Compra de dívida portuguesa pelo BCE abaixo do patamar dos 500 milhões
As compras mensais do Banco Central Europeu de dívida pública portuguesa voltaram a diminuir em junho, atingindo um novo mínimo: 498 milhões de euros.
As compras mensais de dívida pública portuguesa por parte do Banco Central Europeu (BCE) voltaram a diminuir em junho, atingindo um novo mínimo: 498 milhões de euros. Desde o início do ano que o banco liderado por Mario Draghi está a refrear as compras de títulos portugueses, no âmbito do plano de aquisição de dívida do setor público (PSPP).
Pelo terceiro mês consecutivo — em março o ciclo de reduções teve uma interrupção –, o BCE encolheu o valor das compras de obrigações do Tesouro português, tendo ficado em junho abaixo do patamar dos 500 milhões de euros. Face ao mês anterior, o banco central comprou menos seis milhões de euros, mas a diferença para maio de 2016, o mês em que as compras foram mais gordas, é já bastante significativa: 953 milhões de euros. Ou seja, num ano as compras do BCE passaram para cerca de um terço.
Compras mensais de dívida portuguesa em queda
Fonte: BCE
Este valor fica também bastante abaixo da média de compras mensais de dívida pública portuguesa, que ronda os mil milhões de euros. No final do mês passado, o BCE tinha um total de 28,1 mil milhões de euros em títulos lusos.
A tendência de diminuição das compras tem sido visível desde o início do ano, mas tornou-se ainda mais evidente desde abril, quando a magnitude do programa de estímulos do BCE foi reduzida. Em vez dos 80 milhões de euros mensais, o BCE baixou o ritmo de compras para os 60 milhões de euros. Esta medida marcou o início da reversão dos estímulos que foram implementados para ajudar à recuperação da economia europeia.
No total de todas as economias, as compras de dívida do BCE aumentaram ligeiramente (cerca de 100 milhões de euros) em junho, para 51,6 mil milhões. Mas este valor está já longe do máximo de 79,7 mil milhões que o banco central comprou em maio de 2016.
Compras mensais do BCE a baixar
Fonte: PSD
Para além desta decisão de política monetária, a redução das compras do BCE dirigidas aos títulos portugueses também está relacionada com a chave de capital de cada Estado-membro, junto do banco central. Há um conjunto de regras que limitam as compras, como por exemplo o facto de o BCE não poder ter mais de um terço da mesma linha de obrigações. No caso português, as compras estão ainda a ser limitadas pelas aquisições de dívida efetuadas durante outro programa semelhante, que vigorou entre 2010 e 2012.
Conforme tem vindo a ser explicado por Mario Draghi, a ideia é reduzir gradualmente os estímulos que estão a ser dados às economias do euro através da política monetária, mas apenas à medida que a retoma vai ganhando fôlego. O objetivo é permitir que as ferramentas no terreno sejam progressivamente retiradas, ou reajustadas, para que o efeito expansionista, dadas as condições da economia, se mantenha mais ou menos inalterado — em vez de, com o impulso da retoma, ser crescente.
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