Margarida Marques não pediu nem sabe porque foi afastada
Questionada por vários órgãos de comunicação social, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus disse que não pediu para sair e que ficou "surpreendida" quando a decisão lhe foi anunciada.
Margarida Marques foi uma das secretárias de Estado afetadas com a remodelação no Governo, mas, em declarações ao Público e ao Observador, garante que foi apanhada de surpresa com a decisão do ministro dos Negócios Estrangeiros, visto que não pediu para sair. “Como dizia o meu ministro há dias, somos todos precários no Governo. Concluo que o primeiro-ministro entendeu que eu já não era necessária no Governo,” esclareceu ao Público.
Ao mesmo jornal, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus afirmou que já sabia há algum tempo que o seu tempo no Governo estava quase a acabar, mas não avançou desde quando. Questionada pelo Observador, Margarida Marques afirmou que não tinha pedido a demissão e que foi surpreendida pelo pedido: “Não fui hoje, mas fui surpreendida com a decisão”.
Ainda que não tenha avançado qual o motivo que levou ao seu afastamento, negou apenas qualquer rumor de mal-estar entre si e o ministro Augusto Santos Silva, detalhando que tinha “uma relação de trabalho ótima” com Santos Silva e que “não há qualquer perturbação nesta.
O ECO sabe que uma das razões que podem ter levado António Costa a afastar Margarida Marques pode estar relacionada com a Agência Europeia do Medicamente. A equipa da secretária de Estado terá induzido António Costa — facto que irritou muito o primeiro-ministro — em erro relativamente aos critérios para a escolha da cidade que poderia disputar a localização da Agência. De acordo com a informação recolhida por Margarida Marques, só Lisboa reuniria todas as condições. Mas alguns deputados do PS, tendo analisado por si os mesmos critérios, terão chegado a uma conclusão diferente e que abria a porta à candidatura da cidade do Porto. Esta terá sido a justificação para Costa dar o dito por não dito neste dossiê, que acabou com a candidatura da Invicta anunciada esta quinta-feira em Conselho de Ministros.
"Como dizia o meu ministro há dias, somos todos precários no Governo. Concluo que o primeiro-ministro entendeu que eu já não era necessária no Governo.”
Questionada sobre o seu futuro, Margarida Marques afirmou que vai voltar ao Parlamento, cargo para o qual foi eleita, acabando esta fase confiante de que fez o seu trabalho: “O que é fundamental é que fiz o mandato que me foi pedido. Ao fim de dois anos de trabalho verifico que há uma forma diferente de relação do Governo com as instituições europeias. Acho que tive um trabalho significativo para evitar sanções a Portugal e a suspensão de fundos comunitários.”
Margarida Marques vai ser substituída pela embaixadora da União Europeia na Colômbia, Ana Paula Zacarias.
Santos Silva garante relação “excelente”
O ministro dos Negócios Estrangeiros escusou-se a comentar a remodelação do Governo, com a alteração dos responsáveis pelas pastas dos Assuntos Europeus e Internacionalização, salientando que a relação com os governantes que tutela “foi e é excelente”.
“Agradeço a enorme dedicação e o trabalho dos senhores secretários de Estado que, nesta ocasião, abandonam o Governo. A relação do ministro dos Negócios Estrangeiros com todos os secretários de Estado foi e é excelente”, afirmou Augusto Santos Silva, numa mensagem enviada à Lusa. Santos Silva escusou-se a comentar as remodelações, afirmando apenas não ter “nada a dizer”.
Artigo actulizado às 22h25
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Margarida Marques não pediu nem sabe porque foi afastada
{{ noCommentsLabel }}