Maiores escritórios de advogados recebem em média cerca de 23 estagiários

Cinco das maiores firmas de advogados do país recebem em média 23 estagiários por ano, segundo números apurados pela Advocatus. E como se processa o onboarding dos recém-chegados ao mercado?

Em setembro começou um novo capítulo nos escritórios de advogados, principalmente para os profissionais que chegaram pela primeira vez ao mercado de trabalho. Cinco das maiores sociedades de advogados do país recebem em média 23 estagiários por ano, segundo números apurados pela Advocatus.

A PLMJ é a firma que recebeu o maior número de estagiários em setembro, 31 no total. Segundo fonte oficial, o escritório recebe o número de estagiários que responde às “necessidades de reforço” das várias áreas.

“No momento da escolha dos candidatos, partimos do princípio que vamos integrá-los a todos, depois da agregação à Ordem dos Advogados. Tem sido um número estável ao longo dos últimos anos”, revela fonte oficial.

com novos 27 estagiários estão a Abreu Advogados e a Vieira de Almeida (VdA). Segundo Nádia Fonseca, diretora de Recursos Humanos da Abreu, o crescimento de 11 estagiários, em relação ao ano anterior, comprova a aposta da firma no talento jovem e no “desenvolvimento de uma política de atração e retenção de talento dinâmica e diferenciadora, intrinsecamente ligada com a nossa evolução”.

Por fim, nas cinco maiores sociedades de advogados do país, a Morais Leitão recebeu 16 estagiários, entre Lisboa e Porto, e a Cuatrecasas deu as boas-vindas a 14 estagiários.

Na PLMJ rotação passa por duas áreas

Com 31 novos estagiários, a PLMJ possui um período de integração de duas semanas. Neste intervalo de tempo, os recém-chegados ao escritório recebem diversas formações nos temas que a firma considera “mais relevantes” na transição para a vida profissional e para as especificidades da PLMJ.

Estas formações são dadas pelas diversas equipas da PLMJ, tanto das áreas de suporte (Business Development, Marca e Comunicação, Compliance, etc), como de produção (áreas de prática), o que permite não só a sua apresentação aos novos colegas, como acelera a adaptação às dinâmicas do escritório”, explica fonte oficial.

Ao longo do estágio os estagiários são avaliados em dois momentos, cada um no final de cada rotação. Já o modelo de avaliação é “idêntico” ao dos restantes advogados e inclui uma componente técnica, as competências de trabalho em equipa e o contributo para o escritório. Esta avaliação é feita por uma Comissão de Avaliação que integra advogados e os Recursos Humanos e para a qual é nomeado um avaliador-relator que reúne os feedbacks dos vários avaliadores.

Durante o período de estágio, os advogados têm a oportunidade de trabalhar em duas áreas de prática, que são escolhidas através do resultado da combinação das três preferências do estagiário e das necessidades do escritório. “Cada rotação tem a duração de um ano, permitindo uma maior aprendizagem, não só de conhecimentos base da área, mas também das diferentes vertentes da profissão em si”, nota a firma.

Arte nos escritórios

“A cada advogado estagiário é atribuído um advogado de estatuto mais sénior e de uma área de prática diferente como mentor, que o irá acompanhar ao longo de todo o período de estágio. Este acompanhamento promove a integração dos advogados estagiários, facilitando contactos relevantes e acompanhando de forma proativa o seu desenvolvimento”, refere.

Projeto Olimpo, o onboarding da Abreu

Com um programa de onboarding preparado para as primeiras semanas de estágio, a Abreu Advogados administra sessões de formação sobre temas essenciais ao dia-a-dia no escritório, tanto técnicos como não técnicos. Nestas sessões os estagiários ficam a conhecer o funcionamento dos vários departamentos e áreas da firma.

“A Abreu Advogados criou há já vários anos um grupo de trabalho multidisciplinar denominado Projeto Olimpo, que ‘pensa’ todo o processo de recrutamento, formação e integração dos estagiários”, revela Nádia Fonseca.

Segundo explica a diretora de Recursos Humanos, ao abrigo deste programa existe uma estrutura de acompanhamento que inclui um Gestor de Estágios, dois elementos do departamento de Recursos Humanos, que articulam o programa de estágio e asseguram um programa mensal de mentoring, e um counsellor, ou seja, um advogado da sua área de prática que acompanha de forma muito próxima o estagiário. “Este counsellor tem um papel relevante no desenvolvimento profissional do estagiário, ajudando-o não apenas no seu processo de formação mas também a identificar desafios e oportunidades para crescer como profissional”, assegura.

Na Abreu Advogados os estagiários são avaliados em três momentos: um pelo counsellor e por outros advogados com quem também tenham trabalhado de forma próxima durante o período de avaliação. Este processo de avaliação inclui uma reunião na qual as conclusões da avaliação são debatidas com o estagiário.

Arte nos escritórios

Ao contrário do que acontece na PLMJ, na Abreu o estagiário fica alocado a uma só área de prática. Ainda assim, nos três primeiros meses, o aprendiz trabalha com todas as áreas. “A Abreu Advogados encontra-se organizada através de áreas de prática e setores de atividade, pelo que, existe sempre a oportunidade de trabalho com outras áreas de prática promovendo assim uma aprendizagem mais transversal”, acrescenta.

A área em que o estagiário é alocado depende das necessidades de recrutamento de cada setor e tendo também em conta a preferência dos estagiários.

Na VdA há um coach para cada estagiário

Também com 27 novos estagiários este ano, a VdA assume que a integração é “cuidadosamente” preparada para garantir uma adaptação “tranquila” e “eficaz” ao ambiente do escritório. Assim, a firma liderada por Paula Gomes Freire inicia o processo de onboarding com um bootcamp de integração, uma iniciativa que combina atividades de team building com momentos de networking.

“Este bootcamp é seguido pela trainee week, uma semana intensiva de formação, onde os estagiários recebem informações sobre as várias áreas de prática, indústrias e adquirem conhecimento sobre os processos internos. No final dessa semana, cada estagiário é integrado na sua área de preferência de prática, dando início ao seu percurso profissional”, explica a diretora de Talento, Susana Miranda.

A escolha da área de prática é feita colaborativamente entre a firma e o advogado. Depois de recolhidas as preferências de cada estagiário em relação às áreas de interesse, o escritório procura alinhar essas preferências de forma a maximizar o desenvolvimento dos estagiários e o sucesso do programa. O estágio é rotativo possibilitando que passem por diferentes áreas de prática.

Quando chegam à VdA, os estagiários já têm um programa de integração desenhado pela firma, com a duração de uma semana, onde lhes é dada a possibilidade de interagir com o sócio fundador, o senior partner e a managing partner. O objetivo deste programa é promover a integração na cultura organizacional do escritório, começando pela apresentação da história, os valores, o propósito, a presença internacional e ainda projetos que definem a identidade da firma, como a VdA Inovação.

É também abordado o percurso de carreira na VdA, que inclui o processo de agregação à Ordem dos Advogados, as oportunidades de desenvolvimento profissional e pessoal, e a valorização do bem-estar. Naturalmente, este programa inclui formação em ferramentas tecnológicas e informações essenciais ao desempenho eficiente na VdA”, acrescenta Susana Miranda.

Sede da Vieira de Almeida em Santos, Lisboa.José Campos

Cada estagiário é acompanhado ao longo do estágio por um coach, que atua como responsável e mentor ao longo das rotações, e pelo sócio responsável pela área de prática em que está inserido. O processo de avaliação ocorre uma vez por ano, por ambos os responsáveis que o acompanham ao longo do estágio. Paralelamente, existe um acompanhamento através do Gabinete do Estagiário,

“O papel da VdA na preparação e formação das novas gerações de advogados é uma missão que sempre entendemos como da maior importância, e que se funda em aspetos relevantes da nossa cultura e valores”, nota a diretora de Talento.

Morais Leitão e a política da flexibilidade

O primeiro dia de um estagiário na Morais Leitão é feito de apresentações, tanto dos próprios como da sociedade. Nas duas semanas seguintes, segue-se um período de formação inicial. Após este período, os estagiários integram “em pleno” os departamentos designados.

Apesar de ser a Morais Leitão a definir as áreas em que cada um se vai inserir, os estagiários são auscultados, bem como os vários departamentos. “Para além de se procurar conjugar as preferências de uns com as necessidades de outros, são ainda tidas em consideração as necessidades formativas de cada advogado estagiário”, revela Joana Almeida, diretora de Pessoas da firma.

No escritório liderado por Martim Krupenski o estágio é rotativo, transitando, pelo menos, por duas áreas. À Advocatus, a sociedade assegura que têm “sempre flexibilidade” para alargar ou reduzir o número de rotações, consoante o perfil de cada um, as suas necessidades formativas e as necessidades dos departamentos.

“A formação inicial dos advogados estagiários tem a duração de duas semanas e pretende familiarizá-los com uma multiplicidade de tópicos, desde a estrutura organizativa da Morais Leitão às ferramentas tecnológicas que utilizamos ou à nossa política de responsabilidade social, para dar apenas alguns exemplos”, explica Joana Almeida.

Arte nos escritórios
Escritório da Morais LeitãoHugo Amaral/ECO

No que concerne à avaliação, essa é feita “formalmente” no final de cada rotação entre departamentos e é realizada pelo respetivo coordenador de estágio. “Pretende-se que o feedback que recebem seja constante e espontâneo”, assume.

“Para além do patrono, os advogados estagiários têm, a cada momento, um coordenador de estágio, responsável por acompanhá-los no trabalho e na integração nas equipas. A esse acompanhamento soma-se o de um mentor, no contexto do nosso programa de mentorado, caso os advogados estagiários optem por integrá-lo”, acrescenta Joana Almeida.

Cuatrecasas aposta em rotações de estágio

E na Cuatrecasas, como é feito o onboarding? Os 14 estagiários recebem sessões “mais informais” para ficarem a conhecer o escritório e as equipas e recebem também formações específicas. São realizadas ainda várias atividades de team building.

“Desde formações sobre o funcionamento do escritório e das aplicações que terão de usar, até uma formação jurídica sobre cada área de prática da sociedade, a que chamamos Plano Mentor e que lhes permite ter um conhecimento mais aprofundado da atividade desenvolvida em cada especialidade”, explica Leonor Vila Luz, responsável de Recursos Humanos.

Os estagiários recebem formações específicas com os responsáveis de áreas como Recursos Humanos, Contabilidade e Fiscalidade, Conhecimento e Inovação, Prevenção de Riscos Laborais, Marketing e Business Development, e Comunicação e Brand Design. “A formação dos advogados é uma parte importante do ADN da Cuatrecasas”, sublinha.

Ao longo do estágio são avaliados de forma contínua e “mais formalmente” no final de cada rotação. O estágio é “tendencialmente” rotativo, entre duas a quatro áreas e o escritório tem em conta as preferências do estagiário.

Cuatrecasas principal

“Os estagiários têm um tutor que lhes é atribuído no primeiro dia e que os acompanha ao longo do estágio para facilitar a sua rápida integração no escritório”, explica.

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