Passos Coelho: “Dez dias depois, Estado continua a falhar”

O líder da oposição criticou esta segunda-feira o Estado por continuar a falhar, dez dias depois depois do incêndio. Passos Coelho quer que o Governo aprove um mecanismo de apoio às vítimas.

O líder social-democrata elogiou esta segunda-feira o trabalho das instituições da sociedade civil no apoio às vítimas, mas criticou o Estado por ter falhado no dia da tragédia e continuar a falhar dez dias depois. Pedro Passos Coelho pediu ainda ao Governo que acelere a criação de um mecanismo que sirva de compensação às populações afetadas, em declarações transmitidas pela SIC Notícias, numa visita ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Castanheira de Pera. O presidente do PSD disse ainda ter conhecimento de casos de suicídio posteriores ao incêndio em Pedrógão Grande.

Prestando um “público apreço pelo papel” que as instituições da sociedade civil desempenharam, Passos Coelho atirou as críticas para o Governo: “Não precisamos de esperar por nenhuma auditoria para saber que o Estado falhou e que, dez dias depois, ainda está a falhar”. O líder do PSD adiantou até que tem conhecimento de “pessoas que em desespero se suicidaram porque não receberam o apoio psicológico”, assinalando que o Executivo não está a cumprir a sua “responsabilidade objetiva” de reparação das zonas afetadas. “Ninguém me convencerá que não há responsabilidades a apurar por isto”, afirmou.

Em causa está, por exemplo, a criação de um mecanismo de compensação às populações afetadas pelos incêndios na zona do concelho de Pedrógão Grande e concelhos vizinhos. “Continuo a aguardar que o Governo possa criar de forma muito rápida um mecanismo” para ressarcir as “vítimas que ocorreram em espaço público, à guarda do Estado”. Caso isso não aconteça, Passos Coelho garantiu que o PSD avançará para uma recomendação ao Governo ou mesmo uma iniciativa legislativa, ainda que prefira que seja o Executivo a avançar por uma questão de celeridade do processo.

Sobre responsabilidades a apurar e a possível demissão da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, Passos Coelho não quis antecipar conclusões. “Haverá uma fase em que teremos mesmo de apurar tudo o que se passou”, avisou o líder da oposição, reafirmando a vontade do PSD de ter “uma instância técnica que possa fazer uma avaliação do que é que se passou para estarmos seguros as conclusões a que vamos chegar”.

Administração Regional de Saúde desconhece casos de suicídio

Entretanto, o presidente da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) disse esta segunda-feira que não há, até hoje, “nenhum caso de suicídio com ligação” direta à zona afetada pelo incêndio que começou em Pedrógão Grande.

“Não há, até hoje, nenhum caso de suicídio com ligação a essa zona”, disse à agência Lusa o presidente da ARSC, José Tereso, reagindo às declarações do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho. Neste momento, “não confirmo nenhum caso de suicídio” com ligação direta à zona afetada, reforçou José Tereso.

António Costa: “Nada poderá ficar por esclarecer”

O primeiro-ministro fez esta segunda-feira um novo ponto de situação em direto de Vila Facaia, no concelho de Pedrógão Grande, assinalando que continua a aguardar uma resposta à “questão fundamental” por parte do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Em causa está a “especificidade do evento de natureza meteorológica que ocorreu naquele período”.

Há uma semana, numa conferência de imprensa, o IPMA explicou que as elevadas temperaturas no sábado foram acompanhadas pela “ocorrência de trovoada”. Mas a trovoada foi seca. Ou seja, não houve chuva. Este tipo de descargas são típicas de primavera e verão, segundo o IPMA, mas o que não é típico é a combinação de fatores: as descargas em conjunto com as temperaturas elevadas e baixa humidade.

António Costa assinalou que quer ser “exigente” nos esclarecimentos, garantindo que “nada poderá ficar por esclarecer”. O líder do Governo reafirmou a vontade de apoiar a iniciativa do PSD para criar uma comissão técnica no Parlamento, mas diz que não está à espera pela sua constituição para obter mais resposta, seja da GNR seja do SIRESP, o sistema de comunicações integrado que tanta polémica tem dado desde a sua criação.

Para já, o Estado está a atuar em duas vertentes: a primeira relacionada com a reconstrução dos territórios, sendo que António Costa garantiu que no final desta semana estará “concluído o levantamento para que as obras arranquem”. Já em curso está o restabelecimento dos pavimentos, eletricidade e comunicações. A segunda vertente está relacionada com o “esclarecimento cabal” que o primeiro-ministro já tinha apontado, acrescentando que foi encomendado pela ministra da Administração Interna um estudo ao especialista Xavier Viegas sobre a dinâmica do fogo.

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