Custo extra de 79 milhões com acordos laborais ditou prejuízos na TAP

A companhia aérea só registou no último trimestre os custos já incorridos com os novos acordos laborais. Contas entre outubro e dezembro tiveram saldo negativo.

Luís Rodrigues, CEO da TAP. JOSÉ SENA GOULÃO/LUSAJOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

A TAP transportou mais passageiros e teve mais receitas no quarto trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Já o resultado líquido teve o comportamento oposto. De lucros de 156,4 milhões de euros em 2023, a companhia passou para um prejuízo de 26,2 milhões. Boa parte da explicação está nos custos extraordinários decorrentes dos novos acordos coletivos assinados pela nova administração com os sindicatos.

A companhia aérea registou nas contas do quarto trimestre custos extraordinários com pessoal de 54 milhões, que justifica com os novos acordos de empresa, a que somam 25 milhões em custos com pessoal relativos a outros trimestres. Ao todo são 79 milhões de euros que pesaram nesta rubrica, que aumentou 148% entre 2022 e 2023, somando 270,4 milhões.

Foi ainda com a anterior CEO, Christine Ourmiéres-Widener, que começaram a ser negociados os novos acordos de empresa para substituir os acordos temporários de emergência assinados durante a pandemia, que impuseram despedimentos e cortes salariais que, de resto, ainda vigoraram em 2022.

Seria já a gestão liderada por Luís Rodrigues a fechar novos acordos de empresa com pilotos, tripulantes, pessoal de terra, técnicos de manutenção e outras categorias profissionais da companhia aérea. Em alguns casos, as compensações foram pagas como adiantamento, mas só este trimestre entraram nas contas dado que só foram assinados entre outubro e dezembro. A exceção foram os pilotos, cujo entendimento foi fechado em agosto.

Aquele custo extraordinário inclui também a provisão de compensações futuras. Por exemplo, o pessoal de terra só em abril receberá os aumentos acordados, com retroativos a julho.

O aumento do encargo com salários colocou a companhia em incumprimento do limite previsto no plano de reestruturação aprovado por Bruxelas. O que levou mesmo Fernando Medina a chamar ao ministério das Finanças a gestão liderada por Luís Rodrigues para corrigir a rota, como avançou o ECO. Isso mesmo foi confirmado esta quarta-feira pelo primeiro-ministro, António Costa, afirmando que foram dadas “as devidas instruções à administração para que a gestão da TAP se adeque aos compromissos assumidos no plano de reestruturação”.

Estes não foram, no entanto, os únicos custos a subir e a ditar um resultado operacional negativo de 27,2 milhões nos últimos três meses de 2023. Os custos operacionais de tráfego aumentaram 24,9% para 220,9 milhões e os encargos com manutenção dispararam 88% para 15,5 milhões. Só os custos com combustível desceram (9,2%).

O aumento dos gastos operacionais, que superaram as receitas, ditaram um prejuízo operacional de 27,2 milhões, que acabaria por levar a perdas de 26,2 milhões no trimestre. Em 2022, o resultado operacional tinha sido de 122,7 milhões e as contas ainda beneficiaram de um ganho cambial de 25,6 milhões.

Os novos acordos coletivos permitiram garantir a paz social na empresa e motivar os trabalhadores, mas os custos vão continuar a pressionar a rentabilidade em 2024. Estes encargos somaram 906,5 milhões no conjunto de 2023, mais 29,7% do que em 2022. Ficaram ainda 33,6% acima dos 678,6 milhões de 2019.

A administração abriu novas negociações com os sindicatos de forma a baixar os custos e cumprir os limites do plano de reestruturação, tendo já chegado a um entendimento com os pilotos.

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