Negócio entre CTT e DHL deixa de fora a espanhola Cacesa (por agora)
O negócio que coloca nas mãos da DHL 25% da CTT Expresso não contemplou a compra da Cacesa que os CTT estavam a negociar à parte. Se quiserem ficar com uma posição, os alemães terão de pagar.
O acordo firmado esta quinta-feira entre os CTT CTT 0,00% e a DHL, um dia depois de os Correios terem anunciado a compra da Cacesa, deixa de fora a empresa espanhola de desalfandegamento, pela qual os CTT aceitaram na quarta-feira pagar 104 milhões de euros. A DHL irá decidir depois se pretende ficar também com uma parte da Cacesa, pagando a sua parte, algo com o qual a empresa alemã não se compromete, apesar de admitir ter interesse.
O esclarecimento foi dado numa conferência de imprensa, horas depois de os CTT e a DHL terem formalizado uma parceria estratégica que, na prática, coloca a totalidade da DHL Parcel Portugal nas mãos dos CTT, dividindo depois o negócio em Espanha, com os CTT a ficarem com o segmento de consumo e a DHL com o segmento empresarial no país vizinho. No final, os alemães passarão a deter 25% da CTT Expresso, que por essa hora já será dona da DHL em Portugal e de 25% da DHL Parcel Iberia.
“Não esperávamos anunciar estas duas operações em dias consecutivos”, revelou o presidente executivo dos CTT, João Bento, para justificar o facto de a Cacesa ter ficado fora do perímetro do negócio com a DHL. “Acabou por acontecer”, reconheceu o gestor, salientando que, quando a DHL formalizar a compra de 25% da CTT Expresso, já depois de incorporada a DHL Parcel Portugal e os 25% da DHL Parcel Iberia, “paga a sua parte da Cacesa”. Mas só se assim o entender.
“A DHL tem a opção [de ficar com parte da empresa espanhola] porque não participou na compra da Cacesa”, ressalvou João Bento, confirmando que, “em princípio”, tal corresponderia a 25% dos cerca de 100 milhões que valem a Cacesa. Os CTT aceitaram pagar 104 milhões de euros para ficar com o operador espanhol de desalfandegamento de encomendas, que foi avaliado em 91 milhões de euros (“pagámos um bocadinho mais porque a empresa tem dinheiro”, afirmou João Bento na quarta-feira, noutra conferência de imprensa, para explicar o racional desse negócio.)
Instado a confirmar se a DHL pretende manter a Cacesa no pacote, Pablo Ciano, CEO da DHL eCommerce e o outro rosto do acordo, disse ter “confiança na qualidade da gestão” da empresa portuguesa e estar certo de que “vai ser uma transação promissora”. Contudo, não se quis comprometer já, indicando: “Vamos ver os números em pormenor.”
Esta quinta-feira, num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os Correios anunciaram uma “parceria estratégica” com a DHL que, em conjunto com a integração da espanhola Cacesa — que ainda depende da aprovação regulatória –, farão dos CTT “um grupo significativamente maior”. Se o negócio tivesse ocorrido no ano passado, os CTT teriam tido receitas de cerca de 1,1 mil milhões de euros, acrescenta a cotada portuguesa na mesma nota.
Concretamente sobre o acordo com a DHL, a primeira fase da transação tem três momentos:
- Primeiro, a CTT Expresso compra 100% da DHL Parcel Portugal;
- Depois, os CTT compram 25% da DHL Parcel Iberia;
- Por fim, o grupo DHL adquire 25% da CTT Expresso.
Na segunda fase da transação, está previsto que a DHL e os CTT possam aumentar as respetivas posições uma na outra até aos 49%.
Com este negócio, os CTT encaixam, em termos líquidos, cerca de 69 milhões de euros. Um valor explicado com o “saldo entre a valorização de 25% da CTT Expresso depois de comprar a DHL em Portugal e 25% da DHL em Espanha”. Pablo Ciano, CEO da DHL eCommerce, confirmou ser uma forma de “gerar uma compensação a favor da CTT Expresso”, uma vez que a DHL “está a comprar 25% da CTT Expresso como um todo”.
O mercado está a aplaudir a operação. Cerca das 12h25, as ações da empresa postal disparavam quase 11%, para 5,18 euros, um máximo desde julho de 2021.
(Notícia atualizada pela última vez às 12h30)
Cotação das ações dos CTT em Lisboa
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