Produção industrial na Zona Euro cai para mínimo de 12 meses
A economia da Zona Euro continua sob pressão. Além da contínua contração da indústria, o emprego caiu pelo quinto mês, com o ritmo de cortes de postos de trabalho a ser o mais elevado em quatro anos.
A economia da Zona Euro continua a “navegar” em terreno de contração, com a atividade económica a diminuir pelo segundo mês consecutivo. No entanto, o ritmo de declínio abrandou em dezembro, segundo os dados preliminares do índice PMI (Purchasing Managers’ Index) divulgados esta segunda-feira.
O índice PMI Composto da Zona Euro, que mede a atividade nos setores da indústria e dos serviços, subiu 2,5% para 49,5 pontos em dezembro, face aos 48,3 registados em novembro, e ficou 2,7% acima das estimativas dos analistas que apontavam para um índice de 48,2 pontos.
O índice permanece assim abaixo da marca dos 50 pontos — marca que separa crescimento de contração —, sinalizando uma redução marginal da atividade económica, mas indica uma melhoria face ao mês anterior que não é displicente.
“O final do ano é um pouco mais conciliador do que se espera geralmente”, afirma inclusive Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank (HCB), entidade responsável pela divulgação dos PMI. O especialista destaca que “a atividade do setor dos serviços regressou ao território de crescimento e está a mostrar um ritmo de expansão notável, se não exuberante, semelhante ao observado em setembro e outubro”.
Porém, os dados divulgados esta segunda-feira pelo HCB mostram divergências significativas entre os setores da atividade económica. Enquanto o índice de atividade do setor dos serviços subiu 3,8% para 51,4 pontos em dezembro, face aos 49,5 de novembro, regressando assim ao território de expansão, o índice de produção industrial caiu 1,3% para 44,5 pontos, o nível mais baixo em 12 meses, indicando uma contração mais acentuada. “A situação do setor da indústria transformadora continua a ser muito grave”, refere Cyrus de la Rubia.
As taxas de inflação tanto dos custos dos inputs como dos preços de venda aceleraram no final do ano, com os encargos a aumentarem a um ritmo que se manteve acima da média histórica.
Um dos dados mais preocupantes do relatório é a queda no emprego. As empresas reduziram os seus níveis de pessoal pelo quinto mês consecutivo, com o ritmo de cortes de postos de trabalho a acelerar para o mais pronunciado em quatro anos. “Com as novas encomendas e a atividade empresarial a cair, as empresas reduziram novamente os seus níveis de pessoal em dezembro”, refere o relatório.
Os dados também destacam o aumento das pressões inflacionistas no final do ano. “As taxas de inflação tanto dos custos dos inputs como dos preços de venda aceleraram no final do ano, com os encargos a aumentarem a um ritmo que se manteve acima da média histórica”, lê-se no relatório do HCB. Este dado poderá preocupar o Banco Central Europeu, que tem estado atento à inflação no setor dos serviços.
Apesar dos desafios, há sinais de um otimismo moderado para o próximo ano. A confiança empresarial, embora ainda abaixo da média da série, recuperou algum terreno em dezembro após ter caído para um mínimo de um ano em novembro.
No entanto, as incertezas políticas nas duas maiores economias da Zona Euro — Alemanha e França — continuam a pesar sobre as perspetivas. “Se os futuros governos conseguirem traçar um rumo claro, ainda poderá haver surpresas positivas no próximo ano”, conclui Cyrus de la Rubia.
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