Governo estuda ligação da Linha do Vouga à Linha do Norte
Miguel Pinto Luz diz que não há soluções fechadas nem detalhadas para essa ligação à Linha do Norte, mas assumiu-a como uma "prioridade" para o executivo.
O Governo está a estudar a possibilidade de ligar a Linha do Vouga à Linha do Norte, admitiu esta terça-feira o ministro das Infraestruturas, que não quis adiantar mais detalhes após se reunir com a Área Metropolitana do Porto (AMP). “Estamos a estudar a possibilidade de ligar [a Linha do Vouga] à Linha do Norte. Hoje não ficou definido aqui. É o anseio dos autarcas e o Governo comprometeu-se a ir ao encontro e a tentar encontrar soluções para ir ao encontro de um anseio dos autarcas”, disse aos jornalistas, no Porto.
Miguel Pinto Luz falava na sede da AMP após se reunir com os autarcas da sub-região, em que abordou temas como como o tráfego de TVDE, a gestão do trânsito na Via de Cintura Interna (VCI), o Metro do Porto, a Linha do Vouga ou a Habitação. Porém, referiu que não há soluções fechadas nem detalhadas para essa ligação à Linha do Norte, mas assumiu-a como uma “prioridade” para o executivo do PSD/CDS-PP liderado por Luís Montenegro, residente em Espinho, precisamente o concelho que deixou de ter um interface direto entre as linhas do Vouga e Norte.
Em 19 de agosto, o deputado socialista Hugo Oliveira criticou o pedido de “secretismo” do Ministério das Infraestruturas relativamente a reuniões sobre a Linha Férrea do Vouga, que aguarda obras no troço de Oliveira de Azeméis até Espinho. Hugo Oliveira explica que ficou a saber do pedido de confidencialidade pelo presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis: “Joaquim Jorge Ferreira afirmou em reunião de câmara (…) que tinha ‘indicação do ministro para não revelar o que foi discutido na reunião’ entre esse e os autarcas da AMTSM” sobre vários cenários de desenvolvimento para o percurso do chamado Vouguinha.
O ministro das Infraestruturas disse que “não há secretismo nenhum” e que as suas reuniões “são todas transparentes”. À data, à Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis não quis comentar o assunto nem as suas ambições para a Linha do Vouga. O Ministério das Infraestruturas, por sua vez, também não esclareceu que justificação tinha o pedido de silêncio dirigido aos autarcas.
Fonte oficial do gabinete de Miguel Pinto Luz reconhece, contudo, que na referida reunião foram “debatidos vários cenários de desenvolvimento da Linha do Vouga, com objetivo de potenciar a sua ligação ao núcleo central da Área Metropolitana do Porto, bem como servir toda a população daquela região com as melhores respostas de mobilidade”.
Na mesma resposta à Lusa, o gabinete acrescenta que “o ministro das Infraestruturas teve oportunidade de apresentar o ponto de situação das empreitadas realizadas, em curso e previstas em toda a extensão da Linha do Vouga”, mas, embora isso lhe tivesse sido solicitado, não indicou quais são essas intervenções.
O gabinete conclui que a beneficiação da Linha do Vouga é um processo “que está em curso e terá continuidade, como previsto no Plano Nacional de Investimentos 2030”. A Linha do Vouga está também ausente do sistema intermodal Andante, algo que já gerou troca de declarações públicas entre a AMP, os Transportes Intermodais do Porto (TIP) e a CP – Comboios de Portugal.
A CP enviou um pedido à AMP para integrar a Linha do Vouga no Andante há um ano, mas a Comissão Executiva da AMP afirma que os erros de bilhética na Unir têm impedido a integração. A ausência na Linha do Vouga do sistema Andante impede, por exemplo, os passageiros frequentes de utilizarem o passe Andante metropolitano no comboio, com o respetivo acréscimo de custos (89 euros de dois passes em vez de 40 do passe único), para chegarem ao Porto, criando uma situação de tratamento desigual face aos restantes utilizadores de transportes públicos da AMP.
O trajeto entre Oliveira de Azeméis e Espinho é feito durante mais de uma hora e a estação de Espinho-Vouga fica a cerca de 500 metros da estação de Espinho da Linha do Norte, servida pelos urbanos da CP com ligações ao Porto e a Aveiro, bem como aos comboios de longo curso.
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