BCE não recebeu pedido de parecer das Finanças sobre garantia pública no crédito

Banco de Portugal recomendou pedido de parecer ao Banco Central Europeu, que ainda não recebeu contacto do Ministério das Finanças sobre o tema.

O Ministério das Finanças adiou a regulamentação da garantia pública no crédito da casa para jovens até aos 35 anos para integrar as sugestões do Banco de Portugal, mas a recomendação de um pedido de parecer ao Banco Central Europeu (BCE), até à data, não avançou. É pelo menos isso que sinaliza fonte oficial da instituição liderada por Christine Lagarde, contactada pelo ECO, ao negar ter recebido qualquer solicitação sobre o tema.

“Não recebemos nenhum pedido sobre o tema”, responde fonte oficial do BCE, quando questionada sobre se o Ministério das Finanças remeteu o projeto da garantia pública para o crédito da casa para avaliação de Frankfurt. O ECO também questionou o Ministério das Finanças, mas não obteve resposta até à publicação deste artigo.

Tal como o ECO noticiou, em 06 de setembro, o Governo e os bancos já tinham a proposta da garantia pública no crédito da casa para os jovens alinhavada, mas a posição da instituição liderada por Mário Centeno, enviada ao Ministério das Finanças, com várias reservas e reparos obrigou a um esforço suplementar para acomodar as observações do supervisor.

O Observador noticiou, esta semana, que o Banco de Portugal recomendou que o Governo pedisse uma opinião ao BCE por considerar que a medida pode chocar com a independência dos bancos centrais que está prevista nos tratados europeus, já que põe em causa o cumprimento das medidas macroprudenciais do supervisor.

Entre estas incluem-se limites ao rácio Loan To Value (montante máximo do financiamento em função do valor da casa), limites à taxa de esforço (que não pode ultrapassar 50% do rendimento) e limites às maturidades dos contratos.

Entre os vários avisos públicos, Mário Centeno tem alertado para a necessidade de garantir que os jovens (a quem é dirigida a medida) terão condições para assegurar o cumprimento do crédito, de forma a evitar uma transferência do risco para o Estado.

Neste ponto sublinhou o papel do supervisor enquanto estabilizador do sistema. “Do lado do Banco de Portugal, os princípios macroprudenciais devem ser sempre a pedra de cada um de nós perante o endividamento, porque é um pilar alienável da saúde financeira económica do país neste momento“, sinalizou em maio.

Para já o que se sabe são os critérios gerais que os jovens terão de cumprir em simultâneo para beneficiarem da garantia pública:

  • Idade: Ter entre 18 e 35 anos e domicílio fiscal em Portugal
  • Rendimentos: Os rendimentos não ultrapassarem o 8.º escalão do IRS (até 81.199 euros por ano)
  • Imóvel: Não serem proprietários de outro imóvel habitacional e o valor da casa não exceder os 450 mil euros
  • Limite da garantia: A garantia do Estado não pode ultrapassar 15% do valor da transação

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