Scholz alerta para riscos de protecionismo após tarifas dos EUA sobre a China
"O protecionismo acaba por tornar tudo mais caro", diz o chanceler alemão Olaf Scholz, antes de acrescentar que é preciso "um comércio mundial justo e livre".
O chanceler alemão, Olaf Scholz, alertou esta quarta-feira para os riscos do “protecionismo”, um dia depois de o Presidente norte-americano, Joe Biden, ter anunciado novas tarifas sobre importações da China, designadamente de veículos elétricos.
“É evidente que a economia alemã enfrentou desafios sem precedentes nos últimos dois anos, desde o ataque russo à Ucrânia. E, nesta situação, temos de ter cuidado para que os mercados abertos não entrem em colapso”, declarou Scholz, num evento organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Alemã. O líder alemão argumentou que “o protecionismo acaba por tornar tudo mais caro”. “O que precisamos é de um comércio mundial justo e livre”, defendeu o chanceler, reiterando uma posição expressa noutras ocasiões.
Tal como a Casa Branca tinha antecipado, Biden anunciou terça-feira novas tarifas no valor de 18 mil milhões de dólares (16,6 mil milhões de euros) sobre as importações de produtos chineses, sendo os veículos eléctricos os mais atingidos, com taxas que sobem de 25% para 100%. Também o Conselho Consultivo de Economistas do governo alemão, o grupo dos chamados “cinco sábios”, avaliou esta medida como menos eficaz do que muitos acreditam e que não seria apropriado que a União Europeia (UE) seguisse este caminho.
“É evidente que os EUA pretendem, por razões políticas, proteger o seu povo e a sua indústria. É compreensível, mas a questão é saber se algo semelhante seria apropriado para nós, talvez não seja a coisa mais inteligente a fazer”, disse Monika Schnitzer, presidente do grupo. Ainda na terça-feira, a Comissão Europeia anunciou que iria analisar a decisão dos Estados Unidos, bem como o seu possível impacto no mercado dos 27.
O porta-voz da Comissão Europeia para o Comércio, Olof Gill, indicou durante a conferência de imprensa diária que não ia comentar a aplicação das tarifas, nem as conclusões a que as autoridades norte-americanas chegaram a este respeito. As novas tarifas afetam setores descritos pela Casa Branca como “vitais para o futuro económico e a segurança nacional dos Estados Unidos”, como aço, alumínio, semicondutores, veículos elétricos, baterias, painéis solares, guindastes de descarga de navios e produtos médicos.
A CE abriu formalmente uma investigação anti-subsídios sobre as importações de veículos elétricos da China em outubro. A investigação visa determinar se as cadeias de valor destes veículos na China beneficiam de subsídios ilegais e se estes causam ou ameaçam causar danos económicos aos produtores de automóveis elétricos da UE.
Com base nas conclusões da sua investigação, a CE determinará se deverá atenuar os efeitos das práticas comerciais desleais constatadas através da imposição de direitos antissubvenções sobre as importações de veículos elétricos provenientes da China. Olof Gil lembrou também que em 06 de maio, numa reunião em Paris, a presidente da CE, Ursula von der Leyen, instou o Presidente chinês Xi Jinping a abordar os desequilíbrios e as políticas que estão na origem deste excesso de capacidade.
O ministro da Economia italiano, Giancarlo Giorgetti, defendeu também que é necessário que a UE se defenda da concorrência de países externos, ao responder se a Europa deve seguir o caminho norte-americano e impor tarifas contra a China. Segundo a CE, os veículos chineses têm uma penetração de 8% no mercado comunitário – que poderá duplicar para 15% em 2025 se a mesma taxa se mantiver – e custam 20% menos que os europeus.
O inquérito comunitário sobre estas importações chinesas será concluído no prazo máximo de 13 meses a contar do seu início e, se legalmente justificado, poderão ser instituídos direitos antissubvenções provisórios no prazo de nove meses a contar do seu início. As medidas finais podem ser instituídas até quatro meses mais tarde ou no prazo de 13 meses após a abertura do inquérito.
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