Comércio defende “sistema flexível” na imigração para evitar “estrangulamento” na mão-de-obra

João Vieira Lopes está atento a eventuais "estrangulamentos na mão-de-obra" causados pelo novo plano para imigração. "Esperamos que o Governo defina algum sistema flexível para evitar isso", diz.

Os empregadores do comércio e serviços estão atentos ao potencial impacto das limitações à imigração na disponibilidade de mão-de-obra, especialmente considerando que se aproxima a época alta. Em declarações ao ECO, o presidente da confederação empresarial que representa esses setores adianta que espera, assim, que o Governo “defina algum sistema flexível” para que não faltem trabalhadores às empresas.

“A nossa grande preocupação é não haver estrangulamentos na mão-de-obra, especialmente em certas épocas, como o verão. Esperamos que o Governo defina algum sistema flexível para evitar isso”, sublinha João Vieira Lopes, para o qual o plano apresentado pelo Governo, no seu todo, “tem sentido”, mas inclui pontos “que preocupam muito”.

Um desses pontos é capacidade de os serviços consulares darem resposta a todos os novos pedidos de visto, sendo que falhas a esse nível poderá levar a atrasos na chegada de trabalhadores ao país.

É que ficou definido que passa a ser obrigatório apresentar um contrato de trabalho no país de origem antes de rumar a Portugal, isto é, acabam as manifestações de interesse como condição para os imigrantes poderem aceder a autorização de residência.

Perante esta medida, João Vieira Lopes atira: “Não temos a certeza que os nossos serviços consulares estejam preparados para dotar toda a gente da documentação adequada“.

No plano apresentado esta semana, o Governo prevê o reforço dos meios humanos dos consulados — em concreto, prevê-se a integração de 45 novos peritos analistas de vistos, que reforçarão os postos prioritários da rede consular –, mas o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) está receoso. Talvez fosse de definir uma situação transitória“, defende, avisando que o período que se aproxima, o verão, é particularmente crítico, no que diz respeito à necessidade de mão-de-obra.

Há vários anos que a economia como um todo — incluindo o comércio e serviços — se debate com escassez de trabalhadores. Segundo uma análise recente do Banco de Portugal, mais de 22% das empresas nacionais já emprega estrangeiros, quase o triplo do que em 2014.

O próprio Governo reconhece que será preciso continuar a recorrer a mãos estrangeiras, pelo que anunciou que vai criar uma “via verde” entre os consulados e as associações empresariais para acelerar a emissão de vistos para trabalhadores que sejam recrutados. Vieira Lopes admite que não conhece a fundo esse mecanismo, mas não deixa para já elogios.

Outra das preocupações são as situações pendentes, identifica o responsável. O Governo já disse que há, neste momento, cerca de 400 mil processos pendentes na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA). João Vieira Lopes lembra que, no passado, já houve tentativas de resolver este cenário, mas “nunca houve resultados muito concretos”, por isso espera que o novo plano possa ter outro desfecho.

Os demais empresários ouvidos pelo ECO, noutros setores de atividade, também deixaram “parecer positivo” ao plano do Governo e avisaram que é preciso agilidade nos serviços para evitar atrasos, que tornem os processos de contratação ainda mais lentos.

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