Há sete setores com salários médios acima dos dois mil euros brutos em Portugal
Salário médio praticado em Portugal superou a fasquia dos 1.600 euros brutos no segundo trimestre, mas há sete setores onde vencimentos já ultrapassam mesmo os dois mil euros, dos seguros à indústria.
Já há sete setores da economia portuguesa nos quais o salário médio ultrapassa os dois mil euros brutos mensais. Com um reforço salarial de quase 14% no segundo trimestre, as indústrias extrativas juntaram-se a esse grupo, do qual já constavam, por exemplo, as atividades de eletricidade e gás, as atividades financeiras e seguros e o setor tecnológico.
De acordo com os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), entre abril e junho, a remuneração bruta total mensal média por trabalhador aumentou 6,4% em termos homólogos, para 1.640 euros. Mas há vários setores que já superam esse valor.
É o caso das atividades ligadas à eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio. Ainda que tenha subido menos de 1% no segundo trimestre em termos homólogos, o salário médio praticado nesse setor manteve-se o mais expressivo da economia portuguesa: 3.588 euros.
A completar o pódio estão as atividades financeiras e de seguros e as atividades de informação e comunicação. No primeiro caso, o segundo trimestre foi sinónimo de um aumento homólogo do salário médio de 4,5%, para 2.762 euros. Já no segundo, houve uma subida de 4,9%, para 2.658 euros.
Veja abaixo que salário médio paga cada setor
Fonte: INE
Além destes setores, há ainda a destacar a educação (onde o vencimento médio chegou aos 2.563 euros até junho), as atividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (2.488 euros) e a administração pública e defesa, e Segurança Social obrigatória (2.086 euros).
Há um ano, estes eram os únicos setores da economia portuguesa com salários médios acima dos dois mil euros, segundo os dados consultados pelo ECO. Mas o caso mudou de figura no segundo trimestre deste ano.
É que as indústrias extrativas viram o vencimento médio crescer 13,6%, atingindo 2.053 euros. Este foi mesmo o aumento mais robusto entre todos os setores da economia nacional e, em resultado, o número de setores com ordenados médios acima dos dois mil euros subiu, então, para sete.
Também com um aumento expressivo (10,1%), os transportes e armazenagem ficaram a somente quatro euros dessa fasquia — isto é, neste setor a remuneração bruta total mensal atingiu os 1.996 euros –, pelo que é previsível que no próximo trimestre o número de setores com vencimentos acima dos dois milhares de euros mensais volte a aumentar.
Agricultura e turismo nos piores lugares
Ainda que tenha subido mais de 7% no segundo trimestre, o salário médio praticado na agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca teimou em não chegar à barreira dos mil euros (está em 976 euros). Foi a única atividade económica abaixo dessa fasquia, de acordo com os dados do INE.
Também na base da tabela está o setor do alojamento, restauração e similares (o vencimento médio é de 1.053 euros), ainda que este seja uma das atividades que mais emprega trabalhadores em Portugal. Aliás, em 2023, o peso do turismo na economia nacional atingiu máximos históricos, de acordo com os números recentemente divulgados pelo gabinete de estatísticas.
Com o desígnio de reforçar os salários portugueses — que persistem longe dos campeões europeus –, os economistas têm alertado que é preciso mudar o perfil da economia portuguesa, e apostar em setores que geram mais valor, sejam competitivos e, portanto, consigam pagar melhores remunerações do que as empresas turísticas.
Outro alerta que tem sido feito pelos especialistas é que é preciso que as empresas portuguesas têm de ganhar escala para conseguir pagar melhores ordenados. E os dados do INE parecem confirmar esse alerta. No segundo trimestre, as empresas maiores não só foram as que conseguiram o maior salário médio, como foram as que registaram os maiores aumentos.
Empresas maiores pagam melhor
Fonte: INE
“Em junho de 2024, a remuneração total variou entre 1.039 euros, nas empresas com um a quatro trabalhadores, e 2.044 euros, nas empresas com 500 e mais trabalhadores“, sublinha o gabinete de estatísticas.
E acrescenta: “em relação ao período homólogo de 2023, a remuneração total aumentou em todos os escalões de dimensão da empresa, tendo a maior variação ocorrido nas empresas com 500 e mais trabalhadores (7,3%) e a menor nas empresas com 50 a 99 trabalhadores (4,7%)”.
Quanto à distinção entre o setor privado e o público, no segundo trimestre os aumentos dos salários médios foram idênticos (6,6% em ambos os casos), mas o Estado continua a pagar melhor (2.484 euros contra 1.389 euros).
Há, porém, justificações a ter em conta, como as qualificações dos trabalhadores, a composição etária e as diferenças nas funções prestadas.
“Verifica-se que os trabalhadores do setor das administrações públicas têm, em média, níveis de escolaridade mais elevados: 55,7% dos trabalhadores neste setor tinham ensino superior (24,9% no setor privado), 27,1% tinham completado o ensino secundário ou pós-secundário (32,3% no setor privado) e 17,2% tinham um nível de escolaridade correspondente, no máximo, ao 3.º ciclo do ensino básico (42,7% no setor privado)”, detalha o INE.
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