Exclusivo Australianos e suecos na corrida pela Somincor

Mineira australiana South32 e sueca Boliden são dois dos quatro grupos estrangeiros que estão na corrida pela mina de Neves-Corvo, a maior do país localizada no Alentejo.

Três grupos australianos e um sueco estão na corrida pela Somincor, que detém a concessão da mina de Neves-Corvo e é detida pelos canadianos da Lundin Mining, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO. Em cima da mesa poderá estar um negócio avaliado em mil milhões de euros.

Um dos grupos australianos que está na short-list de candidatos a apresentarem propostas vinculativas pela maior mina portuguesa é a South32, com sede em Perth e cotada na bolsa australiana com um valor de mercado de cerca de oito mil milhões de euros. Acabou de apresentar lucros de 380 milhões de dólares, acima do esperado pelo mercado, e o CEO Graham Kerr adiantou aos analistas que tem cash para ambicionar a compra de mais minas com o objetivo de aumentar a produção de cobre, como conta o site especializado Mining.

A South32 junta-se a mais dois grupos australianos cuja identidade não foi possível desvendar e também aos suecos da Boliden, uma mineira sediada em Estocolmo especializada na extração e fundição de cobre, zinco e com uma capitalização bolsista de 7,4 mil milhões de euros.

O processo de venda da Somincor está a ser conduzido diretamente a partir de Toronto e Vancouver, pelo Banque de Montréal (BMO) e uma equipa da Lundin Mining, que está a vender a operação em Portugal e também na Suécia, com vista a apostar no mercado sul-americano. Ainda no mês passado anunciou uma parceria com a gigante BHP para avançar para a compra da Filo por cerca de três mil milhões de dólares, estando prevista a criação de uma joint venture para explorar os projetos de cobre na Argentina.

Fontes de mercado admitiram que aparentemente as ofertas pelas duas minas terão sido privilegiadas, razão pela qual a portuguesa Almina terá sido afastada do processo pois apresentou uma oferta não vinculativa apenas pelas minas Neves-Corvo.

A fase de entrega de ofertas non-binding decorreu nas últimas semanas e terá atraído cerca de duas dezenas de interessados. As propostas não vinculativas poderão ter chegado aos mil milhões de euros (equity), segundo fontes de mercado.

Agora estará em curso o processo de due diligence, não apenas financeiro, mas também operacional. E uma das questões-chave é mesmo saber o período útil de vida de Neves-Corvo para a extração de cobre e zinco.

Neves-Corvo tem cinco grandes jazigos em produção (Neves, Corvo, Graça, Zambujal e Lombador). Em 2023, a faturação da Somincor — que não faz comentários sobre a operações — apresentou uma queda face ao ano anterior, para 393 milhões de euros, um resultado operacional (EBITDA) de 83 milhões e lucros, em queda, de cerca de 1,5 milhões (13 milhões de euros em 2022).

De acordo com informação oficial da empresa, o processamento do minério em Neves-Corvo é feito através de duas lavarias. A Lavaria do Cobre processa aproximadamente por ano 2,6 milhões de toneladas de minério de cobre. A Lavaria do Zinco, que processa minério de zinco ou chumbo, tem capacidade de tratar anualmente cerca de 2,5 milhões de toneladas por ano.

O Governo português diz estar a acompanhar o processo, tendo em conta a “relevância social e económica” da Somincor para os trabalhadores, para a região e para o país” e que “exercerá as suas competências na garantia de pleno respeito das normas legais e laborais em vigor”. Mas não deixou de lembrar que se trata de “uma empresa privada, de gestão igualmente privada”.

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