Exclusivo Repsol confirma desvio de investimento para Sines. Construção de eletrolisador arranca em 2025

Empresa confirma suspensão de projetos de hidrogénio em Espanha, em protesto contra a política fiscal do Governo de Sánchez. Eletrolisador de 4 MW, desviado para Sines, estará pronto em 2026.

A Repsol vai mesmo avançar com a construção do novo eletrolisador em Sines, tendo dado ordem de suspensão de todos os investimentos de hidrogénio previstos em Espanha, depois de o Governo de Pedro Sánchez ter confirmado que, a partir de 2025, vai tornar permanente a cobrança do imposto extraordinário sobre as energéticas e o setor bancário. Ao ECO, fonte oficial da empresa confirma a relocalização do projeto, que se encontra já em fase de engenharia, estando previsto o arranque da construção no primeiro semestre de 2025 com entrada em funcionamento no início do ano seguinte.

Confirmamos que todos os projetos de hidrogénio verde foram suspensos em Espanha. O único projeto que irá avançar conforme planeado é um eletrolisador em Portugal ligado à expansão do Complexo Industrial de Sines“, lê-se numa resposta enviado ao ECO na sequência de notícias avançadas esta segunda-feira pelos meios de comunicação espanhóis. O projeto terá uma capacidade de produção equivalente a quatro megawatts (MW) de consumo de eletricidade e uma capacidade de produção de hidrogénio de cerca de 600 toneladas por ano.

O eletrolisador “servirá para gerar oportunidades de comercialização” assim que as necessidades do complexo industrial de Sines tiverem sido “satisfeitas”, explica fonte inicial. Em causa está um investimento já em curso de 657 milhões de euros da petrolífera e que tem como objetivo ampliar a unidade industrial em Sines, criando duas novas fábricas de polímeros.

A Repsol confirma um novo investimento em hidrogénio renovável no Complexo Industrial de Sines, em Portugal. O projeto, que contempla um investimento de 15 milhões de euros, encontra-se atualmente em fase de engenharia. Prevê-se que a construção tenha início no primeiro semestre de 2025, estando a entrada em funcionamento prevista para o primeiro trimestre de 2026.

Fonte oficial da Repsol

Com a relocalização deste projeto para Portugal e a suspensão de uma carteira de investimentos de hidrogénio em Espanha, a Repsol dá um sinal de protesto ao Governo de Pedro Sánchez que decidiu tornar permanente, a partir de 2025, a cobrança do imposto extraordinário sobre o setor energético e bancário, criado em 2022.

Esta decisão deve-se à atual instabilidade regulamentar em Espanha e aos planos do governo espanhol para tornar permanente um imposto extraordinário cobrado em 2022, o que faz com que o ambiente regulamentar não seja propício a grandes investimentos industriais a longo prazo”, justifica fonte oficial da Repsol ao ECO.

A possibilidade de a Repsol realocalizar projetos para o país vizinho já tinha sido levantada pela própria empresa no ano passado. Durante uma chamada com analistas de mercado, em outubro de 2023, o CEO Josu Jon Imaz indicou que a empresa tinha “outras alternativas”, como Portugal, onde poderia ter atividade internacional no seu negócio industrial caso um agravamento da situação fiscal prosseguisse.

“Vamos analisar cuidadosamente o quadro regulamentar e fiscal antes de tomar novas decisões de investimento em Espanha. Porque temos de proteger, acima de tudo, os nossos acionistas, os nossos trabalhadores”, afirmou, considerando, na altura, o imposto espanhol como “injusto, ilegal e discriminatório” e que “está a prejudicar as empresas”. Agora, volvido um ano, a petrolífera concretiza o alerta.

Até à decisão de suspender os investimentos, em Espanha, a empresa tinha previsto 350 megawatts (MW) de eletrólise, sendo que o maior dos seus projetos será na refinaria da Repsol em Cartagena, com uma capacidade de eletrólise de 100 MW e um investimento de 200 milhões de euros. Somam-se ainda os projetos de Tarragona (150 MW) e Bilbau (100 MW).

Portugal também tem em vigor um imposto semelhante, a Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético (CESE), que tem sido fortemente contestada por empresas como a EDP e a REN nos tribunais. No entanto, por cá, a Repsol escapa à cobrança desta taxa por ser uma petrolífera que não tem atividade de refinação, apenas petroquímica. Segundo o El Economista, a Repsol já pagou 779 milhões de euros de imposto extraordinário ao Estado espanhol, desde 2022.

(Notícia atualizada pela última vez às 20h58)

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