu, embora mantenha que é preciso esperar pelo resultado final.
Ainda assim, considera que os resultados da AD não estão a ser brilhantes. “A soma do PSD de Rui Rio com a do CDS, há dois anos, é mais ou menos aquilo que a AD teve”. Ou seja, “não se verificou uma grande subida da AD, que manteve a mesma ordem de grandeza”, assinalou.
Subida do Chega é voto de protesto ou estrutural?
E há “indiscutivelmente uma subida do Chega“, que preocupa o primeiro-ministro demissionário. “Sobre essa subida, é fundamental analisar o que tem de estrutural de mudança de fundo na sociedade portuguesa e o que possa ser um voto de protesto, “que resultou de um quadro conjuntural atípico, porque estas eleições ocorreram depois de dois anos de uma crise inflacionista como o país não vivia há 30 anos, que foi acompanhada por uma brutal subida das taxas de juro, muito dura para as famílias, onde procuramos responder mas que não foi suficiente para as necessidades das famílias e isso criou um mau estar geral”, justificou Costa.
Para além disso, acrescentou, “o facto de estas eleições terem ocorrido numa situação de sobressalto de dúvidas judiciais criou um caldo para o populismo”, admitiu, numa indireta à Operação Influencer, levada a cabo pelo Ministério Público, que o implicou em suspeitas de corrupção nos negócios ligados ao lítio, hidrogénio verde e centro de dados de Sines. Foi este processo que levou à demissão do primeiro-ministro e à consequente convocação destas eleições antecipadas pelo Presidente da República
“É preciso percebe a dimensão do voto em que houve um protesto e o que corresponde a uma mudança de fundo na sociedade portuguesa. Os partidos do centro democrático têm de refletir sobre este voto de protesto“, alertou.
Questionado se a indicação de que Marcelo Rebelo de Sousa iria recusar um Governo da AD sem Luís Montenegro e com o Chega, como foi noticiado pelo Expresso, poderá ter tido impacto no aumento dos votos do partido de André Ventura, Costa rejeitou mais uma vez comentar as mensagens de Belém: “Não comento nem as palavras, nem os silêncios, nem os passeios, nem o que dizem fontes de Belém que o próprio diz que é ele”.
Sobre se o PS deve ou não viabilizar um eventual Governo minoritário da AD, a decisão caberá a Pedro Nuno Santos: “Quem tem legitimidade para falar é o atual secretário-geral socialista, eu sou um mero militante”.
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