Exclusivo Bandora levanta 1,5 milhões para tornar “inteligentes” edifícios na Europa e América Latina

A startup, incubada no Uptec, tem este ano como objetivo "multiplicar a faturação por 10 vezes". Está a contratar. Até ao final do ano quer passar de 12 para 23 colaboradores.

A Bandora fechou uma ronda de 1,5 milhões de euros para dar energia ao projeto de expansão da startup que ajuda a transformação digital de edifícios tornando-os 100% autónomos. Em dois anos, querem ter 600 edifícios otimizados com a sua solução e chegar a “novos mercados da Europa e da América Latina”. República Dominicana e Colômbia são novos objetivos na mira. Para este ano, a ambição é “multiplicar a faturação por 10 vezes”.

“O capital agora levantado permitirá escalar significativamente todas as nossas operações, sem comprometer a qualidade do nosso serviço inovador de otimização da gestão e controlo da climatização em edifícios, que é o maior diferencial da Bandora. Até agora, o nosso foco foi a investigação e desenvolvimento da solução. Conseguimos reunir na Bandora os maiores especialistas em Inteligência Artificial (AI), na área de Simulação Energética de Edifícios e Automação e Controlo, cuja propriedade intelectual se encontra protegida”, começa por dizer Márcia Pereira, CEO da Bandora, ao ECO.

Liderada pela BlueCrow Capital, contando com a participação da Portugal Ventures, com esta ronda eleva-se para 1,6 milhões de euros o montante levantado junto de fundos de capital de risco privado.

“O novo financiamento será destinado à capacitação e crescimento das nossas equipas de vendas, marketing e operações, de forma a garantir que a Bandora estará preparada para a futura fase de maturidade”, reforça a CEO da startup que, em abril, venceu a fase local da 5.ª edição do Zurich Innovation Championship.

A nova injeção de capital também será aplicada na investigação e desenvolvimento “de soluções que enderecem novos segmentos de mercado, como o residencial, mas também outros sistemas energéticos existentes num edifício, tais como a iluminação, energias renováveis e carregamento de veículos elétricos.”

A nível operacional as metas estão já definidas. Em dois anos, a startup quer atingir os 600 edifícios otimizado pela sua solução dos quais 150 já estão contratualizados.

“Além do crescimento das equipas, este investimento facilitará também o estabelecimento de parcerias estratégicas, que irão permitir uma elevada capilaridade da nossa força comercial e tecnológica”, aponta Márcia Pereira.

Para aumentar essa capilaridade nos planos da startup está a criação da Academia Bandora. Esta é concebida “especialmente para parceiros, agentes e revendedores que queiram disseminar a Bandora junto dos seus clientes finais e crescer connosco.”

Operadores de energia elétrica, de telecomunicações, consultores de energia, grupos de real estate e integradores de soluções de Internet das Coisas (IoT) em edifícios são alguns dos atuais clientes/parceiros da startup. “Estamos confiantes de que (a Academia) será uma das peças-chave para a nossa expansão, tanto em Portugal como internacionalmente”, considera a CEO.

Europa e América Latina na mira da internacionalização

Aumentar a presença no mercado externo está igualmente nos planos da empresa. “Estamos neste momento a planear a nossa expansão, que nos permitirá entrar em novos mercados internacionais, tanto por nossa iniciativa como através de parcerias estratégicas que surjam oportunisticamente e que obviamente vamos aproveitar”, adianta.

“A nossa aposta sempre foi o mercado europeu, onde a taxa de adoção de IoT ou sistemas smart para edifícios ultrapassa os 20% e o custo da eletricidade é elevado, tornando a nossa solução altamente atrativa e de fácil implementação”, refere Márcia Pereira.

Atualmente, além de Portugal, a Bandora está presente em Espanha, Emirados Árabes Unidos e Brasil. Mas o objetivo é aumentar a mancha de presença geográfica. “Até 2026, vamos entrar em novos mercados da Europa e da América Latina”, adianta a responsável, sem mais detalhes. República Dominicana e Colômbia são mercados na mira.

Márcia Pereira, CEO da Bandora

“Além da nossa estratégia no mercado europeu, já estabelecemos um acordo de distribuição no Brasil, focado no retalho, nomeadamente em supermercados e restaurantes fast food, e estamos também a conduzir uma prova de conceito nos Emirados Árabes Unidos, especificamente um hotel em Abu Dhabi. Estes contratos de distribuição surgiram no seguimento da elevada notoriedade que a Bandora tem conseguido alcançar este ano. Para além disso, já conhecíamos as empresas e os seus interlocutores, que se mostraram muito interessados no nosso produto e, principalmente, nos resultados alcançados com os nossos clientes”, descreve a CEO quando questionada sobre a estratégia de internacionalização.

“A estratégia a adotar numa fase de entrada e experimentação de um novo mercado é através de parcerias com empresas que possam suportar os nossos clientes a nível comercial, técnico e de suporte. Numa fase de maior maturação do mercado, poderemos equacionar a abertura de escritório com a contratação de recursos locais, caso a atividade justifique a nossa presença”, detalha.

Por outro lado, “uma estratégia puramente outbound, que temos testado em Portugal com um estrondoso sucesso, faz-nos acreditar que podemos replicar a receita em qualquer lugar do mundo”, ressalva. “Esta expansão para novas geografias reflete a nossa ambição de consolidar uma posição de liderança em soluções de otimização energética para edifícios inteligentes não só em Portugal, mas também globalmente.”

Equipa e faturação a crescer

Sediados no Porto, onde tem toda a equipa de engenharia, a Bandora é uma spin-off da Universidade do Porto e incubada no Uptec, tendo alguns recursos em Lisboa, para maior proximidade com os nossos clientes, mais concretamente, nas áreas de field, suporte e operações.

“As primeiras contratações de recursos humanos tiveram lugar em fevereiro de 2020, momento em que, devido à fase em que se encontrava a Bandora, adotámos naturalmente um modelo inteiramente remoto”, lembra Márcia Pereira.

Mas desde abril de 2023, passaram a adotar um modelo praticamente 100% presencial. “No nosso caso, resultou em elevados ganhos de eficiência, colaboração e cultura empresarial. Parece ser contra a corrente, mas este regime de trabalho acabou por ser o que fez mais sentido para nós. Tendo em conta que estamos a criar um conceito totalmente inovador no mercado – o de Edifícios Autónomos –, pelo que consideramos que o trabalho remoto não é possível para desenvolvermos o processo de criação, sem processos implementados ou ferramentas de gestão”, explica a responsável.

Hoje, conta com uma equipa de 12 pessoas, mas “conscientes de que o potencial de crescimento da nossa operação terá um impacto significativo na nossa equipa” o objetivo é, até final do ano, aumentar para 23 o número de colaboradores.

Estamos em processo de contratação em diversas áreas-chave, incluindo equipas técnicas e de marketing. Data scientists, programadores, profissionais de suporte, operações, marketing e vendas estão entre os perfis com que pretendemos reforçar a nossa equipa e que consideramos que melhor poderão contribuir para a nossa visão de inovação contínua, no que toca à otimização do consumo de energia em edifícios e à exploração de novas aplicações da nossa tecnologia”, refere a CEO.

Um crescimento das operações que Márcia Pereira acredita que se irá refletir num aumento do volume de negócios já este ano. “O nosso objetivo é multiplicar a faturação por 10 vezes, com a meta de otimizar cerca de 300 edifícios até o final do ano.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Bandora levanta 1,5 milhões para tornar “inteligentes” edifícios na Europa e América Latina

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião