SIRESP diz que não houve falhas em Pedrógão Grande
A empresa público-privada responsável pelo SIRESP defendeu-se no relatório de desempenho que entregou ao Governo, pedido pelo primeiro-ministro, após o incêndio do Pedrógão Grande.
O SIRESP escreve no relatório que “o desempenho da rede SIRESP correspondeu e esteve à altura da complexidade do teatro das operações, assegurando as comunicações e a interoperabilidade das forças de emergência e segurança”. Depois de António Costa ter pedido um “cabal esclarecimento” sobre a atuação do SIRESP no passado sábado, a empresa que gere a rede de comunicações para situações de emergência do Estado garante que não falhou. “Não houve interrupção no funcionamento da rede SIRESP, nem houve nenhuma Estação Base que tenha ficado fora de serviço em sequência do incêndio“, lê-se no relatório entregue esta terça-feira e que foi publicado no portal do Governo.
O relatório da empresa revela que houve mais de 100 mil chamadas “no período crítico, das 19h de dia 17 às 9h de dia 18, através de 1092 terminais” e que desde o início do incêndio, durante cinco dias, foram processadas mais de um milhão e cem mil chamadas. “Verificou-se que a Rede SIRESP funcionou de acordo com a arquitetura que foi desenhada para esta Rede”, escreve o SIRESP em sua defesa, depois de nos últimos dias terem surgido várias notícias de alegadas falhas na rede comunicações de emergência.
O SIRESP garante ainda que “não houve estações fora de serviço por falha de energia elétrica”. Contudo, das 16 Estações Base que cobrem a zona do incêndio, cinco entraram em modo local (LST – Local Site Trunking), “em virtude da destruição pelo incêndio, dos cabos de fibra ótica e outros da rede de telecomunicações que asseguram contratualmente a interligação ao resto da Rede”. “Mesmo em situações extremas como a que se verificou em Pedrógão Grande, fica demonstrado que a Rede SIRESP funcionou de acordo com a arquitetura que foi desenhada para esta Rede“, escreve o SIRESP.
A empresa, admite, no entanto, que se verificaram situações de saturação na rede, “embora, durante o dia 17, o primeiro dia do incêndio, estas não tenham sido significativas, particularmente até às 23h”. “A saturação da Rede não foi originada por nenhuma falha da Rede, mas foi originada por uma procura de tráfego superior à capacidade disponível”, lê-se no relatório, uma situação que se refere às chamadas que falharam à primeira. O SIRESP diz que o número “excessivo” de grupos de comunicações envolvidos nas operações (572) “também poderá ter contribuído para a ocorrência de situações de saturação”.
A defesa do SIRESP é contraditória ao que foi reportado e ao que foi dito pelas autoridades presentes no local de emergência. Esta terça-feira o jornal Público e o Jornal de Notícias avançavam que o SIREP teria sofrido cerca de 10 falhas críticas durante as primeiras 48 horas do incêndio de Pedrógão Grande, falhas essas que terão deixado pelo menos 10 pessoas sem socorro. Já na passada sexta-feira, a Proteção Civil assumiu que houve falhas na rede de emergência, mas alegou que foram supridas por “comunicações de redundância”.
(Atualizado às 17h05)
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