Quem falha mais as previsões de crescimento?

  • Margarida Peixoto
  • 25 Junho 2017

Governo, OCDE, FMI, Comissão Europeia, Banco de Portugal e Conselho das Finanças Públicas: quem fica mais ao lado na hora de prever o que vai acontecer à economia portuguesa?

Na semana passada, o Banco de Portugal reviu em forte alta a previsão de crescimento para a economia portuguesa em 2017. A diferença foram 0,7 pontos percentuais face à anterior projeção, que tinha sido apresentada apenas três meses antes. Mas a organização liderada por Carlos Costa está longe de ser a única a falhar. Aliás, nem é quem atira mais ao lado.

Banco de Portugal, OCDE, FMI, Comissão Europeia, Conselho das Finanças Públicas e Governo — em média todos falham apenas por algumas décimas mas, como quase sempre, o diabo está nos detalhes. Há um marcadamente pessimista, outro mais otimista. O melhor falha em média por menos de duas décimas, mas também é o menos posto à prova. Já o que fica mais ao lado é o suspeito do costume.

O ECO foi comparar a primeira previsão para um determinado ano, apresentada pelo Governo e pelas diferentes instituições que acompanham a economia portuguesa mais de perto, com o valor efetivamente verificado nesse mesmo ano. Dependente dos anos e das instituições, são projeções apresentadas entre os meses de abril e junho, para o ano corrente. Depois, comparamos os desvios verificados.

Para a análise foi considerado o período entre 2011 e 2016. O Conselho das Finanças Públicas só foi criado em 2012 e nos primeiros anos esteve a desenvolver o seu modelo de projeções, pelo que só começou a apresentar números em 2015. Ficará por isso fora de alguns gráficos. Este foi o primeiro resultado a que o ECO chegou (para melhor comparar a realidade com as projeções apresentadas, pode selecionar na legenda apenas o que quer ver no gráfico):

Quem acerta na realidade?

Fonte: INE, Ministério das Finanças, Banco de Portugal, OCDE, CE, FMI

A análise dos números permite desde logo identificar o mais pessimista, e o mais otimista: a OCDE é quem parece ver a realidade mais negra, enquanto o Governo tende a antecipar o futuro de forma mais positiva. Somando os desvios nas previsões ao longo do período em análise, a organização liderada por Ángel Gurría atinge um valor negativo de 1,1 pontos percentuais: isto é, a realidade ficou afinal 1,1 pontos melhor do que a OCDE previu neste período. Já o Governo soma um desvio positivo de 1,4 pontos, o que quer dizer que a realidade foi afinal bastante pior do que foi sendo antecipado pelo Executivo.

Contudo, importa recordar que todas as previsões estão muito influenciadas pelo período da crise: os anos de 2012 e 2013 somam desvios anormalmente altos, em que nenhum dos organismos foi capaz de antecipar uma recessão tão dura quanto a que se verificou em 2013, e todos foram demasiado pessimistas quando anteciparam 2013.

Vale a pena ver o gráfico dos desvios, que mostra quantos pontos percentuais cada um dos gabinetes de previsão ficou abaixo, ou acima, do valor verificado na realidade, em cada ano.

Por quanto falharam?

Os números mostram ainda que o Banco de Portugal foi o único que nunca acertou em cheio, embora apresente erros mais baixos do que a generalidade das restantes previsões. Já o FMI foi o único que acertou por duas vezes em cheio: em 2015 e em 2016.

O Conselho das Finanças Públicas, que não aparece nos gráficos por não ainda não apresentar histórico suficiente, acertou na previsão de 2015 e falhou na de 2016 por três décimas.

Mas afinal quem falha, em média, por mais? Analisando os dados sem considerar se o desvio foi positivo ou negativo, verifica-se que, em média, quem fica mais afastado da realidade é o Governo, seguido pela OCDE. O Conselho das Finanças Públicas é quem fica melhor na fotografia, mas é importante notar que neste caso a média resulta apenas de dois anos de previsões, enquanto para as restantes organizações a média é composta por seis observações.

Em média, quem falha mais?

Nota: média dos desvios absolutos verificados nas projeções para o período entre 2011 e 2016. Média do CFP apenas para os anos de 2015 e 2016.

Para 2017, aqui ficam as projeções mais recentes apresentadas pelos seis organismos. Aceitam-se apostas para quem vai acertar este ano.

Quanto vai crescer o PIB em 2017?

Nota: Projeção do CFP é de março, Ministério das Finanças e FMI de abril, Comissão Europeia de maio, OCDE e Banco de Portugal de junho.

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