Indústria papeleira dona de uma “pequena percentagem” da área ardida nos últimos dias

  • Margarida Peixoto
  • 22 Junho 2017

Nenhum dos terrenos atravessados pela chamada "estrada da morte" pertencia às empresas associadas da CELPA, garante fonte oficial ao ECO.

As maiores empresas da indústria papeleira — Altri, Celbi, Celtejo, Caima, Altriflorestal, Europac, The Navigator e Renova — são donas de “uma pequena percentagem” da área ardida nos últimos dias nos distritos de Coimbra, Leiria e Castelo Branco. Contudo, nenhum dos terrenos atravessados pela chamada “estrada da morte” pertencia a estas empresas, revelou fonte oficial da associação do setor, ao ECO.

“As associadas da CELPA [Associação da Indústria Papeleira] têm propriedades nos distritos referidos [de Coimbra, Leiria e Castelo Branco]. Podemos confirmar que algumas dessas áreas também foram atingidas pelos fogos. Todavia, apesar de ainda não podermos apresentar números exatos, estamos em condições de confirmar que é uma pequena percentagem da área total ardida”, explicou fonte oficial.

Sobre os terrenos atravessados pela chamada “estrada da morte”, a Nacional 236, que liga Figueiró dos Vinhos a Castanheira de Pera, a associação garante que não pertenciam a nenhuma das suas associadas.

Das associadas da CELPA, a Renova não tem floresta. Já o Grupo Altri e a The Navigator Company têm floresta de várias espécies, mas na maior parte é eucalipto. A Europac tem uma área muito reduzida de pinho, mas não tem nada naquela zona.

Confrontada pelo ECO, a CELPA garante que as regras do Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra incêndios são “seguidas rigorosamente pela indústria” e que a distância de segurança entre a floresta e a estrada “é sempre cumprida”.

No âmbito da AFOCELCA — um corpo de sapadores florestais privado, criado pela Altri e a The Navigator, para proteger as florestas das empresas, mas que desde 2005 integra o dispositivo nacional de defesa da Proteção Civil — a indústria está a colaborar no combate aos fogos que ainda lavram no Centro do país. Aliás, “cerca de 85% do combate feito pela AFOCELCA é fora das propriedades sob sua gestão”, adianta a mesma fonte.

Geralmente, os meios disponibilizados pela AFOCELCA consistem em três helicópteros ligeiros, cada um com uma equipa de combate de cinco sapadores florestais; 38 unidades de prevenção e vigilância, compostas por três sapadores com equipamento de primeira intervenção, e 18 equipas de combate terrestre com seis elementos operacionais num veículo semi-pesado.

Nos fogos de 2015, o último ano para o qual há dados disponíveis, arderam 700 hectares das empresas associadas da CELPA (Grupo Altri e The Navigator Company), o que corresponde a 0,4% das áreas que tinham sob gestão, explica a associação. Nesse ano, a AFOCELCA investiu 3,3 milhões de euros em ações de prevenção dos incêndios — controlo de vegetação, limpeza de caminhos e aceiros e manutenção e construção de rede viária e divisional. As ações incidiram sobre uma área de 29,3 mil hectares, o equivalente a 18% do território gerido pelas empresas associadas.

(Notícia atualizada com mais informação às 17h19)

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