Operação Babel.Ex-vice-presidente nega ter recebido “qualquer cêntimo” para agilizar projetos

  • Lusa
  • 28 Janeiro 2025

O antigo vice-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia Patrocínio Azevedo negou que tenha recebido “qualquer cêntimo” do advogado João Lopes para agilizar projetos imobiliários.

O antigo vice-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia Patrocínio Azevedo negou que tenha recebido “qualquer cêntimo” do advogado João Lopes para agilizar projetos imobiliários.

“Não me importo de ser condenado a 50 anos [de prisão] por qualquer crime, menos por receber dinheiro”, afirmou Patrocínio Azevedo perante o coletivo de juízes do Tribunal de Gaia, no distrito do Porto.

A Operação Babel, relacionada com a alegada viciação e violação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanísticos em Gaia, tem 16 arguidos, incluindo Patrocínio Azevedo, os empresários do ramo imobiliário Paulo Malafaia e Elad Dror, fundador do grupo Fortera, acusados de dezenas de crimes económicos como corrupção e tráfico de influências.

O Ministério Público (MP) sustenta que Elad Dror e Paulo Malafaia “combinaram entre si desenvolverem projetos imobiliários na cidade de Vila Nova de Gaia, designadamente os denominados Skyline/Centro Cultural e de Congressos, Riverside e Hotel Azul”, contando com o alegado favorecimento por parte do antigo vice de Gaia, que receberia em troca dinheiro e bens materiais como relógios.

O ex-autarca, que está a prestar declarações desde o arranque do julgamento, frisou, visivelmente irritado, que “não pode apanhar um dia, nem um ano de cadeia por ter recebido um cêntimo”. E acrescentou: “Assumi na primeira hora os três relógios, menos que tenha recebido um cêntimo”.

Da parte da manhã, Patrocínio Azevedo assumiu ter recebido de João Lopes três relógios como prenda de Natal que, depois, devolveu.

Segundo o MP, o advogado João Lopes, igualmente arguido neste processo, fazia a ponte entre Paulo Malafaia e Elad Dror com Patrocínio Azevedo. Questionado pela magistrada sobre como justifica, então, o facto de o advogado pedir dinheiro em seu nome para agilizar processos imobiliários, nomeadamente o Riverside, Patrocínio Azevedo sublinhou que João Lopes terá feito isso em “desespero de causa porque tinha uma filha a ser operada”.

“Percebei no dia 16 de maio [dia da detenção] que fui vítima de uma pessoa sem caráter [referindo-se a João Lopes]”, salientou.

O ex-autarca sustentou que João Lopes sabia que “jamais aceitaria um cêntimo” e que o que realmente lhe importa é a honra e bom nome não tendo, neste momento, mais nada a perder a não ser a família.

“Se fosse aquilo que vocês pensam que sou tinha despachado as três torres [projeto do Riverside] e talvez hoje fosse candidato à Câmara de Gaia, mas sou o réu no Tribunal de Gaia”, ressalvou.

Questionado ainda sobre se pressionou o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, para alterar o traçado da Linha Rubi para favorecer a concretização do Riverside, tal como sustenta a acusação, Patrocínio Azevedo negou e disse que sempre defendeu os interesses públicos. “Não é verdade, é exatamente o contrário”, concluiu.

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