Edmundo Martinho diz que polémica sobre Santa Casa serve “intenção de privatizar os jogos sociais”

Edmundo Martinho admite que, "por trás" da polémica da Santa Casa poderão estar "razões pessoais" ou até a "intenção de privatizar os jogos sociais". "Seria um erro fatal", defendeu.

Edmundo Martinho, antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), lamenta não ter tido “um único contacto” por parte da atual administração para “clarificar” todas as dúvidas sobre o processo de internacionalização e admite que, “por trás” da polémica, pode estar a “intenção de privatizar os jogos sociais”.

“Neste último ano, não tive um único contacto da Santa Casa no sentido de clarificar” as dúvidas relativas ao processo de internacionalização dos jogos sociais, afirmou Edmundo Martinho, antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que está a ser ouvido esta quarta-feira na comissão de Trabalho, Solidariedade e Inclusão, na sequência de um requerimento da Iniciativa e Liberal (IL) e do Chega. “Isso do ponto vista institucional parece-me bizarro“, atirou.

Estranhando a auditoria à internacionalização pedida à BDO, considerou que “as razões que estão por trás deste processo ou são pessoais ou não tem nada a ver com a Santa Casa”, aludindo a um “regresso da tese antiga de que jogos sociais devem ser privatizados”. “Junto-me à suspeita de que esteja aqui por trás a intenção de privatizar os jogos sociais da Santa Casa”, afirmou.

Esta última possibilidade, foi, aliás também já admitida por Pedro Santa Lopes, provedor da SCML entre 2011 e 2017. A privatização “seria um erro fatal e a perda monumental de um ativo“, atirou.

O fracasso dos NFT e o défice sistemático na saúde

O antigo provedor confirmou ainda que foi feito um “investimento de 500 mil euros” num projeto de non-fungible token (NFT) que caiu por terra. A aposta surgiu na altura em que começou “a febre por criptomoedas, explicou Edmundo Martinho, que admitiu que pediu ao filho, “a título gratuito”, uma apresentação sobre blockchain, criptomoedas e NFT à mesa da Santa Casa.

Mas diz ter sido “uma coincidência” que a Utruts (empresa onde o filho trabalhava) fosse a única em Portugal a operar nessa área. “Isto não deu nenhum resultado”, apontou, sublinhando que implicou apenas a “construção de um site“, o Arthentic, dado que houve ” muito poucas vendas de NTF”. Contabilizou o investimento em 500 mil euros.

Os prejuízos crónicos das unidades de saúde da Santa Casa foram também um dos temas abordados pelo antigo provedor, que adiantou que este “é um setor que acrescenta sistematicamente défice”, dado como exemplo o centro de reabilitação de Alcoitão, cujo financiamento através da atividade própria só é assegurado “até final de setembro”, e aplaudindo a revisão do acordo feita pelo anterior Executivo.

Já sobre a aquisição de uma participação de 55% na sociedade que gere o Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, em 2020, referiu que, na altura, defendeu que “fazia todo o sentido” que a unidade “se mantivesse na esfera pública ou social” e disse continua a considerar ” a solução adequada”. “Hoje essa unidade tem resultados positivos apesar da mochila negativa“, apontou referindo-se ao elevado passivo da intuição.

O Governo decidiu, na semana passada, exonerar toda a mesa da SCML, incluindo a provedora Ana Jorge, acusando a administração de ser “incapaz de enfrentar os graves problemas financeiros e operacionais da instituição” e de “atuações gravemente negligentes”, que poderão comprometer a “curto prazo” a “fundamental tarefa de ação social que lhe compete”. Ainda assim, a provedora vai-se manter em gestão corrente até ser nomeada nova equipa. Posteriormente, numa carta enviada aos trabalhadores, Ana Jorge, que tinha assumido funções há cerca de um ano, denunciou a forma “rude e caluniosa” com que foi justificada a sua exoneração.

(Notícia atualizada pela última vez às 12h31)

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