Há novas boutiques do setor da advocacia a surgirem no mercado. Querem aproveitar uma oportunidade de negócio e já têm planos para o futuro.
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Olharam para o mercado e viram uma oportunidade de negócio. O que, por vezes, significa abandonar a rede de uma grande sociedade de advogados, mas o desejo de criar o seu próprio projeto falou mais alto.
Há pouco mais de um ano a MFA Legal e a NLP lançaram-se no mercado, aproveitando a “existência de espaço” na advocacia para projetos em áreas de nicho e elevado valor acrescentado: uma dedica-se aos temas da criminalidade económica, fiscalidade e gestão de risco e a outra ao de propriedade intelectual.
“O nosso projeto assenta na senioridade das equipas e proximidade com os nossos clientes, numa lógica de trusted advisors”, assume o managing partner da MFA Legal, Samuel Fernandes de Almeida, que fundou a boutique com João Medeiros e Joana Lobato Heitor. Todos transitaram da Vieira de Almeida (VdA).
Foi no Club VII, no intervalo da prática desportiva dos sócios, que o projeto teve “luz verde”, conta o líder da MFA. “Podemos dizer que é um projeto saudável e competitivo”, acrescenta. O líder da boutique garante que o nome na placa de entrada não foi uma motivação, mas antes o “desejo comum e o desafio de criar um projeto inovador e diferenciado que possa deixar uma marca positiva junto dos clientes, colaboradores e parceiros”, assegura.
“O desafio é criar uma organização reconhecida no mercado pela excelência do seu trabalho, pela aposta nas pessoas, na proximidade e uma cultura de inovação e total transparência. Mais do que um projeto dos sócios fundadores, queremos deixar algo que perdure no tempo e crie um impacto positivo junto de clientes e na sociedade”, nota Samuel Fernandes de Almeida.
Na NLP, um player dedicado à área de propriedade intelectual fundado por Beatriz Lima, Joana Piriquito Santos e Sara Nazaré, foi a “paixão”, “oportunidade”, “admiração” e “confiança mútua” que motivaram o nascimento da boutique. Assim, as três sócias fundadoras abandonaram a VdA e abriram o seu próprio negócio.
“Acreditamos na crescente importância que a propriedade intelectual tem e terá nas empresas e no seu papel fundamental para o crescimento económico do país. Portugal tem empresas tecnológicas já com muita maturidade, empresas criativas cada vez mais sofisticadas, institutos de investigação com profissionais muitíssimo bem preparados para gerir portfólios de patentes e avançar para a transferência de tecnologia”, destaca Joana Piriquito Santos.
A advogada sublinha que tinham vontade de trazer ao mercado uma proposta “inovadora” e que acrescentasse valor, onde pudessem oferecer aos clientes uma “verdadeira one-stop-shop de propriedade intelectual”, seguindo uma abordagem 360º. Uma coisa é certa, a sócia fundadora garante que a ideia de criar o projeto surgiu como uma paixão: “Começamos a sonhar e, quando nos damos conta, já estamos totalmente comprometidos.” Assim, assume que estão a viver o presente e a construir o futuro, com “alegria e entusiasmo”, mas também com “responsabilidade e compromisso”.
Do receio ao voo inicial
O desafio de começar um novo projeto pode ser pautado, inicialmente, por algum receio, principalmente quando isso implica abandonar projetos de grande dimensão, como a VdA. Ainda assim, Joana Piriquito Santos explica que, no final do dia, a vontade, a convicção e a coragem superaram os “obstáculos”. “E com a coragem, vem uma enorme responsabilidade perante os clientes. Os momentos difíceis e exigentes fazem parte, mas acreditamos que esses momentos podem ser superados, porque estamos preparados e temos as pessoas certas ao nosso lado”, acrescenta.
Samuel Fernandes de Almeida assume que sair de uma organização como a VdA, onde sempre foram “bem tratados”, nunca é fácil. “Não diria que houve, propriamente, receio, mas sim a consciência da dimensão da montanha que tínhamos e temos de escalar”, assume. Contudo, revela que um dos traços que caracteriza a cultura da MFA é um estado de permanente “inquietude” e “exigência”. “A inquietude de querermos sempre ir mais longe, de nos reinventarmos diariamente, de adotar as melhores práticas e investirmos continuamente nas pessoas, no talento, e, diria, que muito em breve, na tecnologia”, disse.
Com um percurso ainda curto, as boutiques de advocacia garantem que têm novos projetos para “breve” e que o futuro passa por fazerem o que fazem “muito bem”. “Temos muitos projetos, alguns dos quais serão divulgados em breve. A estratégia passa por consolidar a nossa oferta de serviços nas nossas áreas de especialidade, fechando o círculo em matéria de gestão de risco e gestão de crises”, refere o managing partner da MFA.
Samuel Fernandes de Almeida explica que têm como objetivo ser a “primeira escolha” em matéria de gestão legal de risco e isso implica reforçar a equipa em áreas como a cibersegurança, tecnologia, proteção de dados e cripto ativos. “Seremos no futuro certamente mais tecnológicos, seja na oferta de serviços, seja no investimento em tecnologia como ferramenta de melhoria dos nossos procedimentos”, acrescenta.
Na NLP o futuro passa por fazer o que fazem “muito bem” e depois “fazer ainda melhor”. “Queremos ser advogados de referência a nível europeu, e não apenas em Portugal, em todas as matérias de propriedade intelectual”, assume Joana Piriquito Santos. Para tal, estão focados em consolidar o que já atingiram.
“Queremos ajudar a promover o sistema de propriedade intelectual em Portugal, estamos absolutamente comprometidos com a excelência do trabalho que entregamos, e estamos interessados em encontrar as pessoas certas para integrarem este projeto e fazê-lo crescer”, refere, sublinhando que este caminho deve ser feito de forma “planeada, sustentada, sólida, mas com uma enorme dose de entusiasmo e confiança no futuro”.
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