Exclusivo Coreanos das eólicas constroem nova fábrica de 300 milhões e 1.000 empregos em Aveiro
Porto de Aveiro concessiona mais dois lotes à CS Wind, onde a líder mundial de torres eólicas vai erguer uma fábrica de fundações offshore flutuantes. Será a quarta em Portugal, onde já emprega 1.200.
A gigante sul-coreana CS Wind, maior fabricante mundial de torres eólicas, acaba de assegurar mais duas parcelas de terreno com uma área total de 121.362 metros quadrados, contíguas às atuais instalações da empresa na Zona de Atividades Logísticas e Industriais (ZALI) do Porto de Aveiro, onde já tem em funcionamento duas unidades industriais dedicadas ao fabrico de equipamentos para produção de energia eólica offshore.
Em declarações ao ECO, Bruno Martins Azevedo, diretor de vendas e projetos da CS Wind Portugal, avança que a subsidiária do grupo asiático concorreu a este concurso público, lançado em fevereiro, “de forma a garantir as áreas necessárias à sua expansão e construção de uma nova unidade industrial com tecnologia de ponta para o fabrico de componentes eólicos offshore, nomeadamente fundações offshore flutuantes”.
“O investimento previsto dependerá do output necessário e [resultante] dos programas e objetivos nacionais a instalar em termos de GW e do período para os mesmos, mas estimamos um investimento a rondar os 200 a 300 milhões de euros nesta nova unidade, e prevemos criar cerca de 1.000 novos empregos”, adianta o porta-voz da empresa, que já assegura atualmente mais de 1.200 postos de trabalho em Portugal.
Estimamos um investimento a rondar os 200 a 300 milhões de euros nesta nova unidade, e prevemos criar cerca de 1.000 novos empregos.
Esta será a quarta fábrica portuguesa da multinacional que em fevereiro de 2022 assumiu o controlo total da ASM Industries, que já era líder nacional no fabrico de torres eólicas, depois de comprar a participação de 40% que ainda estava nas mãos de Adelino da Costa Matos, que deixou então o cargo de CEO. No verão de 2021, a WAM Investments, controlada pelo filho do histórico industrial metalúrgico Adelino da Silva Matos já tinha vendido por 46,5 milhões de euros uma participação de 60% na empresa aveirense.
A fábrica original na ZALI do Porto de Aveiro, inaugurada em 2019, produz torres eólicas offshore e partes de fundações offshore fixas (monopiles). Em maio deste ano, num investimento avaliado em 120 milhões e já realizado pelos novos acionistas, inaugurou ali uma segunda unidade, com o triplo de capacidade, dedicada a 100% ao fabrico dos modelos maiores e mais modernos de torres eólicas offshore. Passou então a ter capacidade para produzir semanalmente 3.300 toneladas, o equivalente a cerca de 200 torres eólicas offshore por ano.
Quando este novo projeto para o fabrico de fundações offshore estiver em funcionamento, a CS Wind estima “duplicar a tonelagem” que produz atualmente no Porto de Aveiro. Além disso, esta quarta unidade garantirá a “aplicação do know-how exclusivo que tem no fabrico de fundações offshore flutuantes a nível nacional, conseguido com o fabrico de duas das três plataformas flutuantes que fazem parte do WindFloat Atlantic, instalado ao largo de Viana do Castelo”.
Por outro lado, acrescenta Bruno Martins Azevedo, estará também “preparada, se o mercado e as diretrizes políticas assim o indicarem, para outras fundações e componentes offshore de forma a dar suporte ao desenvolvimento dos projetos eólicos offshore em Portugal, mas também de forma a tornar a CS Wind Portugal e o Porto de Aveiro num hub de referência a nível europeu e mundial na área do fabrico de componentes eólicos offshore de grandes dimensões e complexidade”.
Concessão rende 2,2 milhões por ano ao Porto de Aveiro
Com origem na década de 1980, a multinacional que adotou o pseudónimo usado pelo filho do fundador (“ChoongSan”) – significa “uma montanha pesada que pode suportar todas as dificuldades” – faturou em Portugal cerca de 110 milhões de euros no ano passado. A reboque destes novos investimentos, o plano de negócios desenhado pela companhia sediada em Seul prevê aumentar as vendas no país para 257 milhões de euros em 2024 e chegar aos 400 milhões de euros em 2025.
Além das duas unidades de produção no Porto de Aveiro especializadas no segmento offshore (para instalar no mar), a partir das quais exporta estes equipamentos por via marítima para vários países europeus e para os EUA, a CS Wind detém ainda uma fábrica no concelho vizinho de Sever do Vouga. Adquirida igualmente ao grupo A. Silva Matos, é ali que produz as torres eólicas para instalar em terra (onshore) e foi recentemente alvo de um investimento de 15 milhões de euros para aumentar a capacidade de produção e a área de armazenamento.
Na ZALI do Porto de Aveiro passará agora a ocupar uma área total de 414.332 metros quadrados, depois da assinatura do contrato a 16 de julho. Atribuída por um período de 30 anos e prevendo a possibilidade de uma única prorrogação por um prazo adicional de 10 anos, a concessão vai render 2,184 milhões de euros por ano à administração portuária liderada por Eduardo Feio, antigo presidente do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT).
O concurso publicado, lançado com a intenção de atrair mais investimentos industriais ligados à indústria eólica offshore flutuante, disponibilizou ainda um terceiro terreno (parcela C). No entanto, a Administração do Porto de Aveiro (APA) acabou por não receber qualquer proposta por esse terreno com uma área de 70.728 metros quadrados e com uma frente de cais de 200 metros, a ser construído pelo futuro concessionário.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Coreanos das eólicas constroem nova fábrica de 300 milhões e 1.000 empregos em Aveiro
{{ noCommentsLabel }}