“Teletrabalho é um risco emergente para a saúde mental”. Your Care alarga serviços de saúde no trabalho
Adesão ao teletrabalho tem crescido desde "boom" provocado pela pandemia, mas traz riscos para a saúde mental dos trabalhadores. O alerta é deixado ao ECO pela diretora executiva da Your Care.
O teletrabalho tem conquistado fãs em todo o mundo, mas é um “risco emergente” para a saúde mental dos trabalhadores. O alerta é deixado ao ECO pela diretora executiva da Your Care, empresa do grupo Your que se dedica à segurança e saúde no trabalho, e que acaba de fazer uma parceria para reforçar os seus serviços na área da saúde mental.
“O teletrabalho é um risco emergente do ponto de vista da saúde mental. O facto de a pessoa estar mais isolada, fechada no seu ecrã, no seu espaço, de não ter o café com o colega para falar de outros temas [merece cautela]”, sublinha Ema Perdigão, em conversa com o ECO.
Recentemente, o Governo apresentou aos parceiros sociais o Livro Verde do Futuro da Segurança e Saúde no Trabalho, e uma das recomendações — em linha com o alerta feito pela diretora executiva da Your Care — passa precisamente por o Executivo e as empresas estarem mais atentas aos teletrabalhadores, promovendo, por exemplo, práticas que “eliminem ou reduzam o impacto do isolamento social e a falta de limites entre a vida pessoal ou profissional“.
Ema Perdigão defende que os empregadores devem agir de forma preventiva, através da dinamização de encontros entre trabalhadores no escritório, workshops, atividades de team builing, além de apoio online.
“Essas são iniciativas que a Your Care promove e que poderemos ter em parceria com a Off!cina“, acrescenta a responsável. A Your Care já disponibilizava programas ligados à saúde e bem-estar dos trabalhadores aos seus clientes, mas decidiu agora celebrar uma parceria com a Off!cina para reforçar essa sua vertente.
A Off!cina é uma empresa que desenvolve planos de ação com vista a salvaguardar o bem-estar dos trabalhadores, pelo que “vem dar um apoio importante” à Your Care “no desenvolvimento destes programas dirigidos às necessidades identificadas nos nossos clientes”, defende Ema Perdigão.
A diretora executiva adianta ainda que a saúde mental é hoje um “tema em voga”, estando os clientes “mais interessados neste tipo de programas”. Da parte da Off!cina, Vera Machaz salienta que a saúde mental “não é uma moda, é uma urgência“. “Os números atuais são alarmantes. Cerca de 20% da população está com problemas do foro psicológico e emocional”, realça a responsável.
“Aquilo que vejo em empresas das áreas mais variadas é que, de facto, as pessoas estão a começar a ‘desmascarar-se’. Não é uma moda. É uma maneira de as pessoas olharem para os colaboradores com uma visão mais humana“, afirma Vera Machaz.
Trabalhadores temporários e recibos verdes com “menor proteção”
De modo global, as condições de saúde e segurança no trabalho em Portugal têm registado “melhorias significativas“, mas persiste uma segmentação significativa entre trabalhadores, em função do elo que têm com os empregadores, de acordo com o CEO da Your Care. Em declarações ao ECO, Pedro Lourenço Marques precisa que, regra geral, os trabalhadores temporários e os recibos verdes têm “menor proteção”.
“Existe uma segmentação explícita no que diz respeito à segurança e saúde no trabalho entre diferentes tipos de trabalhadores. Os trabalhadores temporários ou os trabalhadores a recibos verdes, na maioria dos casos, acabam por não ter acesso ao mesmo nível de ‘proteção’, por assim dizer, que os trabalhadores com contratos permanentes”, sublinha o responsável, que considera que este é um “problema crítico”.
Existe uma segmentação explícita no que diz respeito à segurança e saúde no trabalho entre diferentes tipos de trabalhadores. Os trabalhadores temporários ou os trabalhadores a recibos verdes, na maioria dos casos, acabam por não ter acesso ao mesmo nível de proteção.
Estes trabalhadores, que pertencem a um grupo ‘vulnerável’, estão expostos “a maiores riscos, o que as empresas tardam em perceber”, nota. E esta exposição pode resultar não só numa maior incidência de acidentes, como também de doenças profissionais nestes segmentos da população”, detalha o CEO, que apela à reversão deste cenário.
Quanto ao já referido Livro Verde, Pedro Lourenço Marques diz que, se pudesse acrescentar uma recomendação às 83 já identificadas pelos peritos, seria a melhoria da literacia em segurança e saúde no trabalho nas “diferentes fases do ciclo da vida das pessoas e das pessoas”.
“Poderem ser integrados temas e dinâmicas de segurança e saúde de trabalho nos curricula, ao longo do percurso educativo das nossas crianças e jovens, adaptados aos vários níveis de ensino, seria uma medida estratégica para assegurar que crescem com a clara compreensão da importância desta tema, tornando-se adultos mais capazes de tomarem decisões e adotarem comportamentos promotores e protetores da sua saúde física e psicológica em contexto laboral”, argumenta o CEO.
De resto, Pedro Lourenço Marques elogia a criação desse Livro Verde, mas avisa que o seu impacto está dependente da implementação efetiva das propostas e da “capacidade de mobilizar todas as partes interessadas para ações em concreto“.
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