Thierry Breton demite-se da Comissão Europeia após von der Leyen pedir novo candidato francês
Indicado por Macron para um segundo mandato, o atual comissário do Mercado Interno demite-se com "efeitos imediatos" após pedido a França que nomeie um novo candidato para a Comissão Europeia.
O francês Thierry Breton, que era responsável pela pasta do Mercado Interno na Comissão Europeia e foi indicado pelo Presidente Emmanuel Macron para um segundo mandato, resignou ao cargo depois de ter sido pedido a França que indicasse um novo candidato para a próxima equipa do Executivo comunitário, liderada por Ursula von der Leyen. O Executivo comunitário “tomou nota e aceitou a demissão” de Breton, agradecendo o trabalho executado nos últimos cinco anos.
Numa carta dirigida à presidente da Comissão Europeia e publicada esta manhã na rede social X, Breton refere que, “há alguns dias, na reta final das negociações” para a formação do novo Colégio de Comissários e atribuição de pastas, von der Leyen pediu ao Presidente francês que “retirasse” o seu nome, oferecendo “como contrapartida política uma pasta alegadamente mais influente para a França”.
A decisão surge 24 horas antes do anúncio da nova lista de comissários e, segundo Thierry Breton, foi tomada “por razões pessoais que em nenhum caso [von der Leyen] discutiu diretamente” com ele, apontando tratar-se de “mais um testemunho da governação questionável” da líder do Executivo comunitário.
Como tal, “ser-lhe-á agora proposto um candidato diferente”, acrescenta o responsável, que entende que, por isso, não pode continuar a exercer as suas funções como comissário europeu do Mercado Interno, anunciando a sua demissão “com efeitos imediatos”.
“Ao longo dos últimos cinco anos, esforcei-me incansavelmente por defender e promover o bem comum europeu, acima dos interesses nacionais e partidários, e foi uma honra”, escreveu ainda Thierry Breton, que desde 2019 tutelava matérias como a política industrial, a defesa e a Lei dos Serviços Digitais da União Europeia.
A demissão de Breton é o mais recente revés no processo de formação do Colégio de Comissários que vai gerir o Executivo comunitário nos próximos cinco anos e pode voltar a adiar o anúncio dos 26 comissários da equipa de Ursula von der Leyen, previsto para esta terça-feira. Todos os candidatos indicados pelos Estados-membros têm primeiro de ser aprovados pelo Parlamento Europeu.
Além da França, que agora tem de nomear um novo candidato, também a Eslovénia ainda não indicou formalmente a sua candidata. Isto porque o presidente da Comissão dos Assuntos Europeus do Parlamento esloveno, que tem de aprovar Marta Kos como candidata a comissária, exige ter acesso a uma alegada carta enviada por von der Leyen ao primeiro-ministro Robert Golob antes de dar ‘luz verde’ à realização da audição. Até agora, desconhece-se se o chefe do Governo esloveno acedeu ao pedido.
Note-se ainda que, em França, Emmanuel Macron nomeou recentemente Michel Barnier, responsável pelas negociações do Brexit do lado da União Europeia, para o cargo de primeiro-ministro, na sequência do impasse provocado pelas legislativas antecipadas de 7 de julho, encontrando-se agora em processo de formação de Governo.
(Notícia atualizada pela última vez às 9h14)
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