BCE alerta para riscos na economia da Zona Euro e reforça previsão de uma recuperação lenta
Apesar de considerar que “o processo de desinflação está bem encaminhado", Luís de Guindos, vice-presidente do BCE, alerta para o fraco crescimento e muitas incertezas na economia da área do euro.
Luis de Guindos, vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), traçou esta quarta-feira um panorama misto para a economia da Zona Euro, destacando progressos na luta contra a inflação, mas alertando para riscos significativos no crescimento económico.
“O processo de desinflação está bem encaminhado”, afirmou Guindos no seu discurso na 15.ª edição do Dia do Investidor em Espanha, em Madrid.
“A inflação principal caiu rapidamente em 2023, dos valores de dois dígitos observados no final de 2022, e continuou a descer em 2024, embora de forma mais gradual, atingindo uma média de 2,4% ao longo do ano”, destacou o vice-presidente do BCE no seu discurso, salientando ainda que “a maioria das medidas da inflação subjacente continua a sugerir que a inflação se fixará, de forma sustentada, perto do nosso objetivo de médio prazo de 2%”, e que “o processo de desinflação está bem encaminhado.”
Apesar dos progressos no controlo de preços, Guindos alertou que “as perspetivas para a economia da Zona Euro permanecem fracas e sujeitas a uma incerteza significativa”. O crescimento do PIB superou as expectativas no terceiro trimestre de 2024, impulsionado pelo aumento do consumo e pela acumulação de stocks pelas empresas, mas as informações recentes sugerem que a economia está a perder dinamismo.
“As últimas informações sugerem que a economia está a perder ímpeto. Os inquéritos indicam que a indústria transformadora continua em contração e o crescimento nos serviços está a abrandar“, referiu Guindos. O vice-presidente do BCE acrescentou ainda que “as empresas estão a adiar investimentos e as exportações permanecem fracas, com algumas indústrias europeias a lutarem para permanecer competitivas”.
As projeções de dezembro do BCE apontam para um crescimento de apenas 0,7% em 2024. Para os próximos anos, Guindos refere que “as condições estão reunidas para que o crescimento se fortaleça ao longo do horizonte de projeção, embora menos do que o previsto em rondas anteriores”, sustentado a sua opinião nos dados mais recentes das projeções do BCE que apontam para um crescimento ligeiramente acima de 1% em 2025, com uma ligeira subida para níveis modestos em 2026 e 2027.
Recorrendo a uma frase já proclamada algumas vezes por Christine Lagarde, Guindos enfatizou que os riscos para o crescimento económico na área do euro “permanecem inclinados para o lado negativo”.
Entre os principais fatores de risco, o vice-presidente do BCE refere que “o risco de maior fricção no comércio global poderia pesar sobre o crescimento da Zona Euro, amortecendo as exportações e enfraquecendo a economia global. Em particular, as perspetivas são caracterizadas por uma elevada incerteza em torno das futuras políticas comerciais nos EUA, incerteza política e de política orçamental em alguns grandes países da zona euro, bem como riscos geopolíticos globais”.
O vice-presidente do BCE alertou também para que este ambiente de elevada incerteza possa afetar a confiança e prejudicar a recuperação do consumo e do investimento, argumentando que é justamente por este “elevado nível de incerteza” que o BCE continuará “a seguir uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião para determinar a postura apropriada da política monetária”. A próxima reunião do Conselho do BCE decorre no final deste mês, a 29 e 30 de janeiro, em Frankfurt.
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