BCE prevê que famílias da Zona Euro continuem a poupar “no curto prazo” para reconstituir riqueza

  • Joana Abrantes Gomes
  • 8 Janeiro 2025

Famílias da área da moeda única estão a acumular cada vez mais poupanças. Mas, segundo o BCE, um forte crescimento dos rendimentos reais do trabalho deve estimular consumo privado.

Depois de uma descida em meados de 2022, para uma média equivalente ao período pré-pandemia, a taxa de poupança das famílias na Zona Euro, calculada pelo Eurostat, registou uma subida para 15,7% no segundo trimestre de 2024. Segundo o Banco Central Europeu (BCE), é provável que as famílias da área da moeda única continuem a poupar para reconstituir o património perdido devido à inflação elevada, que se tem aproximado da meta dos 2%.

Com as restrições da pandemia de Covid-19 amplamente levantadas em 2022, a taxa de poupança “regressou à sua média pré-pandemia”, mas “voltou a aumentar nos últimos dois anos, enquanto o consumo se manteve lento”, devido ao “forte crescimento do rendimento real das famílias”, assinala o BCE, num artigo do Boletim Económico publicado esta quarta-feira.

Evolução da taxa de poupança das famílias na Zona Euro

Fonte: Banco Central Europeu e Eurostat

No artigo, os economistas Alina Bobasu, Johannes Gareis e Grigor Stoevsky notam que “os subsequentes aumentos das taxas de juro encorajaram a poupança e, provavelmente, travaram o consumo de bens mais do que o consumo de serviços”, em particular o consumo de bens duradouros, uma vez que “é mais sensível às taxas de juro do que os serviços”.

A instituição liderada por Christine Lagarde antecipa que a taxa de poupança das famílias da Zona Euro se mantenha elevada a curto prazo, “embora um pouco abaixo do seu pico mais recente, refletindo em parte a moderação das taxas de juro”, atualmente fixadas nos 3%, na sequência de uma nova descida na reunião do conselho de governadores de 13 de dezembro.

No entanto, o BCE perspetiva que as despesas das famílias acabarão por recuperar. “A provável descida da taxa de poupança, juntamente com a continuação do forte crescimento dos rendimentos reais do trabalho, deverá contribuir para o dinamismo do consumo privado“, afirmam Alina Bobasu, Johannes Gareis e Grigor Stoevsky.

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