Mineiros da Panasqueira prolongam greve por mais dez dias
O sindicato justifica a extensão da greve pela ausência de uma proposta razoável por parte da Beralt Tin and Wolfram Portugal, empresa propriedade do grupo canadiano Almonty.
Os mineiros da Panasqueira, que iniciaram na quinta-feira uma greve até dia 28, às primeiras três horas de cada turno, vão prolongar a paralisação por mais dez dias, informou o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira.
Mário Matos, representante sindical, sublinhou, em declarações à agência Lusa, que a extensão da greve vai decorrer nos mesmos moldes do anterior pré-aviso, e que se deve à ausência de uma proposta razoável por parte da Beralt Tin and Wolfram Portugal, empresa que detém a exploração das minas no concelho da Covilhã, propriedade do grupo canadiano Almonty.
O sindicato propôs um aumento salarial de 13%, o que corresponde a um mínimo de 110 euros, embora Mário Matos tenha adiantado esta sexta-feira que os trabalhadores estão “disponíveis para fechar acordo” com um aumento de 100 euros, mas a empresa afirmou não poder ir além dos 6%. Segundo o dirigente sindical, “a adesão à greve está a ser elevadíssima”, dando o exemplo do primeiro turno, em que “entraram três trabalhadores para o fundo da mina” num universo “entre 50 a 60”, o que fez parar a produção.
O administrador da Beralt Tin and Wolfram, António Corrêa de Sá, disse que a adesão à greve é de 50%, manifestou preocupação em relação “ao futuro imediato” da mina e quanto ao pagamento de salários se não houver vendas. “A empresa não tem condições financeiras para responder a essa exigência”, salientou Corrêa de Sá, à Lusa, apelando para que “haja bom senso” e as partes “se sentem a conversar”.
Mário Matos frisou que a tutela intermediou uma tentativa de entendimento na segunda-feira, mas que a Beralt apenas propôs um prémio de produção de dez euros mensais, até ao final do ano, por cada tonelada de minério extraída mensalmente acima das 70 toneladas, uma variável que “não depende dos trabalhadores” e “está dependente do material que se encontrar”.
“Eles estão a rebentar filões e há locais onde é melhor do que outros”, argumentou o sindicalista, segundo o qual, no último ano, a média rondou as 59 toneladas. O administrador contrapôs que a média dos últimos seis meses “é superior a 70 toneladas” de produção.
Além do aumento salarial, os trabalhadores reclamam melhores condições de higiene e segurança no trabalho, a valorização das carreiras, “porque há mineiros que, após vinte anos, continuam no início da carreira”, o pagamento de subsídio de risco para todos os que que trabalham no fundo da mina e subsídio de fogo para todos os que executam essa tarefa. “Nós estamos disponíveis para, quando a empresa quiser avançar, negociarmos, desde que as condições sejam razoáveis. Não há qualquer intransigência”, frisou Mário Matos.
O representante sindical mencionou os investimentos anunciados pelo grupo Almonty para Portugal, Espanha e Coreia do Sul e defendeu que as condições dos trabalhadores sejam melhoradas, porque “no fundo da mina o salário começa pouco acima dos 900 euros”. Corrêa de Sá manifestou a “enorme preocupação da Beralt com esta situação e afirmou que, caso não se chegue a um acordo, pode estar em causa a “suspensão da lavra”, da exploração, provisoriamente, “até a situação se normalizar”.
“A empresa, que tem prejuízo, não pode aguentar aumentos destes. Acho uma falta de respeito total por uma empresa que sempre deu aumentos”, reforçou o administrador da empresa, localizada no distrito de Castelo Branco, que explora as Minas da Panasqueira, de onde é extraído volfrâmio.
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