Antigo barco da família Espírito Santo vai transportar turistas no Douro
Fundada em 2007, a operadora duriense de turismo fluvial de luxo Pipadouro tem dois iates dos anos 50 e 60, um deles serviu a Marinha inglesa. Em 2024, recebeu recebeu turistas de 26 nacionalidades.
Licenciado em marketing e apaixonado pelo Douro, Gonçalo Correia dos Santos aventurou-se em 2005 a embarcar sozinho num barco a motor do Porto com destino ao Pinhão. “Foi uma experiência única, fiquei viciado e comecei a fazer a viagem com alguma regularidade até que comecei a explorar o Douro superior até Barca D’Alva, onde o rio é navegável”, começa por explicar ao ECO o empreendedor.
Nessa aventura descobriu uma oportunidade de negócio e em 2007, convidou o Pedro Roquette, primo do administrador da histórica Quinta do Crasto, para juntos começarem um negócio “inovador” direcionado ao turismo fluvial de luxo no rio Douro. “Na altura não existia barcos no Douro, à exceção dos pescadores”, constata Gonçalo Correia dos Santos. E assim nasce a Pipadouro (Vintage Wine Travel) com dois barcos, o FriendshipI, de 1957, que servia a Marinha inglesa, e o PipadouroII, de 1965, que foi construído nos estaleiros de João Brites, em Lisboa. Os barcos têm a lotação de 12 e 16, respetivamente, sem tripulação incluída.
O terceiro barco já está a ser restaurado nos estaleiros de Vila Nova de Gaia, o único sobrevivente dos 13 estaleiros que existiam entre a Ponte Luiz I e a zona da Afurada e é atualmente o único estaleiro do país a dedicar-se à construção de barcos rabelos. O empreendedor, que já está reformado, conta que o barco pertenceu à família Espírito Santo.
“É um barco francês dos anos 60 que pertenceu à família Espírito Santo”, comenta Gonçalo Correia dos Santos. O barco, que terá uma cabine presidencial, estará pronto para começar a navegar o Rio Douro em outubro deste ano, revela ao ECO o dono da Pipadouro. Antes de ser restaurado o barco tinha quatro cabines com capacidade para oito pessoas, mas o empreendedor optou por transformar o espaço numa cabine de luxo para duas pessoas. A capacidade do barco será de 14 pessoas, mais tripulação.
Pipadouro recebe turistas de 26 nacionalidades, com americanos a liderar
A Pipadouro registou um aumento de 42% no número de passageiros ao longo dos últimos 12 meses ao receber 2.064 turistas de 26 nacionalidades. À semelhança da tendência do turismo nacional, os norte-americanos reforçam a posição de liderança, passando de um terço em 2023 para mais de 40% (43,4%) de ocupação em 2024, seguido dos portugueses (20%) e dos brasileiros (12,9%).
As rotas que podem ir do Porto até Barca D’Alva e os passageiros têm vários programas à escolha que vão desde passeios de duas horas até estadias de três dias. Os preços começam nos 60 euros por pessoa e não têm limite, depende do serviço e se é personalizado. A título de exemplo, o fundador da empresa conta que recebeu um casal russo e o serviço rondou os 14 mil euros, que inclui 1.500 euros em flores, toalhas e copos personalizado com as iniciais do nome, um almoço exclusivo na piscina da Quinta do Crasto com vinhos servidos a custar 800 euros.
“As viagens podem ser feitas à medida, independentemente dos programas que disponibilizamos“, conta Gonçalo Correia dos Santos, de 59 anos, que foi em outrora praticante de vela.
Assumindo-se como a única empresa de turismo fluvial de luxo no rio Douro, a Pipadouro realizou um total de 415 programas ao longo do último ano, mais 116 que em 2023. Entre os eventos estão celebrações distintas como aniversários, pedidos de casamento, luas-de-mel, eventos com música ao vivo ou passeios corporativos ou até ações de team building.
O ano passado, a operadora duriense de turismo fluvial de luxo venceu o prémio mundial de melhor experiência inovadora em enoturismo nos People’s Choice Awards, promovidos pela Great Wine Capitals Global Network.
Por questões pessoais, Pedro Roquette acabou por sair da empresa, e neste momento é Tomás Roquette (Quinta do Crasto), Pedro Silva Reis (Real Companhia Velha) e Fernando Pereira (GWD, um grupo de investimento) que integram a estrutura acionista da empresa. “Procurei sócios ligados ao vinho que tivessem interesse e paixão pelo Douro”.
O Rio Douro é uma pérola em Portugal, temos o melhor que existe quando comparado com qualquer rio europeu.
“O Rio Douro é uma pérola em Portugal, temos o melhor que existe quando comparado com qualquer rio europeu”, enfatiza Gonçalo Correia dos Santos, referindo “não ter dúvidas que o turismo do Rio Douro vai continuar a crescer”.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Antigo barco da família Espírito Santo vai transportar turistas no Douro
{{ noCommentsLabel }}