Elisa Ferreira: Ainda falta “estabilizar o Montepio”
A administradora do Banco de Portugal, nomeada para ocupar o cargo de vice-governadora, afirma que o setor bancário está a recuperar. Mas falta "estabilizar o Montepio" e "vender o Novo Banco".
“Falta estabilizar o Montepio.” A declaração é feita por Elisa Ferreira, administradora do Banco de Portugal (BdP), na comissão de Orçamento e Finanças sobre a sua nomeação a vice-governadora do banco central liderado por Carlos Costa. Apesar de reconhecer que foram feitos progressos no setor bancário, a administradora considera que, para além do Montepio, falta vender o Novo Banco para se concretizar a estabilização do setor financeiro.
“Falta estabilizar um banco que não é sistémico, mas que é prioritário, que é a Caixa Económica Montepio Geral“, afirma Elisa Ferreira, salientando que a estabilização do setor bancário está em curso com a conclusão dos casos da Caixa Geral de Depósitos, BCP e BPI. A administradora do BdP já tinha afirmado que o caso do Montepio “é um processo normal e gradual”.
Mas, para além do banco liderado por Félix Morgado, ainda “falta vender o Novo Banco”. Sobre este tema, a candidata a vice-governadora do banco central referiu anteriormente que estava convencida de que tudo vai correr “muito bem”. “Pode acontecer um percalço mas não estamos a antecipá-lo”. Elisa Ferreira afirmou que os prazos do processo estão a ser cumpridos como previsto. “Acredito completamente que a assinatura vai ser cumprida”, afirmou.
Isto num cenário em que o setor bancário está a fazer progressos. “Olhando para a banca agora e pondo as coisas em perspetiva, em termos de ativos totais, há uma desalavancagem em relação a 2010”, salienta. “Os níveis de solvência aumentaram” e os rácios de capital também melhoraram. Há um “robustecimento do capital”, afirma, relembrando ainda que há, também, “uma maior eficiência”, com a descida dos rácios de transformação de níveis perto de 150% para os 96% em sete anos.
“Temos de acelerar limpeza dos NPL”
Na mesma audição, Elisa Ferreira aproveita para realçar a importância de “acelerar a limpeza dos NPL”. Ou seja, do crédito malparado. “Cabe-nos apoiar a aceleração deste processo”, refere, e é por isso que estão a “criar o enquadramento mais adequado para que este processo decorra com celeridade”.
Isto depois de ter dito que não há condições para criar um veículo contra estes empréstimos em incumprimento. A administradora do Banco de Portugal revelou que 34% da riqueza dos países da Zona Euro foi usada para financiar e “segurar” a banca e que as instituições devem libertar-se do malparado à medida que a economia permita. No entanto, segundo Elisa Ferreira, a falta de condições prende-se com a “legislação europeia”.
“Acho que é um assunto crítico para toda a Europa. Acontece que, neste processo, alguns países limparam esse crédito malparado”, afirmou, sublinhando as “intervenções brutais” feitas na banca de países como a Irlanda ou até o Reino Unido, onde cinco bancos foram nacionalizados. “Isto não quer dizer que o dinheiro que foi usado, foi perdido”.
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