“Fita do tempo” da Proteção Civil mostra falhas no SIRESP
A "fita do tempo" das comunicação registadas pela Proteção Civil foi divulgada esta terça-feira e mostra cerca de 10 falhas críticas durante as primeiras 48 horas do incêndio de Pedrógão Grande.
O sistema de comunicações SIRESP terá sofrido cerca de 10 falhas críticas durante as primeiras 48 horas do incêndio de Pedrógão Grande, falhas essas que terão deixado pelo menos 10 pessoas sem socorro. Os dados são divulgados esta manhã de terça-feira pelo Público (acesso condicionado) e pelo Jornal de Notícias (acesso livre), que tiveram acesso à “fita do tempo” das comunicações registadas pela Associação Nacional da Proteção Civil (ANPC).
O incêndio terá começado por volta das 14h40 do dia 17 de junho e começou a consumir floresta a grande velocidade. Ao final da tarde começou a aproximar-se de aldeias, sendo que foi aí que se iniciaram os pedidos de ajuda — e as falhas na resposta. Segundo o JN, a primeira falha crítica foi registada às 19h45, quando três pessoas contactaram a linha de emergência por se encontrarem numa casa abandonada rodeada de chamas. As autoridades não conseguiram estabelecer o contacto com os meios de socorro.
Os pedidos repetiram-se a partir daí: um pai e um filho que precisavam de “ajuda urgente” em Troviscais, uma casa e uma pessoa queimada em Ramalho, um homem com problemas respiratórios em Sarzedas de Vasco que tinha a casa a arder, um homem que pedia ajuda para a esposa que estaria presa num carro… A conclusão também se repetia: não era possível contactar os meios de socorro.
Pela madrugada, o Comando Operacional Distrital de Operações de Socorro de Leiria reforçava que os problemas de comunicação tinham de ser resolvidos junto da PT e pedia que se procedesse à remoção das vítimas mortais que estavam na EN236 e que impediam a passagem nos veículos de socorro. A partir daí, o SIRESP continuou a funcionar intermitentemente, e o sistema ROB, que estava a ser utilizado como alternativa, deixava também de funcionar.
As falhas no SIRESP já eram conhecidas, tendo sido admitidas pelos operacionais no terreno durante o combate. Na passada terça-feira, a ANPC assumiu as falhas, mas alegava que estas tinham sido supridas por “comunicações de redundância”. Na quarta-feira, o Comandante Operacional Nacional Vaz Pinto garantiu aos jornalistas que nenhuma falha tinha sido superior a um minuto.
A ministra da Administração Interna já exigiu um estudo independente ao funcionamento do SIRESP e uma auditoria pela Inspeção-Geral da Administração Interna à Secretaria-Geral Administração Interna. Já o Ministério Público confirmou ao ECO que está a investigar os meios aéreos de combate ao fogo.
O incêndio de Pedrógão Grande foi dado como extinto a meio da tarde do último sábado, dia 24 de junho. Até ao momento, fez 64 vítimas mortais e mais de 200 feridos. Dezenas de habitações e empresas foram afetadas.
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