“Não há lóbi do nuclear em Portugal, há sim lóbi das renováveis intermitentes”, diz Mira Amaral
Quanto à vizinha Espanha, o ex-ministro afirma que "já não será mau" se este país mantiver as centrais nucleares existentes a funcionar.
O ministro da Indústria e Energia do governo de Cavaco Silva dissertou, esta quinta-feira, a favor da implementação da energia nuclear em Portugal. Queixou-se de falta de espaço par a discussão sobre esta tecnologia e de “fundamentalismo climático” e culpou o “lóbi das renováveis intermitentes” pela rejeição que se tem verificado em relação à energia nuclear.,
“Para haver lobby é preciso haver poder económico. Onde o há é nas renováveis intermitentes. Não há lóbi nuclear em Portugal, há sim um lóbi nas renováveis intermitentes“, defende Mira Amaral, classificando este lóbi de “muito forte” e acusando-o de não querer discutir o nuclear.
Estas declarações tiveram lugar na conferência, organizada pela AIP – Associação Industrial Portuguesa esta quinta-feira, com o tema “Nuclear, uma opção para Portugal?”. A primeira intervenção coube a Luís Mira Amaral, seguido de Clemente Pedro Nunes, professor do Instituto Superior Técnico, e o consultor Pedro de Sampaio Nunes.
O trio de oradores foi, ao longo das diferentes intervenções, apresentando alguns argumentos semelhantes. Um deles foi a crítica ao sistema energético alemão e o elogio ao dos países nórdicos. “Não percebo como os alemães abandonam o nuclear e vão para o carvão. O modelo industrial alemão está a patinar porque a energia está caríssima. O que está a acontecer na Alemanha é o desastre energético alemão”, defende Mira Amaral. Quanto à vizinha Espanha, o ex-ministro afirma que “já não será mau” se este país mantiver as centrais nucleares existentes a funcionar.
Outro ponto comum foram as acusações de “falta de planeamento”, considerando os documentos existentes, como o Plano Nacional de Energia e Clima, meras intenções. Os oradores apelaram a mais discussão em torno da energia nuclear como resposta à intermitência que é característica das renováveis.
“Este evento é oportuno. É na mudança dos ciclos políticos que vêm as reformas estruturais“, sublinhou Sampaio Nunes. Isto, embora Mira Amaral já tivesse considerado os dois principais partidos, PS e PSD, como “siameses” no que toca ao clima e à rejeição da energia nuclear.
Offshore? “Uma loucura”
O Governo de António Costa, que anunciou a intenção e deu início ao processo de lançar um leilão de energia eólica offshore (no mar), cessou funções sem o concretizar. Na opinião de Clemente Pedro Nunes, “ainda bem”, embora não o justifique, remetendo esta discussão para outra ocasião.
Já Luís Mira Amaral classificou como “uma loucura” os planos para o leilão, considerando que Portugal “nem tem grandes condições para o eólico offshore“, porque tem de se implementar através de plataformas flutuantes, ao invés da tecnologia de fixar as estruturas no fundo do mar. “Avançar com isto, só se puserem preços loucos que a gente vai pagar”, vaticina.
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