“Equipas de gestão com os mesmos perfis não estão tão preparadas para desafios”

Paula Perfeito, presidente do braço lisboeta da Professional Women Network (PWN), sublinha que não só há poucas mulheres em cargos de decisão, como são sempre as mesmas.

Numa década, o número de mulheres nos conselhos de administração das maiores empresas portuguesas aumentou, mas só uma minoria está em cargos de decisão. Em declarações ao ECO, Paula Perfeito, presidente do braço lisboeta da organização internacional Professional Women Network (PWN), avisa que equipas de gestão com “os mesmos perfis” não estão “tão preparadas” para responder aos desafios que estão colocados às empresas, deixando claro que a diversidade “é uma questão de governança“.

“Todos os movimentos a que temos assistido até hoje [no sentido da igualdade] têm sido passos muito curtos, embora significativos“, começa por diagnosticar a responsável.

Por exemplo, frisa, a lei que dita que as empresas públicas e as cotadas têm de ter uma participação feminina mínima de 33,3% nos seus boards não faz distinção entre os cargos não executivos e os executivos, o que explica que a fatia de mulheres nos lugares de decisão seja ainda magra.

Pior, Paula Perfeito atira: “estamos permanentemente a falar das mesmas mulheres“. De acordo com a responsável, há um “ciclo vicioso” de nomes femininos nas lideranças, que levanta a questão: afinal, onde param as outras profissionais?

Para responder a essa escassez, a presidente da PWN Lisbon avança três recomendações. Primeiro, as organizações têm de ter a diversidade na sua visão estratégica. “Equipas de gestão com os mesmos perfis não estão tão preparadas para responder aos desafios e às exigências a que as organizações hoje são votadas”, alerta Paula Perfeito, apelando a variedade não só de género, mas também de idade, contextos culturais e até especializações.

Todos os desafios que são hoje colocados ganham certamente com diversidade das equipas de gestão. Tal contribui para soluções mais preparadas e mais à altura.

Paula Perfeito

Presidente da PWN Lisbon

“Todos os desafios que são hoje colocados ganham certamente com diversidade das equipas de gestão. Tal contribui para soluções mais preparadas e mais à altura“, entende a responsável.

Por outro lado, Paula Perfeito argumenta que as organizações têm de preparar um “pipeline de talento”, isto é, os líderes têm de ir preparando, no seio das suas equipas, o talento que identificam como tendo potencial para ocupar, futuramente, certos cargos dentro da organização.

Três eixos para lideranças diversas, segundo Paula Perfeito
-Incluir diversidade na visão estratégica;
-Preparar um “pipeline” de talento;
-Adotar uma cultura de assunção de riscos.

Já o terceiro conselho da presidente da PWN Lisbon é apostar numa cultura de assunção de risco. “Procurar — e isso é da responsabilidade das lideranças — olhar para os profissionais a partir do seu potencial e que cada uma das lideranças tenha a todo o momento apontado o seu sucessor“, esclarece Paula Perfeito, que sublinha que esta é a receita para ir identificando e construindo as próximas gerações de líderes (diversas).

Da parte da PWN, organização internacional focada no desenvolvimento das lideranças e na diversidade da gestão, o contributo passa pela mobilização de todos os stakeholders, das empresas à academia, pela sua agregação e até pela preparação dos novos profissionais, identifica a já referida responsável.

Um dos programas desenvolvidos pela PWN Lisbon é o “Youth”, que já entrou agora na sua sétima edição e que pretende capacitar uma nova geração de mulheres líderes.

“Está desenhado para criar e promover uma nova geração de mulheres líderes, orientado para profissionais entre os 25 e os 35 anos e com, pelo menos, dois anos de experiência profissional. Desde o seu arranque, em 2018, integrou mais de 150 mulheres”, adianta ao ECO a organização.

Este foi, segundo Paula Perfeito, um dos programas pensados aquando do arranque da lei que fixou a presença mínima de mulheres nos conselhos de administração das cotadas portuguesas.

“A PWN não está apenas a reivindicar um lugar para as mulheres. Estamos a reivindicar um lugar para a diversidade. É uma questão de governança“, remata a responsável da PWN Lisbon, que vai comemorar os seus 13 anos de atividade com um encontro de 300 stakeholders da área da diversidade a 28 de novembro.

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