As frases da noite eleitoral que deixou tudo em aberto até à última freguesia

Montenegro mantém o "não é não", Pedro Nuno Santos assume-se oposição e Ventura fala em "irresponsabilidade" se AD colocar em causa Governo à direita.

Apesar das sondagens que nas últimas semanas davam a Aliança Democrática à frente, a verdade é que os resultados ficaram muito próximos até à última freguesia — Algueirão-Mem Martins — que acabou por levar Pedro Nuno Santos a assumir derrota e Luís Montenegro a celebrar vitória, ladeado por Nuno Melo e Gonçalo da Câmara Pereira. O secretário-geral do PS reiterou que será oposição e Montenegro assegurou que iria cumprir a palavra face ao Chega.

Montenegro foi o último líder parlamentar a discursar na noite eleitoral, já pela 1h da manhã, quando apesar de ainda faltar o apuramento de uma freguesia e do voto dos emigrantes disse parecer “incontornável que a AD ganhou as eleições e que o PS perdeu as eleições”. Para o líder da AD, a “vontade dos portugueses” ficou expressa perante o resultado eleitoral.

Assumi dois compromissos na campanha e naturalmente cumprirei a minha palavra. Nunca faria tamanha maldade de incumprir o meu compromisso.

Luís Montenegro

Líder do PSD

A expectativa de Montenegro é de que o resultado eleitoral não sofra alterações e que, nos próximos dias, o Presidente da República o convide a Belém para o “indigitar para formar Governo.” O presidente do PSD garantiu também que não irá recuar no “não é não” respondido ao Chega em matéria de coligação, sublinhando que, perante os resultados eleitorais “irá respeitar a vontade dos portugueses” e que, por isso, cumprirá com a sua “palavra”.

Já Pedro Nuno Santos, também quando ainda não eram conhecidos todos os resultados, decidiu assumir a derrota. “Apesar da diferença tangencial, e sem desrespeito pelos votos das comunidades [emigrantes], tudo indica que o resultado não permitirá ao PS ser o partido mais votado”, admitiu na madrugada deste domingo.

O PS não ganhou as eleições, o PS vai liderar a oposição e nunca deixará a liderança da oposição para o Chega ou para André Ventura.

Pedro Nuno Santos

Secretário-geral do PS

Perante este resultado, Pedro Nuno Santos reiterou que “o PS será oposição”, assegurando que não irá suportar um Governo minoritário da AD, ainda que reconheça que existem “pressões”, que não quis identificar, salientando que “não estava a pensar no Presidente da República”.

No PS, António Costa ainda chegou a falar antes de Pedro Nuno Santos, onde fez um mea culpa por uma eventual derrota do PS, que se terá concretizado: “Aqui estou eu para assumir as responsabilidades”, disse.

Já André Ventura, que viu a votação no partido mais do que triplicar para 18%, prometeu fazer “todos os esforços possível para ter um Governo alternativo ao PS em Portugal”. O líder do Chega atirou também ao PSD, apontando que “só um ato de grande irresponsabilidade pode afastar uma solução de Governo [à direita]”.

“Só o líder de um partido muito irresponsável [Luís Montenegro] deixará o PS governar quando [tem] na mão formar um Governo de mudança”, reforçou. Ventura apontou ainda o dedo a Marcelo Rebelo de Sousa: Esta mensagem “tem de ser ouvida no Palácio de Belém, onde o Presidente da República procurou à última hora condicionar o voto dos portugueses. Quem escolhe o Governo de Portugal são os portugueses, não é mais ninguém”, resumiu.

O Chega e o PSD têm maioria absoluta nestas eleições. Só um ato de grande irresponsabilidade pode afastar uma solução de Governo [à direita].

André Ventura

Líder do Chega

Com a AD a confirmar o “não é não” ao Chega, fica em aberto a possibilidade de se juntarem à Iniciativa Liberal. Rui Rocha reiterou a disponibilidade do partido para assegurar uma solução governativa estável. “Seremos responsáveis nos cenários que se venham a colocar, não será pela Iniciativa Liberal que não haverá uma solução estável de governação. Portanto, cabe aos outros assumirem”, disse Rui Rocha.

O dirigente liberal, que tinha ao seu lado no palco onde discursou o antigo líder da IL, João Cotrim de Figueiredo, frisou que o partido político contribuirá para uma solução, “naturalmente excluindo” as opções que sempre excluíram, referindo-se ao Chega.

Seremos responsáveis nos cenários que se venham a colocar, não será pela Iniciativa Liberal que não haverá uma solução estável de governação.

Rui Rocha

Líder da IL

Já à esquerda, as reações começaram quando o resultado ainda estava em aberto — mas já se antevia que não existiria uma maioria de esquerda. A coordenadora do Bloco assegurou que o partido será parte de uma “solução que afaste a direita do Governo”, considerando que a “inegável viragem à direita” é resultado da “política desastrosa” da maioria absoluta do PS.

Mariana Mortágua apontou que apesar “desta viragem à direita” nas eleições de domingo, o partido “manteve-se firme” e teve mais “cerca de 30 mil votos”, continuando com os mesmos cinco deputados.

Seremos parte de qualquer solução que afaste a direita do Governo.

Mariana Mortágua

Coordenadora do Bloco de Esquerda

A CDU também conseguiu ficar no Parlamento, ainda que tenha reduzido o grupo parlamentar de seis para quatro deputados e Paulo Raimundo assumiu que o partido teve um “desenvolvimento negativo” nestas eleições. “O resultado da CDU, com a redução da sua representação parlamentar e uma percentagem abaixo do que alcançámos há dois anos, significa um desenvolvimento negativo, mas não deixa de constituir uma importante expressão de resistência, com tanto mais valor e significado quando a sua construção teve de enfrentar o prolongado enquadramento caracterizado pela hostilidade e menorização”, disse o líder comunista.

Já o Livre conseguiu ficar com um grupo parlamentar com a mesma dimensão que a CDU, passando de um para quatro deputados. Rui Tavares garantiu que “o Livre sabe crescer, crescer bem e com responsabilidade” e defendeu “as pessoas antes dos cargos” e que “há dez anos sabiam que seriam chamados a desempenhar um papel”.

O PAN, por sua vez, conseguiu manter a deputada única, Inês Sousa Real.

É de destacar ainda o Alternativa Democrática Nacional (ADN), que obteve mais 100 mil votos, um resultado que compara com dez mil votos alcançados nas eleições de 2022, há apenas dois anos. Este resultado chega depois de inúmeros relatos de pessoas que confundiram o partido com a AD, o que terá dado mais votos a este partido, que ao superar a marca dos 50 mil votos tem agora direito a subvenção pública.

Parabéns ao ADN, que foi o grande vencedor da noite. O ADN hoje já venceu.

Bruno Fialho

Líder do ADN

O líder do ADN, e cabeça de lista por Lisboa nestas eleições legislativas, defendeu que o partido foi “o grande vencedor da noite” ao conseguir mais de 99 mil votos. “Parabéns ao ADN, que foi o grande vencedor da noite. O ADN hoje já venceu”, disse Bruno Fialho, num discurso feito na sede de campanha do partido, em Lisboa, imediatamente aplaudido pelos cerca de 15 apoiantes presentes.

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