É já na próxima semana que nasce o segundo hub temático da Unicorn Factory Lisbon. Gil Azevedo, diretor executivo, explica as ambições para o projeto.
É o segundo hub temático de uma rede que a Unicorn Factory Lisboa quer espalhar pela cidade de Lisboa. O Hub Web3 nasce na próxima semana e, este ano, ainda deverá nascer um focado na Inteligência Artificial. Todos na zona de Alvalade.
Gil Azevedo, diretor executivo da Startup Lisboa e da Unicorn Factory Lisboa, revela os planos para este novo projeto a nascer na cidade que tem a ambição de posicionar o país nesta área e atrair mais empresas a se instalar. A área ambiental ou alimentação são outras na mira, que se podem transformar em potenciais hubs temáticos.
Depois do de Gaming, o segundo hub temático da Unicorn Factory Lisboa vai ganhar corpo em Alvalade. O que esperar do novo o Hub Web3?
O Hub Web3 vai ser uma associação de três espaços físicos em Alvalade, todos eles muito próximos e ligados à Web3. Vamos conseguir agregar as respetivas comunidades, mais a nossa comunidade e a que existe em Lisboa e no país, numa comunidade única: a Web3 Hub. Terá todas as características do hub que já lançámos, o de Gaming, num formato que acaba por ter maior impacto, por agregar não só um espaço físico, mas sim três. Há aqui espaço para as startups e para os empreendedores estarem lá fisicamente, se quiserem, mas se não o quiserem há toda esta comunidade do Web3 Hub a que se podem associar. Estamos a falar de quatro grandes grupos: o das startups, o dos investidores, o das empresas e o mundo académico.
Quais são as três localizações físicas? Assumo que o Poolside, que nasceu já virado para o Web3 seja uma delas.
É a Poolside, depois é o espaço do Kübe e do CV Labs e, por fim, o espaço do Sítio. Ficam os três num raio de 50 metros um dos outros e, portanto, há aqui a capacidade de conseguir ter mais espaço, mais a startups, sendo que uma vez mais, o grande objetivo é criar esta comunidade agregadora. Temos a vantagem de cada um destes três sítios, estarem a colaborar em rede, portanto, além do espaço físico temos capacidade de atrair talento, temos espaço para as startups. É um modelo que permite ganhar escala mais rapidamente.
Os próximos passos são crescer e agregar todas as diferentes empresas e pessoas que tenham interesse nesta área, para começar a fazer pontes além do hub. O Porto também já tem um hub de Web3, portanto, fizemos essa ligação ao Porto. Depois, o objetivo é fazermos essa ligação também a nível internacional. Já estamos em contacto com várias organizações internacionais, por forma a termos aqui programas conjuntos.
Arrancam com que parceiros?
Além destes três espaços, que é o essencial e o que dá corpo, temos a Cuatrecasas como parceiro de suporte e muitas startups que, desde o início, têm estado envolvidas no projeto, como é o caso da RealFevr, da Talent Protocol. A RealFevr não tinha até aqui nenhuma ligação formal (com a Startup Lisboa/Unicorn Factory), mas esteve desde o início connosco a pensar neste hub. A Talent Protocol já teve aqui na fábrica de unicórnios e no programa da Startup Lisboa e tem tido também um papel bastante relevante.
Quais são os próximos passos?
São sempre os mesmos para todos os hubs: ganhar escala com a comunidade. Ao conseguir agregar todas estas entidades que referi, criamos um centro com escala em Lisboa e em Portugal, sendo os próximos passos crescer e agregar todas as diferentes empresas e pessoas que tenham interesse nesta área, para começar a fazer pontes para além do hub. O Porto também já tem um hub de Web3, portanto, fizemos essa ligação ao Porto. Depois, o objetivo é fazermos essa ligação também a nível internacional. Já estamos em contacto com várias organizações internacionais, por forma a termos aqui programas conjuntos, sempre na perspetiva de fazermos crescer esta comunidade e que esta possa ter impacto para a cidade e para o país.
O hub vai reunir apenas a Web3 ou terá outras valências, como Inteligência Artificial, para as quais há também planos?
Este vai ser especificamente sobre Web3 e ser localizado em Alvalade, onde também vai nascer o nosso hub de Inteligência Artificial, em que uma das parcerias já foi anunciada, a Microsoft, e com quem estamos agora a trabalhar. Estamos a trabalhar mais num conjunto de parcerias, uma vez mais, exatamente com o mesmo objetivo: criar uma comunidade relevante e com escala que possa posicionar Lisboa e o país, para conseguirmos ser relevantes a nível internacional.
Já há data de arranca para esse hub de IA? Onde se vai instalar?
Esta parceria com a Microsoft é um projeto que tem também como parceiros a Accenture e que, para já, está a começar a ganhar forma ainda sem um local físico, mas que depois estará nesse hub de inteligência artificial, um hub distinto.
Mas há alguma data para o arranque? A Microsoft quando anunciou o seu projeto — o AI Innovation Factory — referia novembro.
Ainda não estamos a anunciar uma data final, mas vai ser até ao final do ano.
O Hub Web3 é o segundo de uma rede que a fábrica de unicórnios quer abrir na cidade. Que outros estão iminentes?
Há áreas que nos são naturalmente próximas, até pelos programas que temos vindo a desenvolver. Estamos lançar o “Clean Future”, um programa de aceleração para startups na área da sustentabilidade ambiental. É uma área que acreditamos que pode ter peso na sociedade e que, potencialmente pode evoluir para um hub. É uma área onde há muito investimento, quer nacional quer internacional, em franca expansão, portanto, com bastante potencial. Vamos fazer, creio que pela primeira vez em Portugal, um programa que vai além-fronteiras, em conjunto com outras três cidades: Helsínquia (Finlândia), San Sebastián (Espanha) e com Marselha (França). Outro programa, que este ano já vai para a 6.ª edição, o “From Start-to-Table”, na área alimentar, também uma área que no futuro, não nos próximos 12 meses, mas mais além, pode ter um papel bastante relevante também.
No ano passado foi anunciado que iria nascer no centro de inovação do IST, no Arco do Cego, um welltech hub. Como está esse projeto?
No mesmo ponto de conseguirmos ter uma escala que acho que nos dê a segurança de ser relevante. Estamos ainda a trabalhar nesse sentido.
A indústria Web3 é vastíssima. Que potencial este hub pode trazer de instalação de empresas, de riqueza para a cidade e o país?
O objetivo desta rede de hubs é conseguir atrair projetos que sejam inovadores, escaláveis, que possam, de facto, atrair mais investimento e criar mais emprego. Ao criarmos estes hubs especializados, conseguimos colocar-nos nestas áreas acima da nossa dimensão natural, um país que, obviamente, não tem a escala de uma Alemanha, França ou Inglaterra. Ao conseguimos trazer estes parceiros e agregar estas entidades, conseguimos potenciar muito mais o nosso peso como país nestas áreas. É essa a visão, uma visão que outros países de dimensão semelhante à nossa também têm desenvolvido. Temos total confiança que vai conseguir ter bastante impacto nestas áreas em inovação, emprego, investimento para a cidade e o país.
Há aqui um período, não sabemos se alguns meses, se mais do que um ano, para vermos um próximo unicórnio português, mas veremos com certeza.
Lisboa ficou recentemente no Top 10 dos ecossistemas de empreendedorismo europeu, segundo o FT. Num ranking de 125 houve seis nacionais. Que significado aponta?
É sinal de que o apoio dado em Portugal a empreendedores e a startups é bastante relevante pela posição que várias incubadoras ou entidades conseguiram. Parte do ranking também é feito com base na opinião dos empreendedores que passaram por esses espaços e programas e, portanto, têm uma opinião muito positiva do trabalho a ser feito. É um bom sinal do progresso que o ecossistema tem vindo a ter, especialmente nestes últimos dois anos pós-pandemia. Agora, obviamente, há caminho para fazer. Temos a expectativa de que com estes programas que temos vindo a desenvolver, nos possamos posicionar muito rapidamente no top cinco, até pela escala que estamos a criar nos diferentes programas e diferentes hubs que estamos a falar.
Dados da Dealroom.com apontam para um trimestre com mais investimento no ecossistema, na ordem dos 150 milhões, bem acima dos cerca de 50 milhões no passado até março. Está certo que 100 milhões são só da ronda da Powerdot, mas estaremos perante uma mini-retoma do investimento?
Se olharmos para uma tendência de longo termo, 2023 foi um ano que não envergonha, mas foi um ano de adaptação à nova realidade: taxas de juros, atratividade de investimentos, o valor das próprias empresas. À medida que estes novos fatores acabam por ser interiorizados pelos investidores e pelas startups, é natural que comecemos a ver aqui um acréscimo de rondas de investimentos e o ano de 2024 será claramente já superior a 2023. E esta retoma está a chegar.
E haverá capacidade do ecossistema de voltar a gerar unicórnios? Ou como isso implica rondas bem mais robustas, vai ser mais um ano sem ver startups a voar para esse estatuto?
O estatuto ficou bastante mais exigente neste novo contexto. Taxas de juro muito baixas promoviam investimentos em áreas com maior potencial, como a inovação. Agora, a barra de uma empresa passar a ser considerada unicórnio é bastante mais exigente. Se fosse o mesmo critério de antes deste novo cenário macroeconómico, já teríamos com certeza mais unicórnios. Agora temos que ver. Há aqui um período, não sabemos se alguns meses, se mais do que um ano, para vermos um próximo unicórnio português, mas veremos com certeza.
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Fábrica de unicórnios abre hub Web3 em Alvalade
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