Indústria papeleira dona de uma “pequena percentagem” da área ardida nos últimos dias
Nenhum dos terrenos atravessados pela chamada "estrada da morte" pertencia às empresas associadas da CELPA, garante fonte oficial ao ECO.
As maiores empresas da indústria papeleira — Altri, Celbi, Celtejo, Caima, Altriflorestal, Europac, The Navigator e Renova — são donas de “uma pequena percentagem” da área ardida nos últimos dias nos distritos de Coimbra, Leiria e Castelo Branco. Contudo, nenhum dos terrenos atravessados pela chamada “estrada da morte” pertencia a estas empresas, revelou fonte oficial da associação do setor, ao ECO.
“As associadas da CELPA [Associação da Indústria Papeleira] têm propriedades nos distritos referidos [de Coimbra, Leiria e Castelo Branco]. Podemos confirmar que algumas dessas áreas também foram atingidas pelos fogos. Todavia, apesar de ainda não podermos apresentar números exatos, estamos em condições de confirmar que é uma pequena percentagem da área total ardida”, explicou fonte oficial.
Sobre os terrenos atravessados pela chamada “estrada da morte”, a Nacional 236, que liga Figueiró dos Vinhos a Castanheira de Pera, a associação garante que não pertenciam a nenhuma das suas associadas.
Das associadas da CELPA, a Renova não tem floresta. Já o Grupo Altri e a The Navigator Company têm floresta de várias espécies, mas na maior parte é eucalipto. A Europac tem uma área muito reduzida de pinho, mas não tem nada naquela zona.
Confrontada pelo ECO, a CELPA garante que as regras do Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra incêndios são “seguidas rigorosamente pela indústria” e que a distância de segurança entre a floresta e a estrada “é sempre cumprida”.
No âmbito da AFOCELCA — um corpo de sapadores florestais privado, criado pela Altri e a The Navigator, para proteger as florestas das empresas, mas que desde 2005 integra o dispositivo nacional de defesa da Proteção Civil — a indústria está a colaborar no combate aos fogos que ainda lavram no Centro do país. Aliás, “cerca de 85% do combate feito pela AFOCELCA é fora das propriedades sob sua gestão”, adianta a mesma fonte.
Geralmente, os meios disponibilizados pela AFOCELCA consistem em três helicópteros ligeiros, cada um com uma equipa de combate de cinco sapadores florestais; 38 unidades de prevenção e vigilância, compostas por três sapadores com equipamento de primeira intervenção, e 18 equipas de combate terrestre com seis elementos operacionais num veículo semi-pesado.
Nos fogos de 2015, o último ano para o qual há dados disponíveis, arderam 700 hectares das empresas associadas da CELPA (Grupo Altri e The Navigator Company), o que corresponde a 0,4% das áreas que tinham sob gestão, explica a associação. Nesse ano, a AFOCELCA investiu 3,3 milhões de euros em ações de prevenção dos incêndios — controlo de vegetação, limpeza de caminhos e aceiros e manutenção e construção de rede viária e divisional. As ações incidiram sobre uma área de 29,3 mil hectares, o equivalente a 18% do território gerido pelas empresas associadas.
(Notícia atualizada com mais informação às 17h19)
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