OCDE revê em baixa PIB e inflação na Zona Euro em 2025
Os economistas da OCDE antecipam um crescimento de apenas 1,3% da economia do bloco europeu em 2025 e uma taxa de inflação de 2,1%. Em maio, previam um crescimento de 1,5% e uma inflação de 2,2%.
A economia global está a dar sinais de recuperação, mas os desafios persistem num cenário de grande incerteza, destaca esta quarta-feira o mais recente relatório “Economic Outlook” da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Segundo o documento, o PIB da Zona Euro deverá crescer 0,7% em 2024 — como já previa em maio, mas ligeiramente abaixo dos 0,8% previstos pelo Banco Central Europeu –, e crescer 1,3% em 2025 — menos 0,2 pontos percentuais face às projeções de maio que apontavam para um crescimento de 1,5% do PIB no próximo ano.
A equipa de economistas da OCDE liderada por Álvaro Santos Pereira destaca que o crescimento no bloco europeu será suportado por “uma recuperação dos rendimentos reais e uma melhoria da disponibilidade de crédito.”
Estas projeções contrastam com uma taxa de crescimento da economia global de 3,2% esperados para este ano e para o próximo, em consonância com o ritmo médio observado no primeiro semestre do corrente ano.
À medida que a inflação modera e as pressões do mercado de trabalho diminuem, as reduções das taxas diretoras [dos bancos centrais] devem continuar, embora o momento e o âmbito das reduções devam permanecer dependentes dos dados e ser cuidadosamente avaliados
“O impacto desfasado do aumento da restritividade da política monetária nas economias avançadas sobre o crescimento começou a moderar-se e uma nova flexibilização da política monetária, à medida que a inflação diminui, apoiará as despesas sensíveis às taxas de juro em 2025”, destacam os economistas da OCDE, sublinhando ainda que “a descida da inflação dará também um novo impulso ao crescimento do rendimento real e um impulso ao consumo privado em muitas economias.”
As previsões da OCDE apontam também uma descida significativa dos preços da generalidade de bens e serviços na Zona Euro este ano e em 2025, com os especialistas a anteciparem que a inflação global na Zona Euro abrande para 2,4% este ano e para 2,1% em 2025, aproximando-se assim da meta dos 2% do Banco Central Europeu, assim como das metas definidas pelas restantes autoridades monetárias.
A organização internacional sublinha que “a inflação está agora a aproximar-se, ou a atingir, as metas dos bancos centrais numa proporção crescente de países”. No entanto, alerta que “a inflação dos preços dos serviços ainda está a revelar-se particularmente persistente e abrandou apenas lentamente”.
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Riscos e desafios persistem
Apesar das perspetivas relativamente positivas, a OCDE adverte para a existência de riscos significativos. O relatório destaca “os conflitos geopolíticos em curso, o ritmo a que a inflação irá diminuir e o impacto persistente das taxas de juro reais ainda elevadas”.
Entre os principais desafios, destaca-se a possibilidade de um abrandamento mais acentuado do crescimento da economia à medida que os mercados de emprego arrefecem, bem como o risco de uma trajetória de desinflação mais lenta do que o esperado.
Face a este cenário, a OCDE apresenta várias recomendações. No plano da política monetária, a organização que tem como economista-chefe o ex-ministro da Economia Álvaro Santos Pereira considera que há margem para baixar as taxas de juro diretoras por parte dos bancos centrais, mas adverte que “a política monetária deve permanecer prudente”.
Os analistas da OCDE defendem que “são necessárias ações decisivas para garantir a sustentabilidade da dívida” pública, recomendando “esforços mais fortes para conter as despesas e aumentar as receitas, estabelecidos dentro de planos credíveis de médio prazo”.
O relatório sugere que “à medida que a inflação modera e as pressões do mercado de trabalho diminuem, as reduções das taxas diretoras devem continuar, embora o momento e o âmbito das reduções devam permanecer dependentes dos dados e ser cuidadosamente avaliados para garantir que as pressões inflacionistas subjacentes estão duradouramente contidas”.
Em termos de política orçamental, os analistas da OCDE defendem que “são necessárias ações decisivas para garantir a sustentabilidade da dívida” pública, recomendando “esforços mais fortes para conter as despesas e aumentar as receitas, estabelecidos dentro de planos credíveis de médio prazo”.
Além disso, a OCDE enfatiza a importância dos vários governos promoverem políticas estruturais para fortalecer as bases de um crescimento sustentável das economias domésticas. O relatório destaca que “reformas estruturais bem concebidas melhorariam as perspetivas de crescimento a longo prazo e também ajudariam a superar os desafios fiscais que os países enfrentam”.
A OCDE projeta assim um cenário de crescimento moderado e inflação em queda para a Zona Euro, mas alerta para a persistência de riscos e a necessidade de políticas económicas prudentes e reformas estruturais para garantir um crescimento sustentável a longo prazo.
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