Lucro semestral dos CTT cai 24% com fim da febre dos Certificados
O resultado líquido da empresa recuou 6,2 milhões de euros face à primeira metade do ano passado, altura em que as subscrições de Certificados de Aforro bateram recordes.
Os CTT CTT 0,00% lucraram 19,8 milhões de euros no primeiro semestre, menos 6,2 milhões que no mesmo período de 2023, o que se traduz numa queda de quase 24% do resultado líquido. O segundo trimestre foi mais lucrativo do que o do ano anterior, mas não o suficiente para ofuscar a quebra observada no primeiro.
A explicação para este pior resultado pior face ao ano passado encontra-se, sobretudo, no negócio dos Serviços Financeiros. As subscrições de Certificados de Aforro via CTT atingiram máximos históricos na primeira metade de 2023, num ambiente de taxas de juro elevadas, um feito muito difícil de replicar pelos Correios este ano, depois de o anterior Governo ter cortado a remuneração deste produto de dívida pública.
“A alteração das condições de comercialização em junho de 2023 reduziu a atratividade deste produto para o aforrador, devido à redução das taxas de juro, e limitou a capacidade de comercialização, devido à diminuição drástica dos limites máximos de aplicação por subscritor”, explica a empresa no comunicado dos resultados. “Perspetiva-se que uma possível futura alteração das condições de comercialização venha a aumentar a subscrição deste produto”, ressalvam os CTT.
Negócio das encomendas cresce 50%. CTT cativam gigantes com “oferta ibérica”
Neste contexto, no primeiro semestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) encolheu 11,6%, para 70,8 milhões de euros. Os rendimentos operacionais totalizaram 524,3 milhões de euros, aumentando mais de 9%, com as receitas do segmento Expresso e Encomendas em concreto a dispararem 48,9%, para 210,4 milhões de euros, por causa do “aumento de tráfego na Península Ibérica”.
Para comparação, a empresa diz que o tráfego do segundo trimestre ficou “perto dos níveis registados” no quarto trimestre de 2023, em plena peak season. “A expansão do segmento Expresso e Encomendas é fruto da crescente adoção do e-commerce e do ganho de quota de mercado, o qual reflete os investimentos feitos na expansão e capacidade da rede, na extensão e diferenciação do portefólio dos serviços oferecidos e na qualidade de entrega”, lê-se na nota de imprensa.
Nestes seis meses, os CTT continuaram a uniformizar o negócio das encomendas de Espanha e Portugal “numa só oferta ibérica”, “nomeadamente através da homogenização do portefólio de produto, abordagem comercial, segmentação de clientes e metodologia de preços”.
“Fortaleceu-se também a articulação comercial entre Portugal e Espanha na gestão de grandes contas internacionais”, diz a empresa, algo “crucial” porque “grande parte dos clientes atua em toda a Península Ibérica e tem, por isso, preferência por um serviço integrado que abranja toda a região“, admite a companhia. Entre os grandes clientes dos CTT estão empresas como as chinesas Shein e Temu e a norte-americana Amazon.
No Correio e Outros, as receitas cresceram 3,6%, para 240,6 milhões de euros. “O negócio de correio beneficiou no primeiro trimestre do tráfego gerado pelas eleições legislativas, mas foi prejudicado pelo menor número de dias úteis”, refere a cotada portuguesa.
Depósitos a prazo crescem 38% no Banco CTT
O Banco CTT contribuiu com 62,1 milhões de euros para os rendimentos semestrais, mais 2,6% do que no semestre prévio, com a margem financeira a melhorar 4,1%, ascendendo a 47,9 milhões de euros.
Nos seis meses até junho, o número de contas à ordem aumentou em 20 mil face em relação ao final de dezembro de 2023, com os depósitos a crescerem 22% em cadeia, para 3.772 milhões de euros. “Assistiu-se a um aumento de 38% dos depósitos a prazo e uma estabilização dos depósitos à ordem face a dezembro de 2023”, nota a empresa. As comissões recebidas atingiram 13,4 milhões, mais 2,3% em termos homólogos.
"O Banco CTT está concentrado em continuar a crescer a sua base de clientes e em aumentar o seu desenvolvimento com estes, de modo a crescer os volumes de negócios, com especial enfoque ao nível da poupança e depósitos.”
Para o futuro próximo, a empresa acredita que o banco está “bem posicionado para atingir os objetivos de 2025” que assumiu em setembro do ano passado, nomeadamente atingir as 700 mil contas abertas (fechou o semestre com 667 mil), ou “melhorar a rendibilidade”, atingindo resultados antes de impostos entre 25 milhões e 30 milhões (vs. 10,6 milhões no primeiro semestre).
Nos Serviços Financeiros, como referido, houve quedas significativas por causa do menor interesse dos consumidores por Certificados de Aforro. Os CTT obtiveram até junho 73,3 milhões de euros com este negócio, menos 33,4 milhões de euros do que no primeiro semestre, uma quebra de 31,3%.
Os gastos dos CTT agravaram-se 13,3% e tocaram 453,6 milhões, “sendo o crescimento essencialmente explicado pelo aumento da atividade de Logística, em especial o Expresso e Encomendas”. O aumento do salário mínimo e dos salários na empresa levou a uma subida dos gastos com pessoal em 8,9 milhões, ou 4,6%. A 30 de junho, a empresa tinha 13.813 trabalhadores.
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